O FC Porto confirmou que estão a ser realizadas buscas, este domingo, no Estádio do Dragão, estando em causa a venda ilegal de bilhetes. Estas diligências estão relacionadas com a «Operação Pretoriano», tendo sido entretanto constituída mais de uma dezena de arguidos entre elementos da claque e funcionários.

«O Futebol Clube do Porto informa que estão a decorrer buscas numa das participadas do Grupo, a Porto Comercial, e na loja do Associado no Estádio do Dragão, e desde já compromete-se a prestar todo e qualquer  apoio às autoridades no desenrolar das suas diligências», lê-se no comunicado do clube publicado ainda de manhã.

«Foram apreendidos vários milhares de ingressos para espetáculo desportivo, elevadas quantias monetárias e já foram, também, constituídos arguidos mais de uma dezena de indivíduos», revelou entretanto fonte policial.

De acordo com o mandado de busca e apreensão a que o Maisfutebol teve acesso, em causa está a «forte suspeita de que Fernando Madureira e Sandra Madureira vêm retirando ilícitos proventos da venda de bilhetes do FC Porto».

«Do que se apurou até ao momento, a operação de distribuição e venda irregulares dos títulos de ingresso iniciava-se com o levantamento dos bilhetes destinados para os Super Dragões por parte do seu líder. Esse levantamento seria operado de duas formas: ou via Porto Estádio (através de Cátia Guedes – coordenadora da Loja do Associado, responsável pela emissão de bilhetes) ou por via direta, através dos órgãos dirigentes do FC Porto e, num segundo, plano por Fernando Saúl – Oficial de Ligação aos Adeptos. [...] O conluio entre Cátia Guedes e Fernando Saúl permitia que Fernando Madureira ficasse com os bilhetes e retivesse o dinheiro recebido com a sua venda, apropriando-se do mesmo», pode ler-se.

Além daqueles lhe eram destinados, existem fortes indícios de que a claque beneficiaria de mais bilhetes relativos a casas do FC Porto sem espaço físico, bem como bilhetes destinados a funcionários e atletas, que não eram reclamados.

De referir que, de acordo com a versão do Ministério Público, sustentada pela vigilância policial, após a detenção de Fernando Madureira no início deste ano, o esquema de venda de bilhetes continuou a ser controlado pela família do líder da claque. Em particular pela mulher Sandra, pela mãe e pela avó desta, bem como pela filha mais velha do casal, Catarina Madureira, que está sob suspeita de ter gerido a distribuição aquando da detenção dos pais. 

Este domingo foram realizadas onze buscas domiciliárias a funcionários do FC Porto, à família Madureira e outros membros da claque, bem como às instalações da Porto Comercial e Loja do Associado, no Dragão, ao contentor dos Super Dragões, localizado nas imediações do estádio, e a um estabelecimento de venda de bolos, na rua de São Roque, perto do recinto, que era utilizado como entreposto para a comercialização de ingressos para os jogos do FC Porto.

Em causa estão indícios dos crimes de distribuição e venda de bilhetes falsos ou irregulares, além de abuso de confiança qualificado. 

As buscas acontecem horas antes de o FC Porto receber o Boavista, no dérbi da 33.ª jornada da Liga, que tem início marcado este domingo, às 20h30, no Estádio do Dragão.

[Artigo atualizado, publicado originalmente às 10h57]