Nélson Semedo diz-se feliz no Barcelona e satisfeito por estar a jogar até mais do que aquilo que previa no primeiro ano. Em entrevista ao Maisfutebol, o lateral direito falou dos primeiros meses na Catalunha e dos sonhos com a camisola do Barça. 

O internacional português recordou ainda o episódio com Neymar logo nos primeiros dias de trabalho com o Barcelona e disse perceber a contestação dos adeptos à sua contratação.

 
Chegou ao Barcelona há cinco meses. Que balanço faz destes primeiros tempos?
Um balanço muito positivo. Fui bem recebido, enquadrei-me bem na equipa e isso ajudou. Tem corrido bem, melhor até do que estava à espera, e a equipa também tem estado bem.
 
Foi muito criticado no início, mas não foi o único. O Paulinho, por exemplo, também foi. Sente que está melhor agora? 
Sim, fui muito criticado, mas acaba por ser normal. Percebo e percebi o porquê. O Barcelona é um clube enorme, que luta por todos os títulos e em que obviamente a exigência é muito grande. Eles tinham aqui aquele que é, para mim, o melhor jogador nesta posição, o Dani Alves. Nunca seria fácil substitui-lo e era, e é, normal que os adeptos duvidem da qualidade de um jogador tão novo e vindo do Benfica. Mas, neste momento, acho que já lhes estou a conseguir provar que tenho valor e acho que estão contentes comigo. 
 
Na pré-época, poucos dias depois de chegar, teve aquele conflito com o Neymar num treino. Um jogador muito influente contra outro que tinha acabado de chegar… Isso prejudicou-o?
Não. Foi uma situação normal de treino, mas que tomou outras proporções. Não me afetou porque tive o apoio de toda a equipa e dos meus amigos, mas obviamente que mexeu comigo. Tinha acabado de chegar e um dos jogadores mais influentes da equipa entrou em conflito comigo depois de um lance de treino normal. Incomodou-me no momento, mas também o consegui perceber: ele estava num momento difícil, queria sair. 
 
E como foi a saída dele? Um choque geral?
A mim apanhou-me de surpresa. Não fazia a menor ideia que isso pudesse acontecer, mas se calhar o resto do balneário já estava à espera. Eu não imaginava, de todo, que ele pudesse sair do Barcelona para o PSG. Fui completamente apanhado de surpresa, tal como os adeptos que também terão ficado em choque porque era um jogador importante na equipa e muito acarinhado.
 
Saiu uma «estrela», ficaram tantas outras. A destacar, por exemplo, Iniesta e Messi… Como é trabalhar com eles? 
É excelente, mas super normal obviamente. O balneário do Barcelona é super normal, ainda que se possa pensar que por estar cheio de jogadores incríveis seja diferente. É certo que não são jogadores normais, sobretudo o Messi, que é um fora de série, mas são pessoas normalíssimas e o ambiente de trabalho é igual.  
 
O que recorda do primeiro dia? 
Foi incrível! Chegar ao balneário e trabalhar pela primeira vez com jogadores como os do Barça foi fantástico. Habituado a vê-los jogar, admirá-los e de repente ser companheiro de equipa deles… Nunca imaginei que fosse possível, e tornou-se realidade.
 
E agora, que se tornou realidade, que sonho tem com a camisola o Barcelona?
Levantar a Champions, ganhar tudo o que há para ganhar a nível interno e um dia ser lembrado como um dos melhores laterais da história do clube.
 
Encontrou também outro português no balneário. Ter o André Gomes, facilitou a adaptação? 
Sim, tem ajudado, mas quando cheguei ele ainda estava de férias. Eu também podia ter tido mais dias e chegado quase ao mesmo tempo do que ele, mas decidir vir mais cedo porque me quis adaptar. Fiz bem. Ele chegou duas semanas depois da digressão. Ainda assim, claro que foi um apoio, tê-lo aqui é top: joguei com ele no Benfica, na seleção e agora aqui.
 
No lado direito da defesa tem a concorrência sobretudo de Sergi Roberto. Umas vezes joga um, outras outro. Como se lida com isso? Um dia joga, no outro não é convocado…
Faz parte, é uma gestão do treinador e que está a correr bem. Óbvio que gostava de jogar sempre, mas o Sergi é um jogador com muita qualidade e que também merece. Sabia que ia ser difícil jogar em todos os jogos, mas estou satisfeito com as oportunidades e com o tempo que tenho tido neste meu primeiro ano aqui.
 
Um dos jogos que não jogou foi aquele frente ao Las Palmas com o Camp Nou à porta fechada. Como viveu esse jogo desde o banco? 
Foi muito estranho, confesso. Ouviam-se os colegas a falar, coisa que nunca se ouve tão bem. Foi tudo estranho, até porque como não fazemos estágio antes do jogo e só nos juntamos duas horas antes, nem sabíamos se íamos jogar ou não.