O Gil Vicente vem de um uma proeza histórica, o quinto lugar que trouxe para a nova temporada a inédita estreia nas competições europeias. É a partir desse sucesso que o Gil aborda a época, a viver um momento único mas também a gerir expectativas e a procurar o equilíbrio que permita fazer uma caminhada tranquila, depois de um defeso que trouxe muitas mudanças em Barcelos.
O sucesso deu visibilidade a vários protagonistas, numa espécie de reverso da medalha para o Gil. Desde logo ao treinador Ricardo Soares, que saiu a três dias do arranque da pré-temporada depois de um convite sedutor para treinar o gigante egípcio Al Ahly. Para o substituir, o clube recorreu à experiência de Ivo Vieira.
Deixaram ainda Barcelos o extremo Samuel Lino, contratado pelo Atlético Madrid, e o criativo Pedrinho, que rumou à Turquia. Houve mais baixas, entre elas o extremo direito Leáutey e os laterais Talocha e Zé Carlos, que estava cedido pelo Sp. Braga. Todos eles foram peças fundamentais na caminhada até ao quinto lugar do Gil Vicente. O guarda-redes Ziga Frelih, cedido ao Desp. Chaves, também já não está em Barcelos.
Para já, o Gil mantém referências como o goleador Fran Navarro ou o japonês Fujimoto, cuja continuidade assegurou, bem como os centrais Lucas Cunha e Rúben Fernandes. De resto, recuperou para o futebol português o médio Pedro Tiba e foi a Espanha buscar o potencial sucessor de Samuel Lino, Kevin Villodres. Voltou também a apostar no mercado japonês, com o médio Mizuki Arai.
Além do regresso do guarda-redes Kritciuk, que tinha saído para o Zenit, o clube reforçou-se ainda no mercado nacional. Chegaram o avançado Alipour, que terminou contrato com o Marítimo, além do extremo Boselli (ex-Tondela) e de vários reforços para os flancos. Carraça (FC Porto) e Tomás Araújo (Benfica) juntam-se a Danilo Veiga (ex-Felgueiras) e Lucas Barros (ex-Sp. Covilhã) entre as caras novas em Barcelos.
É muita gente para enquadrar e Ivo Vieira tem de fazê-lo com o comboio em andamento e em várias competições simultâneas. O primeiro dos grandes desafios da temporada começou já a decidir-se já no início de agosto. Para já, o Gil trouxe um empate de Riga e deixou boas impressões na luta pelo acesso à Liga Conferência.
A Europa é um marco e o clube quer tirar o melhor partido possível desse momento histórico. Mas o grande objetivo é necessariamente a Liga, como frisou desde o primeiro dia Ivo Vieira. Embalado por uma época histórica, mas antes de mais à procura de manter o chão, para poder sonhar repeti-la.
Ivo Vieira está de volta aos bancos da Liga, oito meses depois de deixar o Famalicão. O Gil Vicente será o nono clube que o técnico de 46 anos orienta em Portugal, num percurso como treinador principal que começou há pouco mais de uma década, no Nacional.
Natural da Madeira, o antigo defesa orientou também o Marítimo, além de Desp. Aves, Académica, Estoril e Moreirense, onde conseguiu em 2018/19 um notável sexto lugar no campeonato. Seguiu-se a mudança para o V. Guimarães, para uma época em que o clube chegou à fase de grupos na Liga Europa, mas terminou em sétimo na Liga, fora das competições europeias.
Assumiu depois disso aquele que foi até agora o seu único desafio no estrangeiro, ao comando dos sauditas do Al Wehda. Foi uma passagem curta e em março de 2021 estava de volta a Portugal, para treinar o Famalicão. Conduziu o clube até ao nono lugar na Liga e começou a época seguinte, mas saiu em dezembro, com a equipa na antepenúltima posição. Agora, tem pela frente o desafio de suceder a Ricardo Soares, que deixou a fasquia bem alta em Barcelos.
Veja aqui o plantel do Gil Vicente
Entradas: Alipour (Marítimo), Danilo Veiga (Felgueiras), Kritciuk (Zenit), Pedro Tiba (Lech Poznan), Lucas Barros (Sp. Covilhã), Juan Manuel Boselli (Tondela), Kevin Villodres (Málaga), Carraça (FC Porto, empréstimo), Tomás Araújo (Benfica, empréstimo), Mizuki Arai (Tokyo Verdy);
Saídas: Zé Carlos (fim de empréstimo), Talocha (Farense), Pedrinho (Ankaraguçu), Samuel Lino (At. Madrid), Leáutey (Amiens), João Afonso (Marítimo), Ziga Frelih (Desp. Chaves, empréstimo).
Aos 21 anos, Kevin Villodres passou a fronteira para viver a sua primeira experiência longe do futebol espanhol. O extremo chega ao Gil Vicente com um rótulo pesado, apontado como o potencial sucessor de Samuel Lino.
Kevin cresceu em Málaga, mas o seu percurso futebolístico passou pelo Sevilha, antes de voltar para mais perto de casa. Representou ainda vários clubes da cidade, chegando ao Málaga em 2019, na reta final da formação. Na época 2020/21 representou a equipa B, renovou contrato e na temporada passada ganhou lugar na equipa principal, depois de se destacar quando foi chamado a fazer a pré-época. Foi utilizado em 30 jogos na campanha que terminou com o Málaga a garantir a manutenção na II Liga espanhola.
Apontado desde cedo como um dos jogadores mais promissores da cantera do Málaga, Kevin é fã do talento de Neymar e da capacidade de trabalho de Cristiano Ronaldo. À chegada a Barcelos, onde jogará esta época por empréstimo do Málaga, deixou uma promessa: «Trabalho e ganas não me vão faltar.»
Andrew;
Carraça, Lucas Cunha, Rúben Fernandes, Henrique Gomes;
Pedro Tiba, Vítor Carvalho, Fujimoto;
Boselli, Fran Navarro, Villodres