O Nacional da Madeira foi afastado da Liga Europa pelo Dínamo Minsk. Na segunda-feira, a seleção feminina de sub-19 goleou a Bielorrússia por 6-0. Agora é o FC Porto a defrontar o BATE Borisov. Razões suficientes para matar saudades do bielorrusso mais conhecido entre os adeptos portugueses: Vitali Kutuzov.

Revelado pelo BATE Borisov, Kutuzov foi contratado pelo AC Milan em 2001 mas fez apenas um par de jogos pelos Rossoneri. Um ano depois, rumou a Portugal para jogar no Sporting por empréstimo. A passagem pelo futebol português foi relativamente curta e o bielorrusso regressou a Itália, de onde não mais saiu.

Por estes dias, o avançado pode ser visto em ringues de hóquei no gelo. Vitali Kutuzov, de 34 anos, mudou de desporto e abraçou uma nova carreira como guarda-redes no Hockey Club Diavoli Rossoneri de Sesto San Giovanni, nas imediações de Milão.

Estranho? Sem dúvida. Mas importa referir que a explicação pode estar relacionada com o final abrupto de carreira. O antigo jogador do Sporting foi punido por manipulação de resultados quando representava o Bari. No total, a FIFA determinou sanções para 19 elementos ligados ao Bari, com Kutuzov a enfrentar uma suspensão de três anos e meio. «Nem vou recorrer, não vejo esperança para mim», disse na altura.

Em novembro de 2013, o bielorusso percebeu que não voltaria a jogar futebol e abraçou rapidamente um novo desafio. Amante do hóquei em gelo, começou a treinar com os Diavoli Rossoneri e pediu para ser guarda-redes. Quis ver a outra face da moeda.



«Sempre tive uma paixão pelo hóquei no gelo mas antes não tinha tempo. Agora, quero apresentou ao máximo. Sou guarda-redes porque gosto, já gostava quando jogava futebol», explicou Kutuzov, dizendo adeus ao deporto que o popularizou: «O futebol faz parte da minha vida mas chegou a altura de seguir em frente.»

Vitali Kutuzov recorre ao humor para justificar a aposta no hóquei no gelo. «Foi por uma razão simples: o futebol deu cabo dos meus pés e os patins são a única coisa que consigo calçar sem sentir dores.»

«Durante os invernos intensos no meu país, gostava jogar hóquei na rua com os meus amigos. Durante a minha estadia em Milão, costumava ver os jogos dos Vipers e tenho comigo a bola assinada de quando foram campeões de Itália», acrescentou o bielorrusso.

O ex-avançado iniciou a nova caminhada no final de 2013 e sente feliz na baliza do modesto Diavoli Rossoneri. «Quanto ao futebol, só lamento a forma como a carreira acabou, mas tento pensar que há muitas coisas belas no mundo. O hóquei, por exemplo.»

Oito golos de leão ao peito

Vitali Kutuzov teve um desempenho interessante em algumas equipas italianas, sem confirmar as promessas deixadas nos primeiros anos da carreira. Ao serviço do Sporting, na época 2002/03, marcou 8 golos em 31 jogos. Nada mal.

Os leões procuravam uma solução para a frente de ataque, face a alguma incerteza em torno de Mário Jardel, e receberam o avançado bielorrusso por empréstimo.

Na Supertaça de Portugal, Kutuzov jogou na frente de ataque a par de Marius Niculae e contribuiu para a goleada frente ao Leixões (5-1). Seria o único título na passagem por Alvalade, onde partilhou o balneário com nomes como Pedro Barbosa, Paulo Bento, Ricardo Quaresma ou Cristiano Ronaldo.

Envergando a camisola 9, o bielorrusso marcou ainda um golo na Liga Europa, três no campeonato e outros tantos na Taça de Portugal: um hat-trick frente ao Oliveira do Hospital (8-1), em dezembro de 2002. No final da temporada, regressou a Itália, seguindo-.se Avellino, Sampdoria, Pisa, Parma e finalmente Bari. Agora, o desporto é outro.


Sporting - 5 Leixões - 1 de 2002/2003 Supertaça por scpmemoria