Xavi Hernandez e Francesco Totti, ainda e sempre. 30 de setembro de 2014 marca o dia em que ambos bateram recordes de longevidade na Liga dos Campeões. O médio do Barcelona passou a ter mais jogos do que qualquer outro na história. E o capitão da Roma tornou-se o mais velho de sempre a marcar um golo. Por sinal, dois homens de um clube só. Já eram grandes, agora imprimem a lenda. 
 
Coincidência. Xavi começou no banco e entrou em campo aos 68 minutos esta noite no Parque dos Príncipes. Há 16 anos, passava o minuto 67 quando Van Gaal fazia entrar o então miúdo de 18 anos em Old Trafford. Era 16 de setembro de 1998, um Manchester United-Barcelona da fase de grupos que terminou 3-3, Xavi rendia o brasileiro Giovanni.

Xavi cresceu e com ele um conceito de futebol de que se tornou ideólogo e símbolo. Uma ideia que atingiu o auge no Barcelona de Pep Guardiola e na seleção de Espanha. «O que eu faço é procurar espaços. Todo o dia», definiu-se Xavi, uma vez. 

Passaram 16 anos, este foi o jogo 143 de Xavi na Liga dos Campeões. Passou Raúl, com 142, aumentou a vantagem sobre Ryan Giggs (141) e sobre Iker Casillas (140), o único jogador em atividade que se aproxima destes números.

 

As contas compreendem apenas jogos a partir da fase de grupos. Em absoluto, contando com partidas de qualificação, Giggs está na frente, com 151, mas também aqui Xavi está perto, com 149. Neste critério, Raúl surge na terceira posição, com 144 jogos, e Casillas em quarto, com 143. 
 
Ao longo destes 16 anos Xavi ganhou três Ligas dos Campeões com o Barcelona. E foi campeão do Mundo e duas vezes campeão da Europa com a Espanha. Nunca foi eleito melhor do mundo, mas essa é outra conversa. 

Aos 34 anos, disse adeus à «Roja» sem glória, no Mundial 2014, sem sair do banco na amarga vitória sobre a Austrália que representou o adeus dos campeões do mundo, na fase de grupos.  Por essa altura tinha decidido deixar o Barcelona, consciente de que já não conseguia ter a influência de outros tempos. Com a chegada de Luís Enrique reconsiderou e voltou. Apenas foi titular a primeira vez esta época no fim de semana passado, naquela que foi a vitória mais expressiva da época para o Barça. 

Ainda lá está muito de Xavi, e a sua exibição frente ao Granada alimentou o debate em Espanha: será que o tempo dele acabou mesmo? Será?

Mesmo aos 38 anos há sempre uma primeira vez, não é, City?

Mas esta foi também a noite de Francesco Totti. O Imperador de Roma voltou com a equipa italiana aos golos na Liga dos Campeões. Não marcava há quase quatro anos. Nunca tinha marcado em Inglaterra, aliás.

O que foi pretexto para uma pequena troca de provocações entre os dois clubes, via Twitter. Os ingleses aproveitaram para lembrar que Totti nunca antes tinha marcado em solo inglês. Os italianos responderam: há sempre uma primeira vez.


E assim foi. O City estava na frente, graças a um penálti convertido por Aguero logo aos quatro minutos. Aos 23 minutos, Totti recebeu um passe de Nainggolan e, com um remate de subtileza e classe, fez o 1-1.

Totti saiu aos 72m para dar lugar a Iturbe e receber a ovação da noite. Aos 38 anos e três dias (fez anos no sábado passado), entrou para a história da Liga dos Campeões.

Totti passou Ryan Giggs, que detinha o recorde com o golo marcado ao Benfica em setembro de 2011, então com 37 anos e 290 dias. O terceiro da lista é Filippo Inzaghi, com 37 anos e 87 dias. Aliás, entre os seis primeiros deste recorde estão quatro ícones do futebol italiano, aquele que melhor preserva a longevidade. Os outros são Javier Zanetti (37 anos e 72 dias), Laurent Blanc (36 anos e 339 dias) e Paolo Maldini (36 anos e 334 dias).

Mas, em rigor, há outro nome que devemos incluir nesta conversa. Há quase 40 anos, um tal de Ferenc Puskas fez golos na então Taça dos Campeões Europeus quando tinha 39 anos menos dois meses. Não um, mas cinco, frente ao Feyenoord, em setembro de 1966: um na primeira mão, os outros quatro na segunda. A questão é que esse confronto entre Real Madrid e Feyenoord aconteceu naquela que se chamava então a eliminatória preliminar, antes da primeira ronda.