A vitória do Atlético no dérbi de Madrid foi o momento mais marcante de um fim-de-semana de futebol internacional ensanduichado entre a semana de seleções e o arranque da Liga dos Campeões. Recuperado do problema físico que o afastou do jogo com a Albânia, Cristiano Ronaldo voltou aos relvados, e aos golos. Mas isso não foi suficiente para fazer o Real Madrid reentrar nos eixos: mais do que a segunda derrota seguida em três jornadas e o facto de a liderança do Barcelona estar já a seis pontos, são os ecos provocados pelas saídas de Di María e Xabi Alonso e a bem audível contestação de parte dos adeptos a Casillas que lançam mais sombras sobre o futuro imediato do campeão europeu. Impressiona pensar que a equipa de Ancelotti venceu apenas dois dos seus seis jogos oficiais, esbarrando por três vezes em três semanas na muralha montada por Diego Simeone.



E começam a faltar palavras para classificar o trabalho do técnico argentino: na ressaca da melhor temporada da história do At. Madrid, mesmo depois de ter perdido a espinha dorsal (Courtois, Filipe Luís, Diego, Villa, Diego Costa), Simeone manteve intacto o ADN «colchonero». Não só não perdeu nenhum dos últimos cinco clássicos para a Liga, com Real Madrid e Barcelona, como conseguiu mais uma proeza inédita na história do clube, que nunca tinha vencido no Bernabéu, para a Liga, em anos sucessivos. E, desta vez, com contributo decisivo do português Tiago, que além de uma exibição de grande qualidade ainda marcou o primeiro golo visitante, antes de Griezmann e Arda Turan, suplentes de luxo, resolverem a partida.



Quem está a aproveitar a fundo as hesitações merengues é um Barcelona de sangue novo, que sentenciou na segunda parte a sólida oposição do At. Bilbao, adversário do FC Porto na Liga dos Campeões. E com aviso à navegação, antes do arranque da Champions: Neymar saiu do banco para marcar dois golos, que foram produzidos na fábrica de artigos de ilusionismo de Lionel Messi. Última nota sobre a Liga espanhola: apesar de todas as reticências colocadas à sua contratação, Nuno Espírito Santo está a capitalizar com o bom arranque do Valência. Com dois portugueses – Rúben Vezo e André Gomes – no onze, a equipa «che» voltou a vencer de forma tranquila e está só a dois pontos do topo. Ninguém pode garantir que seja para durar, mas já dá algum fôlego importante para os dias maus.



Se a semana foi boa para o Barcelona, foi melhor ainda para o Chelsea: a equipa de Mourinho isolou-se na liderança da Premier League, batendo precisamente o Swansea, a outra equipa que somava por vitórias os seus jogos. Tudo serviu para reforçar o moral dos «blues»: o facto de ter dado a volta ao marcador, depois de uma meia hora inicial muito difícil e ainda a certeza de que Diego Costa está num «daqueles» momentos em que só lhe falta fazer golos de espirro. Mais três, perante os seus adeptos, elevando o total para sete em quatro jogos. O seu antecessor, Fernando Torres, tinha marcado quatro nas 39 primeiras presenças…



Além dos méritos próprios, o fim de semana risonho do Chelsea foi acentuado pelos resultados dos concorrentes diretos: Arsenal e City anularam-se mutuamente, o Tottenham ficou-se pelo empate e o Liverpool tropeçou em casa, perante o Aston Villa. Quanto ao Manchester United, começou finalmente a temporada. Com muito atraso, porém: a primeira vitória na era Van Gaal, com direito a goleada, só chegou à quarta jornada, e já com os reforços Rojo, Blind e Di María a carburarem em pleno e Falcao a ter direito aos primeiros minutos. Por isso, para já, em Inglaterra o topo vai estando pintado de um azul bastante intenso.

Já em Itália, este foi o domingo da loucura: os 7-0 do Inter ao Sassuolo (um ano depois de idêntico desfecho entre as duas equipas!) e a vitória por 5-4 do Milan em Parma, com direito a frango épico de Diego Lopez, fazem pensar que os deuses do calcio devem andar loucos. Ou talvez não tanto, porque afinal, ao fim de duas jornadas, já são os «senhores» do costume a ocuparem os quatro primeiros lugares: Juventus, Roma, Milan e Inter.



Também na Alemanha as hierarquias estão a ser respeitadas, com o Bayer Leverkusen, adversário do Benfica na Liga dos Campeões, a ceder os primeiros pontos e a ser alcançado por um Bayern Munique onde Xabi Alonso parece ter pegado de estaca, para acentuar os males dos adeptos do Real Madrid.

Para fechar, um olhar rápido sobre a diáspora lusa: além de Tiago e Cristiano Ronaldo, também outro internacional português (de sub-21, é certo) deu nas vistas, ao marcar um dos golos que permitiram ao Lille subir ao primeiro lugar da tabela, por força da derrota do líder Bordéus – onde também jogou outro português, Tiago Ilori. Mas o troféu para o golo mais espectacular de portugueses a atuar no estrageiro foi, sem dúvida, conseguido por Amido Baldé, autor desta preciosidade a 45 metros, com a camisola do Beveren, na discreta Liga belga.



Ainda em França, o Mónaco, de Leonardo Jardim, vai no sentido contrário: sem James e sem Falcao, terceira derrota em cinco jornadas, com Moutinho e Ricardo Carvalho a titulares. O pior dos estímulos, antes da entrada em cena na Liga dos Campeões de um cada vez mais ex-candidato a grande da Europa. Nota de realce, por fim, para a vitória sofrida que manteve o registo perfeito de André Villas-Boas à frente do Zenit: sete vitórias consecutivas e seis pontos de avanço no comando da Liga russa. Talvez não vá ser fácil, mas para já parece.