* em Londres

«Então, que tal as novas cores? Espectaculares, não são?». A pergunta de José Mourinho, feita com um sorriso malicioso, dirigia-se aos repórteres de imagem que recolhiam a entrada em cena da equipa técnica no relvado onde o Chelsea terminava, nesta terça-feira, a preparação para a estreia na Liga dos Campeões, com o Schalke, à mesma hora em que o Sporting assinala o regresso à elite na Eslovénia.

Retórica, a questão não pedia opinião rigorosa sobre o amarelo fosforescente dos novos fatos de treino, feitos especialmente para a apresentação na Europa. Era, antes, um sinal exterior de riqueza – leia-se, boa disposição – que tem dominado este início de temporada dos «blues».

É fácil perceber porquê: os resultados têm ajudado, e os da concorrência interna também. Mas há, para além disso, a convicção generalizada, e assumida pelo próprio Mourinho, de que a equipa está bem mais forte do que há um ano. O bom rendimento de reforços como Courtois, Fábregas e Diego Costa reforça a nota de confiança num arranque ainda sem tropeções, apesar de dois ou três sustos provocados por alguma instabilidade defensiva.

Sob o sol de um verão tardio, o último treino em Cobham, antes do embate com os alemães, acentuou essa ideia, tal como as notícias que vêm da Alemanha e que dão conta de um Schalke a contas com o pior arranque de época das últimas décadas, com apenas um ponto em três jornadas, e ainda por cima privado de habituais titulares na defesa como Howedes, Santana e Matip.

«Não é fácil quando, depois de uma série de lesões, ainda perdes o teu capitão», admitiu o técnico Jens Keller, em alusão à baixa confirmada de Howedes. «A defesa é um problema nesta altura, mas ainda temos algumas horas para considerar as opções para a linha defensiva. Não podemos ficar a lamentar a nossa falta de sorte», frisou. Ainda assim, nem toda a esperança do mundo faz com que Keller deixe de atribuir favoritismo ao seu adversário: «Na época passada mostraram-nos por duas vezes que os erros são punidos de imediato. E agora, que estão ainda mais fortes, vejo-os claramente no topo da Europa. Acho que vão ter uma palavra importante nesta competição», admitiu.

Por tudo isso, e também pelo passado recente – duas vitórias do Chelsea por 3-0 na fase de grupos da época passada, numa altura em que os alemães estavam um pouco mais fortes e os ingleses um pouco mais fracos – o jogo desta quarta-feira, em Stamford Bridge, parece uma boa oportunidade de confirmar a nova identidade do Chelsea, varrendo os fantasmas da estreia falhada há um ano, quando a derrota inaugural em casa, com o Basileia, permitiu detetar fragilidades que acabariam por ser expostas na fase mais adiantada, e decisiva, da época. Ao mesmo tempo, este poderá ser também um bom teste para determinar até que ponto a equipa tem alternativas à veia goleadora de Diego Costa, que tem dominado atenções nestes primeiros jogos da temporada.

Este é, por fim, um marco especial para José Mourinho, já que a receção ao Schalke assinala o seu 120º jogo na Liga dos Campeões (com um saldo de 64 vitórias e 26 derrotas). O técnico português não valoriza demasiado a efeméride mas, na conferência de imprensa, não deixou de puxar dos galões ao lembrar o seu percurso de 12 anos na competição: «Mesmo que não ganhasse mais nenhum jogo na Champions a minha história já estaria feita», disse, sem deixar de apontar baterias à vitória número 65. Seria a continuação de um arranque perfeito, antes da visita a Alvalade entrar nos horizontes dos «blues»… e do Sporting.