Como ele só Messi, disso pode gabar-se Luiz Adriano. Ou melhor, nem Messi. Nunca antes um jogador marcou cinco golos fora de casa num jogo da Liga dos Campeões. Só ele, o grande protagonista da incrível noite que viu o Shakhtar vencer por 7-0 o BATE Borisov, ao ritmo dos seus golos.

Não fez apenas história na Liga dos Campeões. Fez história também no Shakhtar.



Diga-se, de caminho, que este recorde ficou rapidamente desatualizado. Depois desta entrada do Twitter oficial do Shakhtar ele ainda marcou mais dois. Portanto não são 115, são 117 os golos que Luiz Adriano tem pelo clube onde joga há oito anos. 

Esta noite, fez seis remates à baliza e marcou cinco golos, dois deles de penálti. Marcou o póquer mais rápido da história da Champions.

O pódio, de acordo com os dados da UEFA

17 minutos, Luiz Adriano, BATE Borisov-Shakhtar Donetsk (28, 36, 40, 44m)
24 minutos, Dado Pršo, Monaco-D. Corunha (26, 30, 45, 49m)
24 minutos, Mario Gomez Bayern Munique-Basileia (44, 50, 61, 67m)

Adriano tem 27 anos, chegou muito jovem à Ucrânia. Ainda assim, chegou já com um troféu internacional no bolso. Em 2006 ganhou o Mundial de clubes com o Internacional de Porto Alegre. Marcou o golo que colocou os brasileiros na final, ganha ao Barcelona.

Também marcou o primeiro golo na final da Taça UEFA ganha pelo Shakhtar em 2009, frente ao Werder Bremen. É a grande referência da equipa que tem dominado nos últimos anos o futebol ucraniano, com um intenso perfume brasileiro. Já se sente como em casa em Donetsk.

Chegou-se a falar na hipótese de se naturalizar ucraniano, ele que foi internacional sub-20 pelo Brasil, mas Adriano desmentiu essa intenção. De qualquer modo, sente-se bem onde está. No verão, quando se agudizou a crise na Ucrânia e vários jogadores se recusaram a voltar ao país, ele ficou. Disse que a equipa iria treinar numa cidade onde não havia confrontos e que se sentia em segurança.

Agora teve a sua grande noite de glória na Liga dos Campeões. Que contraste com aquela outra, há dois anos, que pôs Luiz Adriano nas bocas do mundo por motivos tão diferentes. Era um jogo entre o Shakhtar e os dinamarqueses do Nordsjaelland, para a penúltima jornada da fase de grupos.

Depois de um jogador dinamarquês ser assistido, quando o Nordsjaelland vencia por 1-0, Willian deu-lhe um pontapé para a devolver ao guarda-redes adversário, mas Adriano aproveitou para pegar na bola, correr e fazer golo. Era o 1-1 na altura, num jogo em que marcou mais dois e que os ucranianos acabaram por vencer por 5-2, garantindo o apuramento para os oitavos de final.

Foi assim:



As imagens correram mundo, a opinião pública, na sua maioria, condenou o avançado pela falta de fair play. Ele começou por dizer que não se arrependia, a UEFA pelo meio instaurou-lhe um processo, o clube também condenou o seu comportamento e ele veio pedir desculpa e dizer que não tinha percebido a situação porque estava de costas. Mesmo não tendo cometido uma infração formal, a UEFA penalizou-o ao abrigo de um princípio genérico sobre as normas de conduta em campo e castigou-o com um jogo de suspensão.

Depois disso continuou a desequilibrar na frente do ataque do Shakhtar. Há três semanas passou discreto pelo confronto com o FC Porto mas marcou, aos 84 minutos, aquele que era na altura o 2-0 para os ucranianos. Foi na altura o 12º golo da sua carreira na Liga dos Campeões. Agora são 17.