Major League Soccer, Chicago Fire. Nico Gaitán marca o primeiro golo nos EUA aos New England Revolution e, no dia seguinte, acorda para falar em exclusivo ao Maisfutebol. Não há coincidências. 

El Zurdo está aos 31 anos a descobrir um mundo novo. Deixou o Benfica há três temporadas, não foi feliz no universo 'Cholista' do Atlético Madrid e escolheu a China para voltar a sentir-se futebolista. Agora deu a volta ao planeta e voltou às Américas. 

Neste bloco da entrevista exclusiva ao nosso jornal, Nicolas Gaitán explica a opção pela MLS e pelo franchising de Chicago, onde partilha o balneário com o alemão Bastian Shweinsteiger. 

Fala-se de soccer, mas também de basquetebol, futebol americano e basebol, territórios desconhecidos e desinteressantes para o genial esquerdino. 

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O dia da apresentação de Nico Gaitán nos Chicago Fire

Maisfutebol – A entrevista foi marcada para uma data perfeita.
Nico Gaitán –
Está a dizer isso porque marquei ontem o meu primeiro golo nos Chicago Fire? Ah ah ah ah, é verdade. Bem, para ser sincero, foi um dos golos mais fáceis da minha carreira. Não foi um grande golo. Um colega fez-me o passe e só tive de encostar.

MF – Fez golos mais espetaculares ao longo da sua vida.
NG –
Fiz, claro, mas sabe… estes golos em que só temos de encostar, por vezes, acabam por ser ingratos. Se marcas, ok, fazes o que tens de fazer porque qualquer amador o faria. Se falhas, bem, és fraco e não prestas. Mas foi um bom jogo, marcámos cinco golos e jogámos bom futebol.

MF – Falemos da sua experiência no soccer. Chegou em março e já fez nove jogos. É um futebol muito diferente daquele que encontrou na Europa?NG – Totalmente. É um futebol muito físico, corre-se muito. A componente tática é secundária e há poucas equipas a tentar ter posse de bola e um estilo mais paciente. Isso está a exigir um grande esforço de mim, é muito intenso. Estou a adaptar-me bem à liga e aos meus colegas. Não conhecia ninguém no balneário dos Chicago Fire, mas pouco a pouco acredito que posso ser feliz aqui.

MF – Há muita gente nas bancadas? Como é a atmosfera nos estádios?
NG – Bem, na verdade não há muita gente a ver soccer. Há exceções, como em Los Angeles. Fomos lá jogar e adorei o estádio. É novo e muito bonito, estava com um excelente ambiente. O nosso estádio em Chicago é pequeno [20 mil lugares] e não tem estado cá muita gente. Não sinto que o futebol exerça a paixão que exerce em Portugal ou na Argentina sobre as pessoas. Aqui nos EUA percebemos que o futebol não é a modalidade principal.

MF – O Nico vive em Chicago. Já foi ver algum jogo da NBA, de futebol americano ou de basebol?
NG – A única modalidade que me interessa é o futebol. O nosso futebol, eh eh. Não percebo nada de basquetebol e menos ainda de basebol ou futebol americano. Fui ver um jogo dos Chicago Bulls, da NBA, porque os meus colegas falavam do clube e ofereceram-me os bilhetes. O espetáculo é muito bonito, mas a modalidade não me apaixona, nem gosto da NBA.

MF – O Bastian Schweinsteiger é o nome mais mediático no plantel dos Chicago Fire. Que papel desempenha ele na equipa e o que pediram ao Nico Gaitán quando chegou à MLS?
NG – É um prazer jogar com um atleta com o nome do Schweinsteiger, antes de mais. Estamos a falar de um futebolista exemplar, que treina muito bem todos os dias. Se calhar nesta fase da carreira podia estar mais relaxado, mas é sempre exemplar e sei que o resto dos rapazes olha para ele e segue-o. A mim pediram-me para trazer qualidade e experiência ao futebol da nossa equipa. Tenho tentado fazê-lo.

MF – Saiu de Espanha para a China e agora está nos EUA. Não podíamos estar a falar de países mais diferentes.
NG – Os países, as pessoas, enfim, é tudo completamente diferente. Aqui nos EUA estou a aprender a falar inglês. Tenho essa limitação. Vou ser sincero, isso complica muito a adaptação. Espero comunicar em breve sem problemas com toda a gente para melhorar o lado social da minha experiência. A cidade de Chicago é muito bonita, tem espaços incríveis, há muito para fazer e estou a desfrutar da experiência.

MF – O nível da MLS é superior ao da liga chinesa?
NG – Sim, para mim sim. Na China encontrei um nível baixo no campeonato, até porque cada clube só pode jogar com três estrangeiros. Isso limita muito a qualidade. Adaptei-me lá e vou adaptar-me aqui nos EUA. Na MLS qualquer equipa pode ganhar um jogo ou ser campeã, é tudo muito equilibrado. Em Portugal, por exemplo, há quatro clubes claramente mais fortes do que os outros – Benfica, Porto, Sporting e Braga – mas nos EUA ainda não há uma equipa que seja muito superior às outras.

FOTOS: créditos Chicago Fire

VÍDEO: o primeiro golo de Nico Gaitán nos Chicago Fire (2m56s)