Quem não se lembra de Paulinho Cascavel, temível avançado que arrasou as defesas portuguesas no final da década de 80? Veio para o nosso país representar o V. Guimarães e foi aí que mostrou a sua classe, mudando-se depois para o Sporting, onde também brilhou. No momento em que o seu Vitória desce de divisão, partilhou mágoas com o Maisfutebol.
«Fica uma dor muito grande no coração. É como se perdesse um familiar. Sinto uma tristeza muito grande, como senti no final do jogo, porque também estive no estádio. Estava a torcer para que fosse possível dar a volta a situação, mas no final ficamos como que sem palavras devido à situação. É um dia muito triste para nós», frisou o ex-goleador, que levou os vimaranenses ao terceiro lugar em 86/87, com uma brilhante carreira na Taça UEFA.
Paulinho está em Portugal a acompanhar o seu filho, Guilherme, que termina contrato com o Guimarães e procura uma solução para a carreira. Aos 19 anos, o novo Cascavel, que também é ponta-de-lança, ainda precisa de alguma experiência para afirmar as suas qualidades.
Mas, voltando ao drama vitoriano, não existem, de facto, grandes explicações para tudo isto. «Ainda nem consigo imaginar o que é ter o Vitória na segunda divisão. As pessoas não estão acostumadas à descida e obviamente ficaram muito tristes e revoltadas, não calando os seus sentimentos. É uma altura triste, para esquecer, e agora vamos esperar que o clube saiba levantar-se e reagir à adversidade para regressar à Liga o mais rapidamente possível», frisou.
A mágoa do «quarto grande»
Associado aos melhores momentos do clube, Paulinho recorda os grandes momentos vividos com a camisola do Vitória, desejando que seja possível, num futuro próximo, recuperar o espírito daquele considera ser o quarto grande.
«Há 20 anos atrás houve uma virada no Vitória, em que a equipa passou do estatuto médio para ser o quarto grande. Na minha opinião ainda é, pela estrutura e massa associativa. O Vitória hoje em dia é uma grande instituição e teria de estar sempre a disputar os lugares de acesso às competições europeias. Nessa altura conseguimos montar esse espírito e era difícil imaginar que o clube caísse na segunda divisão vinte anos depois», conta, nunca se esquecendo da grande campanha na Taça UEFA em 86/87.
Nessa época dourada o Guimarães eliminou o Sparta Praga, Atlético Madrid e Groningen, só caindo nos quartos-de-final aos pés do Borussia Moenchengladbach. No final da temporada o terceiro lugar no campeonato e o título de melhor marcador, com 22 golos (à frente do bibota de ouro Fernando Gomes). «Grandes momentos» que só pertencem aos livros.