Em 2011/12 o Newcastle terminou em quinto lugar na Premier League. Tudo parecia bem. Foi o que pensaram os dirigentes do clube inglês. O treinador ficou, o plantel não sofreu alterações. Na época seguinte lutavam para não descer e no clube todos faziam a mesma pergunta: porquê?

Rasmus Ankersen (ver perfil no Twitter) esteve no Estoril e explicou porquê: o futebol é um jogo que deixa mais coisas ao acaso do que a maior parte dos desportos. Um golo pode decidir e o golo é coisa rara.

Aos responsáveis do Newcastle faltou atenção aos detalhes. Apesar do quinto lugar, a equipa terminara a temporada com uma diferença de golos de apenas cinco. Algo muito invulgar e que indicava uma taxa de aproveitamento muito alta. De acordo com os dados recolhidos ao longo do tempo, os melhores goleadores transformam em golo um em cada cinco remates. Nessa temporada, Demba Ba e Papiss Sissé apresentavam taxas de conversão superiores a 30 por cento. O Newcastle aproveitava muito do que construía e isso não é comum.

Escritor e presidente do FC Midtjylland, Rasmusn Ankersen, camisa de fora e rabo de cavalo, falou bastante sobre big data. Como explicou em conversa com o Maisfutebol, «os números permitem uma observação objetiva». Sim, porque «é preciso saber ler nas entrelinhas, olhar para o que está atrás».

Os clubes, disse ele a uma plateia onde estavam dirigrantes, ex-jogadores e estudantes, vivem entre o imediato e o médio prazo. Mas é preciso olhar um pouco mais longe. «O sucesso de hoje resulta das decisões tomadas há três ou quatro anos», sustentou. Por falar em sucesso, e porque Rasmus também ganha a vida com estas frases, mais uma: «O sucesso transforma a sorte em genialidade». Ou seja, se estamos a ganhar hoje, talvez mesmo assim valha a pena pensar diferente. Porque, como também afirmou, muitas vezes as maiores empresas são derrotadas pelas pequenas companhias. As que não despertam atenção e têm disponibilidade para inovar e arriscar. «É preciso olhar para os dados certos», explicou ao Maisfutebol. Sim, porque haverá sempre jogadores com Makelele. «Os números dele nunca foram impressionantes, mas bastava vê-lo jogar para perceber a influência que tinha», explicou.

Uma vez que estava a falar em Portugal, Rasmus prestou atenção aos números do campeonato português e construiu uma tabela classificativa baseada na performance dos clubes, esta época. Nessa classificação imaginária, o FC Porto seria líder. O Benfica segundo e o Sporting terceiro. O Estoril subiria ao sexto lugar e o Boavista seria penúltimo. Deixo as interpretações a cargo do leitor.

Rasmus partilhou ainda algumas ideias sobre talento e trabalho. Aliás, foi por aí que começou.
 
Kjaer, contou Rasmus, foi o primeiro da Academia do Midtjylland, em 2004. Não espera especialmente talentoso e ninguém no clube apostava grande coisa naquele miúdo. Mas com muito trabalho acabou por fazer uma carreira em clubes europeus e na seleção dinamarquesa. Nesta altura joga no Lille. Este exemplo serviu para o escritor passar duas ideias: é preciso saber olhar para o talendo discreto e nem sempre os melhores aparecem nos ambientes mais ónvios.

Na mesma linha, deixou esta entrevista, que fez na Jamaica com Stephen Francis, um treinador que está longe de ser consensual, mas cujos resultados são evidentes. 

 


A conferência de Rasmus deixou várias ideias. Se ficou interessado, pode procurar mais informação no youtube
 ou ler sobre um dos livros que escreveu
. Se quiser, pense nisto.