O Sporting não teve a atitude certa em Guimarães.

Podia escrever que não entrou com a atitude certa, o que já seria um problema. Mas foi mais do que isso: a incapacidade de entender o que era aquele jogo durou praticamente 90 minutos. Talvez com exceção do regresso do intervalo, mesmo assim foi muito tempo. Tempo de mais.

O jogo em Guimarães colocou à vista problemas que já era conhecidos. Existem na defesa. Desta vez apareceram quando a bola subiu, mas também já os vimos junto à relva. Estão lá. Por vezes podem ser maquilhados, mas não deixaram de existir. Pode ser que melhore com o tempo. Pode ser que seja por aí que caiam as aspirações de Marco Silva. No sábado foi o princípio do fim.

Mas a partida de Guimarães deixou à vista mais duas questões.

Uma tem a ver com o perfil do meio-campo do Sporting. Perante os adversários assim, agressivos e intensos, não será demasiado macio?

João Mário é um jogador de ter a bola e acabou de chegar a estas coisas, não se pode esperar que tenha todas as respostas.

Adrien é o mais experiente dos três, mas também não é, de origem, um jogador de trabalho.

Sobra William Carvalho, o «6». Acontece que o internacional português continua distante do que já fez. E falta-lhe exatamente o ingrediente mais necessário: agressividade.

Para jogos assim, será que Marco Silva precisa de acrescentar nervo no meio-campo? 

A outra questão é de atitude.

Por um lado, concentração máxima, que não houve. Por outro, entusiasmo por cada luta, por cada posse, por cada desarme. O que tabém não se viu.

O primeiro golo do Vitória de Guimarães é uma síntese de tudo isto.



Como é possível não fazer pressão sobre o canto curto? E para quê tanta gente na linha de pequena área quando apenas um jogador adversário lá está? E o poste mais distante, quem o vigia?




O cruzamento sai longo (claro...) e de repente luta-se em igualdade numérica na pequena área, mas com muito mais gente do Vitória de Guimarães na zona da bola

A equipa apresentou-se desorganizada atrás. Desatenta ao permitir o canto curto, sem qualquer pressão. E foi dócil na luta da pequena área.

O Sporting tem jogado bem, está a crescer e isso não se apaga em 90 minutos. O que aconteceu em Guimarães foi um doloroso descer à terra. Uma lição, como sintetizou Marco Silva. Vai ser preciso lutar e correr muito. Para se ganhar alguma coisa, ter vontade é o elemento primeiro. No futebol, nem tudo é bola.

Leia o que Marco Silva disse sobre agressividade