Depois da vitória esclarecedora em Camp Nou, na primeira mão (1-3), o Real Madrid procurava garantir em casa a conquista da Supertaça espanhola.

Os merengues tinham uma vantagem confortável, mas nem por isso se encostaram à sombra da bananeira. Nem pouco mais ou menos.

Os sombreros ficaram em casa, quanto mais não seja porque o jogo se disputou às 23h00 da capital espanhola. Horário atípico.

Por esta altura, os responsáveis do Barcelona estarão a pensar se não tinha sido boa ideia servir uns cafezinhos horas antes. Assim para arrebitar.

É que a entrada dos catalães no campo do rival foi tudo menos intensa. Desapontante até. O Real Madrid, mesmo com várias mexidas em relação ao onze-tipo, manteve a dinâmica de sempre e encostou o eterno rival às cordas. Chegar à baliza de Ter Stegen tornou-se um desafio demasiado fácil.

A partida começou com um 0-0 de facto, mas até pareceram ser os madrilenos quem começavam em desvantagem no confronto, tal foi a superioridade demonstrada.

Asensio levantou uns e nem deixou sentar outros

Ainda alguns se sentavam nas bancadas e Asensio resolveu voltar a brilhar. Que golaço do menino! Daqueles que ficarão nos anais da história da competição, nos best of do Youtube, na memória dos dirigentes quando chegar a altura de acrescer mais uns milhões na conta bancária do jogador.

Aos 4 minutos, o jovem de 21 anos repetiu a proeza da primeira mão e marcou um golaço de fora da área, em que Ter Stegen foi um mero espetador. Se é para sofrer golos destes, ao menos que se absorva bem o momento.

O 4-1 no acumulado das duas mãos já não dava margem para dúvidas. Estava no papo para o Real Madrid e ambas as equipas sabiam disso, pelo que o jogo ficou um pouco mais partido.

O Barcelona conseguiu assustar por duas ou três vezes, mas esbarrou quase sempre na defensiva merengue. Do outro lado, os da casa criaram sempre mais perigo e chegaram com naturalidade ao segundo.

Já depois de Lucas Vázquez ter levado a bola a embater com estrondo no poste, Benzema fez-se valer da qualidade técnica para se livrar de Umtiti e fuzilou um Ter Stegen impotente, quando estavam decorridos 39 minutos.

O intervalo foi um respirar de alívio para o Barcelona, equipa que andou sempre perdida durante os primeiros 45 minutos.

FILME DO JOGO

O reacender da chama

O segundo tempo trouxe um jogo mais moderado. O Real Madrid entrou menos pressionante e permitiu ao Barcelona crescer.

Dos balneários vieram duas equipas dispostas a dar espetáculo e isso notou-se durante toda a segunda parte, com as oportunidades a dividirem-se. Jogou-se mais com o orgulho do que com outra coisa, até porque o título estava entregue.

Os merengues não se deixaram intimidar, ainda assim, mas o adversário entrou, de facto, melhor e Messi causou mesmo alguns calafrios quando, aos 53’, rematou à trave.

Nélson Semedo, que tinha começado como suplente, juntou-se a André Gomes no leque de portugueses em campo e fez notar a sua presença nos instantes iniciais, ao contrário do que o compatriota fez, nos cerca de 70 minutos realizados.

Sentindo o Barça mais forte, Zidane optou por dar mais frescura ao setor defensivo e gerir a vantagem até ao final.

Da bancada vieram uns «olé», provocatórios, mas o Barcelona continuou a ser melhor. Não fosse a boa exibição de Navas e os blaugrana poderiam ter feito um par de golos, pelo menos.

A bola não entrou, mas nem por isso deixou de ser um jogo interessante até ao final.

Triunfo indiscutível do Real Madrid, que sucede precisamente ao Barcelona como detentor da Supertaça. Tanto em Camp Nou, como agora no Santiago Bernabéu, os merengues demonstraram mais qualidade do que o rival.

É certo que o Barcelona conseguiu dar mostras de ser uma equipa igualmente perigosa, quando afinada e, sobretudo, concentrada. Ainda assim, deste confronto saltou à vista um claro favoritismo dos madrilenos no que respeita à nova época. A saída de Neymar deixou uma lacuna difícil de preencher e isso pode custar caro ao Barça.

Dá medo pensar no que virá aí, mas o futebol não é uma ciência exata.

Depois da conquista da Supertaça europeia, a espanhola também já mora em Madrid e parece haver espaço para mais uns quantos «canecos».

Ronaldo lembrado ao minuto 7’

Nesta crónica fazia sentido colocar uma nota de destaque na partida. Aos 7 minutos de jogo, o nome de Cristiano Ronaldo foi entoado nas bancadas do Santiago Bernabéu. Uma homenagem ao internacional português, grande figura da equipa, no dia em que a federação espanhola decidiu manter o castigo de cinco jogos ao avançado, após recusar o recurso do Real Madrid.

O camisola «7», castigado mas a assistir ao jogo na tribuna, foi ovacionado pelos adeptos merengues, os mesmos que o assobiaram, outrora. Fosse reconhecimento ou simplesmente protesto, o momento marcou o jogo.