Oscar Pistorius, acusado pela polícia sul-africana do homicídio da namorada, Reeva Steenkamp, é só o exemplo mais recente do envolvimento de um desportista de primeiro plano em crimes de sangue. Mesmo deixando de fora comportamentos relativamente frequentes, como tráfico e posse de drogas, ou mortes na estrada, a galeria dos horrores no mundo do desporto tem muito por onde escolher. Assassinatos, passionais ou premeditados, violações e sequestros, integram uma lista negra que toca em quase todas as modalidades.

Pistorius ouve acusação em lágrimas

O caso mais mediático será o de O.J. Simpson, um dos maiores nomes do futebol americano. Em 1994, já reconvertido em comentador de TV e ator, Simpson deixou os EUA suspensos do julgamento pelo homicídio da ex-mulher, Nicole Brown Smith, e de um amigo desta, Ronald Goldman. Ilibado num primeiro julgamento, foi condenado em 1997, numa ação cível, a pagar 33,5 milhões de dólares aos familiares das vítimas. Nunca tendo convencido o público da sua inocência, Simpson foi de novo preso em 2008, acusado de vários crimes, entre os quais assalto à mão armada, e condenado a 33 anos de prisão.

Menos mediático, o caso de Rae Carruth não é menos impressionante: o antigo jogador dos Carolina Panthers cumpre pena de 24 anos por, em 1999, ter ordenado a execução da sua namorada, grávida de oito meses. O bebé sobreviveu, a namorada não. Outro nome da NFL, Darryl Henley, cumpre 41 anos, por tentar contratar a execução do juiz que ia julgá-lo por tráfico de droga. Já a condenação de Eric Naposki chegou com 17 anos de atraso, a antiga estrela dos New England Patriots estava na reforma, em 2011, foi condenado a prisão perpétua pelo homicídio do marido da sua amante, em 1994, a pedido desta. Mais perturbador, o caso de Robert Rozier, que depois de ser dispensado dos St. Louis Cardinals, em 1980, se juntou a um culto de supremacistas negros, que procedia a assassinatos rituais. Rozier admitiu ter participado em sete, sendo condenado a 22 anos de prisão.

Se a lista do futebol americano é longa, a do boxe não lhe fica atrás. Mike Tyson, preso por violação em 1992, e diversos incidentes de menor gravidade depois disso, é o caso mais óbvio, mas nem de longe o mais violento. O argentino Carlos Monzon, que defendeu 14 vezes o título mundial de pesos médios, foi condenado a 11 anos de prisão por assassinar a mulher, em 1988, morrendo numa saída precária. Um destino comum ao do campeão venezuelano Edwin Valero, que em 2010 se enforcou na cela, depois de confessar homicídio conjugal.

O futebol não fica fora da lista, claro: o guarda-redes brasileiro Bruno Fernandes, que jogava no Flamengo, continua a reclamar inocência no sequestro e desaparecimento da namorada, Eliza Samudio, em 2010, pelo qual vai enfrentar julgamento em março. E em Inglaterra, Gavin Grant, jogador do Bradford, cumpre desde 2010 uma pena de 25 anos por homicídio.

A NBA também tem a sua quota-parte de crimes de sangue, fazendo com que processos mediáticos de «bad boys» como Allen Iverson ou Kobe Bryant pareçam quase irrelevantes. Basta referir o caso de Jayson Williams, ex-jogador dos Nets, que cumpriu dois anos pelo homicídio de um chauffeur de limousine, recriação involuntária de uma das cenas mais famosas do filme «Pulp Fiction».

Nada parece seguro. Judo? O japonês Masato Uchishiba, bicampeão olímpico, foi há duas semanas condenado a cinco anos de prisão, por ter violado uma atleta durante um estágio. Bodybuilding? O ex-campeão mundial Bertil Fox cumpre prisão perpétua, por ter assassinado, em 1998, a ex-mulher e a mãe desta, na Ilha de St. Kitts. Sumo? O treinador e ex-campeão Futatsuryu Junichi cumpre desde 2009 uma pena de seis anos por ter exagerado no castigo a um atleta, que acabou por morrer. Patinagem artística? Um nome, uma data: Tonya Harding, 1994. Mais vale desistir: o lado negro do desporto não aceita exceções.