¡Ay! ¡Por Dios! Já me tinha livrado do Mourinho – que praga me rogou, hombre! –, já tinha convencido o Ancelotti. Resisti àquela saída em falso na Decima, graças ao Sergio Ramos. ¡Vaya! Sou dos melhores do mundo há tanto tempo, chamaram-me San Iker tantas vezes, tantas que não merecia isto! Que raio se passa comigo? Voei para tantas bolas, evitei tantos golos-feitos. Fui tantas vezes milagreiro, tantas vénias recebi. Hoje, o Piqué não foi Piqué. Sergio disfarçou pior do que antes. O tiki-taka pareceu mais velho do que o WM. Não houve Iniesta que nos valesse. Don Vicente não conseguiu reagir. E, pior que tudo, nem cair em cima do Fernando Torres podemos, aquele falhanço ridículo já não contava para quase nada. Vão todos falar de mim. Ainda vou ter culpa no segundo golo, e ninguém vai lembrar-se da falta de Van Persie no terceiro. Serei réu, com cruz pesada a carregar às costas, depois de não ter segurado aquele passe também. Que figurón! Robben ainda me fez andar de gatas, atrás da bola... Fez-me andar de gatas a mim. Foi manita, foi humilhação, e a minha cara vai estar por todo o lado, tal qual um alvo para dardos aguçados. Vão falar do Diego López, que não veio, vão lamentar a lesão do Valdés. Alguém vai lembrar-se do De Gea, que está no banco. Se calhar até vão preferir o Reina a mim. A mim! Eu, Iker, o mesmo Iker que fez aquela defesa incrível há cinco anos, sobre a linha, com o Perrotti do Sevilha a só ter de empurrar. Pesquisem, vão ao youtube. Fui eu. Eu, Iker Casillas. Raios parta o Mourinho, que praga me rogou. ¡Hombre! Eu, melhor guarda-redes da década. Nomearam-me, lembram-se? Estive 91 jogos sem sofrer golos pela Roja! ¡Basta!
«Não crucifiquem mais o Barbosa» é um espaço de opinião/crónica da autoria de Luís Mateus, subdiretor do Maisfutebol, que aqui escreve todos os dias durante o Campeonato do Mundo. O jornalista é também responsável pelas crónicas de «Era Capaz de Viver na Bombonera», publicadas quinzenalmente na
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