Sobre tarjas, very lights, tochas e fogos-postos tem-se falado de mais.

Qualquer ato violento ou que incite ou exalte a violência é condenável, deve ser denunciado e condenado por todos, e punido pelos órgãos competentes. 

E isto é válido para todas as tarjas, very lights, tochas e fogos-postos de um lado e do outro (e de outros mais que aqui não se referem). Hoje e no passado, porque a história acompanha sempre a recriminação.

Luís Filipe Vieira esperou demasiado tempo para condenar e se demarcar do acto, o que poderia ter apagado parte do incêndio que deflagrou nos últimos dias.

Bruno de Carvalho foi célere a criticar os actos do rival, mas ainda não condenou outras tarjas e tochas, que também apareceram no dérbi. E também devia tê-lo feito.

Nenhum dos clubes fica bem nos vários frames desfocados da mesma fotografia. Nenhum também se mostra disponível para rasgá-la e atirá-la para o lixo, onde já deveria estar.

O futebol português merecia que os dois presidentes, horas depois ou no máximo no dia seguinte, tivessem criticado o que aconteceu (num mundo perfeito, em conjunto), afastando-se de tudo o que se passara nos vários dérbis do fim de semana e prometido tentar acabar com situações semelhantes no futuro.

O incêndio seria apagado aí. Ou ficaria circunscrito, pelo menos.

Tudo o resto, do folclore aos facebooks, com o lavar de roupa suja constante de parte a parte - e que terá certamente o apoio cego e militante de grande parte dos adeptos de cada clube, porque é a sua forma de olhar para o jogo -, tornam o ar irrespirável para quem realmente gosta de futebol.

Sobretudo, não é digno da grandeza dos dois clubes, uma frase-feita que faz todo o sentido e assenta perfeitamente.

Se nos é permitido pedir alguma coisa é que o silêncio chegue depressa.

Agora, somos nós que o dizemos: joguem à bola!

Luís Mateus é subdiretor do Maisfutebol e pode segui-lo no Twitter.