Isto é como acaba e não como começa, dirão os adeptos benfiquistas, citando Jorge Jesus e lembrando os três títulos conquistados na época passada, que no seu arranque também teve uma derrota com o Sporting na Taça de Honra da AF Lisboa.

A prova tem importância secundária, claro, mas serve para perceber que o Sporting já está muito melhor preparado para o início do campeonato. Ao Benfica ainda faltam alguns elementos importantes, entre lesões e as férias dos «mundialistas», mas disto também se pode queixar Marco Silva.

E neste contexto vemos um Sporting mais arrumado, e que por isso mereceu uma vitória sobre o rival, que até podia ter sido superior. A diferença esteve no menor número de alterações no plantel, acima de tudo, mas também pela qualidade dos jogadores à disposição. Jorge Jesus vai testando alguns jogadores que, pelo menos para já, não estão ao nível do dérbi. Este era a «feijões», mas terá começado a desfazer algumas ilusões do primeiro jogo.

A dinâmica da rotina

Um dérbi aquece sempre a alma, mesmo que só conte para irritar os amigos durante uns dias, entre uma imperial e um prato de caracóis, ou coisa parecida. Não deve ser levado demasiado a sério, mas também não é um mero jogo de pré-época. Nem para quem está na bancada (dez mil!), que sofre quase como se fosse a sério e festeja o golo como sempre, nem tão pouco para os intervenientes diretos. Os treinadores gastam mais o piso da zona técnica, os suplentes saltam do banco para protestar as faltas mais «durinhas» e dentro das quatro linhas a intensidade também é maior.

Esta intensidade superior fez-se notar logo nos minutos iniciais, de resto, que revelaram um Sporting mais dinâmico e pressionante. Com apenas uma cara nova no «onze», uma vez mais (o espanhol Uri Rosell), a equipa leonina entrou mais perigosa, com os extremos Carrillo e Capel a criarem muitas dificuldades a Benito e Luis Felipe.

Foi na sequência de uma arrancada do espanhol pela esquerda que Montero rematou à meia-volta, da marca de penálti, falhando o alvo por pouco (13m). Isto já depois de André Martins ter obrigado Artur a defesa apertada, com um remate do limite da área (7m).

O Benfica procurou reagir, guiado por Gaitán e também por Ola John, mas parecia mais descoordenado, com Cardozo novamente a desiludir. Logo na fase inicial do encontro o paraguaio tentou um remate de meio-campo que nem deu para assustar Marcelo Boeck.

Bem mais perigoso foi um remate de longe de Luis Felipe (34m), com o pé esquerdo, que fez a bola passar perto do poste da baliza leonina. O lateral direito brasileiro criou a melhor ocasião encarnada da primeira parte, mas a verdade é que voltou a exibir-se a um nível muito fraco para as exigências do Benfica. É certo que só agora chegou ao futebol europeu e que estava sem competir há muito tempo, mas as perspetivas não são muito entusiasmantes.

Uma vantagem justificada a todo o momento

Mas no flanco oposto Benito não teve uma noite mais fácil, perante as diabruras de Carrillo. Ao minuto 41 o peruano deixou um aviso com um remate ao poste, para logo a seguir fazer a assistência para o golo de André Martins (43m), num lance que começa com um mau passe atrasado de João Teixeira.

Na segunda parte registaram-se muitas mudanças de parte a parte, como seria de esperar, mas a formação orientada por Marco Silva deu sempre a ideia de estar mais sólido, mais forte. E por isso o empate encarnado andou sempre mais distante do jogo do que o segundo golo leonino, que podia ter surgido logo ao minuto 50, não fosse a bela defesa de Artur a remate de Adrien, ou ao minuto 61, quando Montero apareceu solto na frente mas entregou o chapéu nas mãos do guarda-redes brasileiro. E ainda uma arrancada de Carrillo concluída com um remate que não saiu muito ao lado (63m).

Só nos instantes finais é que a equipa de Jorge Jesus se aproximou mais da baliza de Marcelo Boeck, e muito também por consentimento do Sporting, mas sem que a baliza leonina fosse verdadeiramente colocada em perigo. E Slavchev, já em período de descontos, até podia ter arrumado a discussão antes do apito final.