O segundo golo na época de Lucas Ocampos foi a hora da morte do Benfica na Liga dos Campeões (e na Europa).

O menino argentino, 20 anos ainda, encostou de pé esquerdo para a baliza do Bayer. Faltavam 18 minutos para o fim e os alemães já não reagiram.

Jesus, provavelmente ainda desorientado pela derrota na Rússia, dissera duas horas antes que o resultado de Leverkusen não lhe interessava nada. Incompreensível.

«O resultado do Mónaco com o Bayer Leverkusen não me interessa nada».

Infelizmente, para o Benfica, depois da queda em São Petersburgo o resultado do Mónaco interessava. E muito.

Uma derrota dos franceses (ou um empate) seria a única forma de o Benfica entrar na última jornada da Liga dos Campeões com uma via aberta para a Liga Europa. Debalde. O Benfica caiu mesmo e a notícia é má para o ranking de Portugal.

Lucas Ocampos bloqueou a artéria da esperança encarnada. Quem é este argentino?

Antes de mais, vale a pena olhar para os seus números.

À semelhança do próprio Mónaco, Ocampos tem feito uma temporada discreta. Até à noite desta quarta-feira, fizera só um golo (numa derrota em Lyon) e vinha alternando a titularidade com o banco de suplentes.

Em Leverkusen, aliás, voltou a iniciar o jogo de fora. Leonardo Jardim lançou-o aos 70 minutos e Lucas respondeu da forma que se sabe, após um cruzamento brilhante de Nabil Dirar.

Lucas Ocampos começou a jogar nas escolas de formação do Quilmes. E desde cedo evidenciou uma capacidade técnica anormal.

Os olheiros do River Plate perceberam-no e levaram-no para o Monumental, logo após Ocampos brilhar no Campeonato Sul-Americano de Sub15, pela Argentina. Estávamos em 2009.

Sem surpresa, em 2011 chegou à primeira equipa do River, pela mão de Matías Almeyda. Los Millionarios estavam no segundo escalão e Lucas Ocampos aproveitou para entrar pouco a pouco nos principais planos de Almeyda.

   40 jogos e sete golos depois, Ocampos chegou à Europa. O Principado do Mónaco acolheu-o no verão de 2012, quando o AS também estava na segunda divisão.

Com apenas 18 anos, Lucas Ocampos adaptou-se sem dificuldades e é uma das figuras de proa no regresso do Mónaco à Ligue 1: 33 jogos, 5 golos.

Na loucura do estio de 2013, com a entrada em cena do milionário Dmitry Rybolovlev, o plantel do AS Monaco é radicalmente modificado, mas Lucas Ocampos continuou a fazer parte do clube.

Encerrou o ano 39 jogos oficiais e sete golos, antes do arranque da presente campanha. Com Leonardo Jardim continua a ser um elemento de grande utilidade, mas muitas vezes lançado só na parte final dos jogos.

Nada que coloque em causa o seu evidente valor. Lucas Ocampos é, de resto, um dos candidatos a Golden Boy de 2014.

O menino que adorava guisado com asas de frango e que só acordava com a mãe a abaná-lo cresceu e cresceu bem. Comparam-no a Cristiano Ronaldo, ele não diz que não e de vez em quando dá uns ares do português.

Esta noite, pelo menos, é nome maldito para o universo benfiquista. Menos para Jorge Jesus, naturalmente.

Esse, pouco ou nada queria saber de Ocampos e dos outros que jogavam o Bayer Leverkusen-Mónaco.

Golos e assistências de Lucas Ocampos: