Está aí a segunda metade da Liga, meio campeonato para jogar e muito para decidir. O FC Porto leva uma almofada de cinco pontos na frente, antes de um trio de perseguidores separado por três pontos. Daí para baixo, enorme equilíbrio na luta pelo quinto lugar e pelo último bilhete de acesso à Europa, com V. Guimarães, Belenenses e Moreirense em igualdade pontual. E mais gente ainda à espreita, com o Portimonense, por exemplo, a quatro pontos de distância. Além disso, a luta pela manutenção está também totalmente aberta.

Há muitas variáveis sobre a mesa, para mais quando estamos em tempo de mercado e ainda pode haver mudanças de peso até ao final do mês. Perante o cenário atual, o Maisfutebol olha para o que aí vem, através de alguns dos protagonistas que podem ser centrais na segunda metade do Campeonato. 10+1.

Bruno Lage

O novo treinador do Benfica é a grande incógnita, por assumir o comando da equipa a meio da temporada e pela novidade, naquela que é a sua primeira experiência como treinador principal. Bruno Lage tem a tarefa de conduzir a equipa em quatro frentes, as três competições nacionais e a Liga Europa. O arranque foi positivo, três jogos e três vitórias, com bons sinais em campo, ainda que sem grandes revoluções em relação ao consulado de Rui Vitória. É um bom começo e garantiu-lhe desde já a continuidade no banco até final da época. Por razões óbvias, terá muita da atenção sobre si no que resta da temporada.

Marcel Keizer

Em Alvalade também houve «chicotada» e a escolha foi diferente. Um treinador de fora, um técnico holandês com pouco currículo, mas com ideias. Keizer chegou em novembro, para suceder a Peseiro, e mudou muito e depressa. O Sporting tornou-se uma equipa mais confiante, com ideias definidas e toda outra atitude. Marcou muitos golos e ganhou, sete vitórias seguidas e 30 golos. O estado de graça acabou, seguiram-se duas derrotas e uma abordagem ao clássico com o FC Porto bem mais conservadora, mas o que o Sporting de Keizer já mostrou alimenta legítimas expectativas para o que aí vem, com muito para jogar também em quatro competições.

Abel

O discurso é ambicioso, apoiado no crescimento sustentado que o Sp. Braga tem vindo a fazer. Mas a fasquia está lá em cima, a meta do Sp. Braga é o título nacional. A equipa anda por ali, na luta, e continua nas duas Taças, ombro a ombro com os chamados «grandes», ainda que tenha dito adeus à Europa logo em agosto. Para já, na Liga está em linha com o que fez na época passada e em perda no frente a frente com os grandes: venceu o Sporting, mas perdeu no Dragão e sofreu na Luz a derrota mais pesada da temporada.

Sérgio Conceição

Será sempre protagonista. Na frente na corrida à revalidação do título que conseguiu no ano de estreia, Conceição é o líder de um FC Porto motivado, que engatou depois de um arranque de época irregular, somou um recorde de 18 vitórias seguidas em todas as competições, só travado no clássico de Alvalade, é a única equipa portuguesa ainda na Liga dos Campeões e está nas meias-finais das duas Taças. Uma segunda metade da época a exigir muita capacidade de gestão, com foco óbvio no primeiro objetivo, o bicampeonato, mas também nas outras competições internas, quando o dragão não vence uma Taça há oito anos.

João Félix

Um talento para o futuro, a ganhar espaço na Luz e com promessa de afirmação rápida à vista reforçada pela chegada de Bruno Lage, que apostou nele desde início. O miúdo de 19 anos respondeu à altura e retribuiu a aposta com três golos nos últimos três jogos, a juntar a outros tantos que já levava no resto da época. Num Benfica com várias das suas referências abaixo do nível das últimas épocas e sem que os reforços tenham conseguido afirmar-se, à exceção do guarda-redes Vlachodimos, Félix é o melhor símbolo da expectativa dos adeptos para o que aí vem no resto da época.

Pepe

As figuras da primeira volta do campeão vêm de uma época para a outra: Marega, Brahimi, Felipe ou Casillas, reforçadas por um Corona a afirmar-se em definitivo no Dragão, por uma maior aposta na qualidade de Óliver e por uma contratação de sucesso no verão, a de Éder Militão. Agora o dragão acrescentou ao grupo Pepe, de regresso ao futebol português e ao FC Porto ao fim de onze anos, depois de ter ganho tudo o que havia para ganhar no Real Madrid e de uma passagem de época e meia pela Turquia. Aos 35 anos, o internacional português que é até agora o nome mais sonante do mercado de janeiro na Liga pode ser ainda uma mais-valia para o FC Porto, uma referência de experiência no balneário e em campo e mais uma solução garantida para Conceição na gestão da segunda metade da época.

Bas Dost

Por muitas voltas que se dê, é ainda ele. E Bruno Fernandes, claro. Dois dos jogadores que voltaram atrás no pedido de rescisão depois da primavera quente de 2018 e que continuam a ser as grandes referências da equipa, reforçada também com o regresso de Nani. A influência de Bas Dost no poder ofensivo do Sporting tem menos peso percentual esta época, por força dos períodos de ausência por lesão do holandês, mas ainda assim são 10 golos em 11 jogos na Liga, o avançado com melhor percentagem de eficácia no campeonato. Sem uma alternativa à altura, a segunda metade da época de Bas Dost dará provavelmente boa parte da medida daquilo que o Sporting conseguir fazer.

Dyego Souza

O goleador da Liga até agora, numa equipa do Sp. Braga com vários outros destaques individuais. Passou por uma fase mais apagada, mas recuperou o ritmo no último mês, que arrancou com um «hat-trick» ao Feirense, o primeiro da sua carreira. Com 11 golos no campeonato, 16 no total da época, o brasileiro já superou o seu melhor registo e persegue a meta pessoal, dentro dos objetivos coletivos de Sp. Braga, de terminar com o nome na frente da lista dos marcadores.

Silas

O Belenenses dobra o campeonato na luta pelo quinto lugar e por um ainda não assumido objetivo europeu. Está a fazê-lo numa temporada de circunstâncias absolutamente anormais, no meio do divórcio que separou clube e SAD e deixou a equipa profissional a ter de jogar longe do Restelo, sem poder usar o emblema do clube. Ainda assim, o Belenenses avançou para um campeonato mais que tranquilo, assente numa defesa sólida e em valores seguros como Muriel, na baliza, ou o veterano Licá e o angolano Fredy. Mérito óbvio para o jovem treinador, na sua primeira experiência como técnico profissional. E curiosidade acrescida para ver se o Belenenses consegue manter o registo na segunda volta.

Luís Castro

Depois de uma década ligado ao FC Porto, Luís Castro lançou-se a solo e fez sempre bons trabalhos. Há dois anos chegou no decorrer da época ao Rio Ave e foi sétimo, na temporada passada levou o Desp. Chaves a uma inédita sexta posição. Este ano chegou a Guimarães, numa época de muitas mudanças na equipa. O trabalho está à vista, com a qualidade, a tranquilidade e o bom senso que são imagem de Luís Castro, ainda que um clube com a dimensão e a ambição do Vitória peça sempre mais. Falhados os objetivos de lutar até ao fim por uma das Taças, o desafio é chegar ao fim num lugar europeu, e já não é de pouca monta.

Ivo Vieira

Nessa luta, já agora, está também o vizinho Moreirense. Neste olhar por 10 figuras, referência por aí a mais uma, passa a 11: Ivo Vieira, a liderar a equipa que fez talvez a primeira metade de campeonato mais surpreendente, um Moreirense que está na quinta posição e que, por maioria de razão, vale muito a pena seguir para ver até onde consegue ir.