Nélson explica em entrevista ao Maisfutebol por que optou pelo Belenenses, explica por que muitos cabo-verdianos optam pela seleção de Portugal em vez de Cabo Verde e fala da seleção nacional, a qual aliás ainda sonha voltar a representar...

Este regresso a Portugal, aos 31 anos, foi uma opção sua ou força das circunstâncias?
As duas coisas, não é? Rescindi contrato com o Palermo quando faltavam duas semanas para terminar as inscrições. Mas o interesse que o Belenenses mostrou em muito também foi muito forte, foi constante e fez-me pensar bem. Das possibilidade que tinha naquelas duas semanas de fecho do mercado penso que era a melhor desportivamente e estou feliz pela escolha que fiz.

Mas já tinha essa vontade de regressar nesta altura?
Não, não. Sinceramente não tinha planeado voltar tão cedo, o meu objetivo era ficar em Espanha, mas infelizmente a rescisão demorou muito tempo, não foi fácil, e a partir daí, desportivamente e no aspeto familiar, a melhor proposta foi a do Belenenses. Estou aqui com bons olhos, sinto que tenho muito para mostrar no futebol e mostrando tudo isso posso voltar a sair de Portugal.

O que é que o Belenenses lhe pode oferecer?
Antes de mais oferece-me a estabilidade familiar. Jogo no meu país e a minha família encontra-se bem aqui. Para além disso estamos a falar de um bom clube, que vai permitir-me mostrar o meu valor e quem sabe abrir outras portas lá fora. Sinto-me com a mesma ambição de quando comecei a jogar futebol.

Já deu para perceber por que o Lito Vidigal não tem histórico de maus trabalhos?
Sim. Gosto muito da forma como ele trabalha. É muito profissional e tenta mostrar-nos o que se pode ganhar no futebol. Parte de um princípio que é a disciplina. A base de tudo o que faz, para além do bom trabalho no campo, é a disciplina que impõe no grupo de trabalho.

Nelson, Nani, Varela, Rolando, Manuel Fernandes... não sentem que Cabo Verde podia ter uma das melhores seleções do mundo?
Se todos jogassem pela seleção, Cabo Verde podia ter uma boa seleção sim. Mas há muito tempo que Portugal, Cabo Verde, Guiné, Angola, é tudo quase uma nação só. Quando saímos de Cabo Verde muitos novos é normal abordarem-nos para a seleção portuguesa. E nós fazendo a nossa carreira e a nossa vida aqui, não temos razão para não aceitar. Sinto que faço parte deste país e é com orgulho que represento a seleção portuguesa. Em relação a Cabo Verde, são opções que cada um toma pensando no que é melhor para ele.

Sente que a seleção portuguesa podia ter mudado mais depois do Mundial 2014?
Mudado mais?! Não entendo nada disso de renovações. Uma seleção, independentemente do jogador estar há muito ou pouco tempo na seleção, tem de ser feita de jogadores que rendem. Mudar uma seleção não tem de ser uma obrigação. Portugal mudou muitos jogadores com a Albânia e não fez uma exibição como devia. Há que ter muito cuidado com as renovações, porque a seleção de Portugal é uma seleção muito exigente... É preciso ter muita cautela.

O Nelson ainda não fechou essa porta...?
Não fecho a porta à seleção. Considero ser um jogador que ainda pode trazer coisas para a seleção. Por isso trabalho no clube para jogar sempre bem e se algum dia Portugal quiser que eu volte, cá estou. Quero dar o máximo em cada treino no Belenenses e o resto vem por acréscimo.


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