Estive em Bratislava em observação do Europeu de sub-21 e para não pensar que os meus meninos estavam no Algarve, e eu ali durante dez dias, não me restava outra solução que não fosse juntar-me a dois monstros do futebol como os meus ilustres colegas, os srs. Cesare Maldini e Arrigo Sacchi, e falar daquilo que a todos nos encanta ....futebol.

Barça para aqui, Barça para acolá, diferenças de metodologia em Espanha e Itália, tácticas, treinos, europeus, selecções, acabando em Portugal-2004.

Divagando e disfrutando cada um com as experiências e opiniões dos outros, passamos por um ponto comum aos dois senhores - a sua experiência como seleccionadores nacionais, as dificuldades inerentes à limitação de tempo de trabalho e logicamente as frustrações e os erros que agora já não se cometeriam.

Uma questão básica foi a escolha dos jogadores para as competições finais, a outra luta de ideias era se se deveria pensar competição a competição, com planificações focalizadas em períodos de dois anos, ou se pelo contrário se deveria periodicamente «saltar» uma destas competições e planificar uma equipa para quatro anos mais tarde.

Pensar a longo prazo significa pensar que os melhores hoje não serão logicamente os melhores para quatro anos mais tarde. Significa que jogadores no auge da sua vida desportiva com 28-30 anos, estarão com 32-34. Significa por exemplo que em determinado momento se tem que afastar da selecção jogadores cujo rendimento actual se apresenta excelente.

Que pena Dani...

Como vos disse anteriormente, falámos de Portugal e daquilo que 2004 significa para nós. Penso friamente nas duas premissas: as escolhas de Humberto Coelho - pré europeu - e o futuro da nossa selecção - pós europeu. Decido que «me vou molhar», expressão espanhola representativa de opiniões de risco.

De uma forma muito clara, creio que o nosso plantel eleito é formado basicamente pelos melhores, pelos mais aptos, por aqueles cuja trajectória na selecção e/ou nos clubes foi inequívoca.

Estes jogadores têm maturidade futebolística, fruto de experiências vividas ao mais alto nível competitivo e que se traduz na cultura táctica que no futebol de hoje assume um carácter decisivo. O trabalho a realizar por Humberto e colaboradores e aquilo que nos dará sucesso ou insucesso é a capacidade para definir claramente princípios de jogo e principalmente a capacidade para que todos os jogadores pensem o jogo da mesma forma, tenham uma ideia táctica comum e inequívoca.

Aconteça o que acontecer estes são para mim os melhores (é uma pena que Dani tenha estado de férias em Amesterdão e não possa ser convocado pois tem características muito específicas e importantes).»

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