Nesta quarta e última parte da entrevista Boa Morte esclarece uma polémica recente sobre a homenagem em Alvalade, antes do Sporting-Arsenal, em outubro último, que não chegou a acontecer. 

Como vê atualmente o futebol português?

Não vou nem quero comentar. Fico triste com o que vejo e ouço diariamente.

Mas tem acompanhado o campeonato, certo? Qual é a melhor equipa portuguesa neste momento?

O FC Porto é o favorito a ganhar o campeonato. Está mais destacado e tem mais probabilidades de ganhar, mas é subjetivo dizer se é a melhor equipa.

O Luís Boa Morte é adepto do Sporting?

Você quer «levantar a lebre» da homenagem... Quando era miúdo ia ver as modalidades amadoras do Benfica. O meu irmão mais velho era do Benfica e levava-me. Quando fui para o Sporting é claro que passei a simpatizar com o Sporting. Assim que fui para Inglaterra, perdi um pouco a ligação. Estive 18 anos fora de Portugal e a minha equipa passou a ser o Arsenal.

Se lhe perguntarem qual é o seu clube: a resposta é Arsenal?

O meu clube é o Arsenal, ainda hoje.

Levantando então a «lebre». Foi cancelada a sua homenagem em Alvalade na receção ao Arsenal devido às suas mensagens de apoio aos escalões de formação do Benfica. Como entendeu a polémica?

Quando vim para Portugal, o meu filho começou a jogar futebol na escola do Benfica de Almada. Vivíamos ali perto também da escola do Sporting de Corroios, mas ele escolheu jogar na do Benfica. Agora faz parte dos quadros do Benfica. Eu, como cidadão nacional, tenho todo o direito de apoiar os meus, independentemente do clube que eles estejam a representar. Se os adeptos não entendem, já não é problema meu. Não devo nada a ninguém em Portugal.

Essa questão da homenagem, que depois foi cancelada, deixou-o zangado?

Os adeptos ameaçavam vaiar-me se eu fosse ao relvado no jogo Sporting-Arsenal… Não perceberam qual foi a intenção do presidente Frederico Varandas. A homenagem podia ter sido uma coisa bonita, mas não é por aí que eu vou ser mais ou menos feliz. Não aconteceu, passei por cima. Nunca percebi o motivo para cancelarem.

Frederico Varandas ficou numa situação delicada. Percebeu isso?

Fiquei sentido foi pelo meu filho. Os miúdos hoje têm acesso a tudo através das redes sociais. Com esta tentativa de boicote, os colegas confrontaram-no no balneário. Sabe que os miúdos são duros uns com os outros. O meu filho soube disso e perguntou à minha mulher: «O meu pai já não vem do Algarve por minha culpa?» É triste um miúdo com 10 anos ter noção disto.

Houve alguma explicação do Sporting para o cancelamento?

Falei com os dois diretores da Academia – o Luís Vidigal e o Paulo Gomes – e disse-lhes: «Não há qualquer problema, vejo o jogo em minha casa. Vocês na vossa.»

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