A lesão de Fred por três meses (sofreu estiramento na coxa direita no encontro com o Santos) reabriu a questão do ponta-de-lança na seleção do Brasil.

Nos 13 jogos da segunda era Scolari, Fred foi o «camisa 9» em 11 deles, e com excelente aproveitamento. Na Confederações, foi uma das chaves do sucesso brasileiro e terá calado muitas vozes que achavam que o avançado do Flu não estava à altura para ser titular da seleção do Brasil.

A verdade é que, numa fase decisiva da preparação para o Mundial-2014, Scolari não terá Fred. Problema sério na preparação para o Campeonato do Mundo ou oportunidade para Felipão testar novas soluções ofensivas?

Rui Malheiro, especialista em futebol internacional e analista da «WyScout», comenta: «Podemos analisar esta situação com base no que aconteceu na sua passagem por Portugal no pré Europeu 2004. Cinco dos seis particulares realizados entre agosto e dezembro foram disputados contra seleções mais acessíveis, o que permitiu alargar o lote de selecionáveis ¿ Cristiano Ronaldo faz os dois primeiros jogos nesse período ¿ e efetuar alguns testes ¿ aferiu, por exemplo, um meio-campo com Deco e Rui Costa, em simultâneo, diante da Grécia e do Kuwait. O planeamento para o Mundial 2014 está a seguir a mesma lógica. Depois de ter defrontado a Suíça, vai realizar particulares diante de Austrália e Portugal (o jogo de maior grau de dificuldade), estando previstos, para já, deslocações à China, para defrontar uma seleção africana, à Coreia do Sul e, possivelmente, à África do Sul. Por isso, não me parece que a lesão de Fred seja um problema tão grave neste período, até porque o avançado do Fluminense faz parte de um núcleo duro de 17-18 jogadores que tem a presença garantida na Copa. Jô, que agarrou na Taça das Confederações a sua vaga, vai ter a oportunidade de ser titular, enquanto a luta pelo lugar em aberto no ataque para a convocatória final terá três capítulos cruciais: os particulares de setembro, os de outubro e os de novembro.»

Quando Felipão soube que não iria poder contar com Fred para os encontros com Austrália (7 de setembro, Brasília) e Portugal (10 de setembro, Boston, EUA), convocou imediatamente Alexandre Pato.

O atacante, que nesse dia fez 24 anos, soube que ia regressar ao escrete, depois de ter perdido o comboio da seleção. Para Rui Malheiro, Pato ainda está a tempo de sonhar com o Mundial: «O regresso de Alexandre Pato ao futebol brasileiro passou por ser opção para o Mundial 2014 e creio que não terá deixado de consultar Scolari antes de tomar a decisão. Com pouco espaço no AC Milan, fruto de inúmeras lesões, havia interesse de clubes europeus no seu concurso, mas optou pela proposta do Corinthians. Em abril, Felipão concedeu-lhe a oportunidade de jogar as segundas partes dos particulares diante de Bolívia e Chile, em que só utilizou jogadores a atuar no Brasil, substituindo Leandro Damião. Não creio que tenha correspondido às expectativas, mas estava apenas a iniciar um processo de recuperação depois de dois anos com poucos minutos nas pernas e muitos problemas físicos. O rendimento tem vindo a crescer com os jogos e as rotinas com os colegas de equipa. O grande momento, do meu ponto de vista, foi o bis, na última jornada, diante do Flamengo (4-0). Para além de um golo na sequência de um movimento de antecipação ao segundo poste, assinou um golo à Pato: desmarcou-se, acelerou, superou o guarda-redes no um para um e finalizou de ângulo difícil. Esta segunda oportunidade que Scolari lhe dá surge numa excelente altura, mas não lhe garante um lugar nos 23».