É um dos clubes históricos da cidade do Funchal. Chama-se Clube de Futebol Carvalheiro, foi fundado em 1937, e apesar da pequena dimensão é uma das coletividades com maior intervenção social na ilha da Madeira, logo atrás dos três maiores clubes madeirenses: Marítimo, Nacional e União.

Pedro Araújo é o jovem e dinâmico presidente do Carvalheiro desde 2012. É o grande responsável pela atual dimensão humana do clube que extravasa claramente a vertente desportiva.

«Entendemos que os clubes têm uma grande responsabilidade social, por isso criámos um Departamento Sócio-Cultural para desenvolver inúmeras atividades neste sentido», começa por explicar o dirigente para a MF Total.

O CF Carvalheiro não tem praticamente instalações desportivas possuindo apenas um pequeno polidesportivo, o que não invalida a organização das mais diversas iniciativas.

«Organizamos eventos solidários e ao mesmo tempo reforçamos a presença do Carvalheiro junto da comunidade. Queremos ter uma perspetiva equilibrada tentando aumentar a atividade desportiva, mas aliando sempre uma forte responsabilidade social à cultura, à recreação e à educação», descreve Pedro Araújo.



Mas o dirigente não se contenta em apenas estar cada vez mais próximo da comunidade e atrair mais pessoas para o clube. Quer também alargar a abrangência geográfica da intervenção social e desportiva do Carvalheiro.

«Não queremos ser um clube de uma só freguesia, por isso estamos atualmente a criar núcleos sociais e recreativos em cada uma das freguesias do Funchal», revela o presidente lembrando que o Carvalheiro é um clube com grande história na capital madeirense: o Funchal.

«Temos 77 anos, por isso temos a legitimidade de querer reforçar a nossa presença no Funchal», sublinha Pedro Araújo acrescentando que o trabalho que tem vindo a ser feito nas freguesias do Monte, do Imaculado Coração de Maria e ainda de Santa Luzia é para se expandido.

Dos arraiais aos eventos solidários

Quanto aos eventos sociais já realizados, são os mais variados possíveis e em várias vertentes.
Assim, desde 2012, em cada aniversário do clube é feito um arraial popular. «É uma forma de chamar as pessoas ao clube ao longo de dois dias, sempre com muita animação musical», analisa Pedro Araújo.

O Carvalheiro também já organizou uma iniciativa de bilhar solidário, em parceria com a Associação de Deficientes da Madeira, com a prática da modalidade por parte de pessoas com necessidades especiais.

Outro evento realizado, aquando do último Dia de Reis, foi uma visita a um lar de idosos por parte de alguns dos atletas mais novos do clube e de alguns conhecidos músicos madeirenses.

Marcante foi também uma iniciativa organizada em Outubro do ano passado: «Quisemos sensibilizar as pessoas para a deteção precoce do cancro da mama e ao mesmo tempo foi feita uma angariação de fundos destinados à Liga Portuguesa Contra o Cancro», conta o presidente do Carvalheiro.



Atualmente em vigor está a iniciativa Estafeta Solidária onde a ideia passa por angariar géneros alimentares para entregar a instituições de solidariedade social. Começou a 17 de Outubro e termina a 20 de Dezembro.

«A Estafeta Solidária, apesar do nome, não é para correr... É uma passagem de testemunhos idênticos àqueles usados no atletismo mas que, neste caso, vão circular entre todos aqueles que se associem a esta campanha criando, assim, uma rede de ajuda alimentar», explica Pedro Araújo.

Desta forma, quem aceitar o testemunho deve entregar os géneros alimentares e de seguida passar o testemunho a quem queira colaborar repetindo-se o ciclo até onde for possível. A iniciativa surgiu no âmbito das celebrações do Dia de Erradicação da Pobreza e termina no Dia Mundial da Solidariedade Humana.

«A campanha está a correr bem. Já fizemos duas entregas. Na primeira, entregámos 130 quilos de géneros alimentares ao Centro Porta Amiga da AMI e, mais recentemente, entregámos à Associação Monte de Amigos mais 75 quilos de géneros alimentares», nota o dirigente.

Já o programa de comemorações de Natal será bastante diversificado com a realização de jogos e muitos convívios, sempre com muita música ao vivo: «Fazemos o evento Cacau e Tradições onde oferecemos cacau aos nossos associados e convidamos vários músicos para cantarem músicas tradicionais de Natal.»

Seis modalidades e quase 200 atletas

Longe vão os tempos do fulgor futebolístico do Carvalheiro quando rivalizava com o competitivo Sporting Clube da Madeira. O clube teve também tradição no ciclismo e ainda no hóquei em patins, onde chegou a competir na III Divisão Nacional. Seguiu-se uma fase de menor fulgor na década 90, altura em que foi suspensa a equipa de futebol sénior; equipa que viria depois a ser retomada na temporada 2003/2004.

Em 2012, com a passagem de Pedro Araújo para a direção do Carvalheiro, o clube do Livramento muda totalmente. «Quando fomos eleitos dissemos desde logo que queríamos apostar mais e melhor na formação, criar novas modalidades e, por fim, desenvolver um trabalho que extravasasse a vertente desportiva», realça.

O Carvalheiro tem atualmente 150 sócios pagantes e cerca de 170 atletas distribuídos por seis modalidades.

Futuro ambicioso, mas realista

Pedro Araújo olha o futuro de forma ambiciosa mas sempre com os pés assentes no chão.
«Queremos, acima de tudo, ser um clube mais próximo da comunidade e queremos também fazer crescer as nossas modalidades, desde o andebol, ao voleibol e ao futebol. Por equacionar está uma possível aposta numa modalidade de mar», revela o dirigente manifestando-se muito confiante no futuro do clube.