Que seleção em 2016? Os nomes para uma renovação adiada

Portugal apresentou-se no Campeonato do Mundo de 2014 com a segunda média de idades mais alta entre todas as seleções: 28,2 anos. Paulo Bento apostou de forma clara numa noção de continuidade, repetindo as apostas que levaram a equipa das Quinas às meias-finais do Europeu de 2012.

Após o afastamento prematuro da competição, importa olhar para o futuro e perceber que seleção teremos em 2016, ano do próximo Campeonato da Europa.

Com o técnico a garantir a sua continuidade, tal como a Federação Portuguesa de Futebol, será natural considerar que Paulo Bento irá manter a lógica aplicada durante o seu legado.

Porém, a renovação da Seleção Nacional parece inevitável, já que o onze utilizado frente à Alemanha, por exemplo, estava próximo de uma média de 29 anos (28,9). Ou seja, parece difícil que as escolhas se mantenham para o Europeu, com dois anos em cima (média de 30,9).

«Tivemos sete jogadores diferentes nesta convocatória para o Mundial, em relação ao Europeu», lembrou o selecionador, acrescentando: «As coisas terão de ser feitas de forma progressiva. Poderá ter de haver mudanças no futuro, mas nunca fecharei a estes jogadores as portas de um espaço que lhes deu muito espaço a conquistar, independentemente da idade.» 

Paulo Bento, de facto, procedeu a algumas mudanças no núcleo da Seleção. Porém, mexeu sobretudo no banco de suplentes, sendo evidente que os jogadores mais novos acabaram por ter índices baixos de utilização.

Assim sendo, para além da idade em 2016, o  Maisfutebol apresenta o número de internacionalizações das cerca de seis dezenas de jogadores chamados pelo selecionador no seu legado. Desta lista, Nuno Gomes foi o único a já ter pendurado as chuteiras.

Observando os números, é evidente a discrepância de jogos entre os mais experientes e o que pode ser encarado como o futuro de Portugal. A renovação tem vindo a ser adiada, tornando-se nesta altura incontornável e urgente.

Ricardo Costa, Beto, Bruno Alves, Raul Meireles, Pepe, Hélder Postiga e Eduardo terão 33 ou mais anos no Campeonato da Europa de 2016. Para estes, o Mundial poderá ter sido a última fase final em que estiveram envolvidos. Como ponto de comparação, Portugal teve apenas um jogador com essa idade no Brasil (Ricardo Costa). Destaque para a presença, neste grupo, de dois guarda-redes e três centrais.

Segue-se um lote com menor idade, onde se inclui Cristiano Ronaldo - terá 31 anos no Europeu: João Pereira, Hugo Almeida, Ronaldo, Ruben Amorim, Miguel Veloso, Silvestre Varela e Vieirinha. Ou seja, mais de metade do atual grupo terá ultrapassado a barreira dos trinta anos quando for disputada a prova em França.

O núcleo duro poderá girar em torno de nomes como Nani, João Moutinho, Fábio Coentrão e Rui Patrício, todos com um número considerável de internacionalizações e abaixo do estatuto de trintões.

Chegam entretanto as interrogações. Quem mais? Há uma diferença considerável de utilização entre os jogadores acima citados e os elementos mais jovens, aqueles que têm por esta altura menos de 25 anos.

Nélson Oliveira é o único elemento abaixo dessa fasquia com mais de dez jogos pela Seleção Nacional (14). A este nome podem juntar-se André Almeida (7 internacionalizações), William Carvalho (6) e Rafa Silva (3). O último foi a grande surpresa de Paulo Bento para o Mundial mas ficou pelo banco de suplentes. Por agora, habituou-se sobretudo ao ambiente da seleção.

É certo que foram dados os primeiros passos para a renovação, destacando-se um número considerável de convocatórias para Anthony Lopes - tendo em vista a sucessão de Beto e Eduardo -, sem que o guarda-redes do Ol. Lyon, porém, tenha entrado em campo pela seleção principal.

Ivan Cavaleiro foi o atleta mais novo a representar Portugal na era Paulo Bento, com 69 minutos no particular frente aos Camarões, o último antes da divulgação da lista para o Mundial 2014. Outros jovens como André Gomes, Bruma e João Mário podem considerar que partem em vantagem, pois foram chamados pelo atual selecionador, embora sem utilização efetiva. Aliás, o médio do Sporting (que esteve cedido ao V. Setúbal nos últimos meses) nem chegou a uma convocatória, mas esteve na lista de reservas para o Brasil.

A lista contemplava os nomes de Ricardo Quaresma, Rolando, Antunes, Anthony Lopes, Ivan Cavaleiro, André Gomes e João Mário. Ou seja - e tendo em conta a lógica do passado recente - o foco para a mudança serão as seleções mais jovens, numa lógica de evolução na estrutura federativa.

Não excluindo a hipótese de alguma convocatória fora deste âmbito (um jogador sem grande passado nas seleções que se destaque com maior idade no seu clube, em Portugal ou lá por fora, embora Paulo Bento não tenha apostado com regularidade nessas vertentes), a prioridade deverá passar pelo aproveitamento do trabalho desenvolvido nos sub-21 e nos sub-20, com resultados interessantes.

Por isso, para além dos jogadores que já entraram no lote de selecionador desde setembro de 2010, poderá ver no final deste artigo uma lista de elementos nascidos em 1993 e 1994 e com chamadas regulares aos escalões abaixo da Seleção Nacional AA.

Nota final para alguns nomes que entraram em rota de colisão com o selecionador neste período, como o próprio revelou publicamente: Ricardo Carvalho e Bosingwa. Danny também pode ter as portas fechadas nesta altura, enquanto Tiago abdicou da Seleção Nacional em janeiro de 2011.

JOGADORES CONVOCADOS NA ERA PAULO BENTO:

Idades no Euro2016 (número de internacionalizações)