E é nome de craque, disso não tenha o leitor qualquer dúvida. Completou no domingo em Alvalade 1000 minutos pela equipa principal do Benfica, pela qual alinhou em 22 jogos, 6 dos quais completos.

O miúdo, que despontou no Seixal, só este ano se estreou entre os craques da equipa A. Começou aos poucos, com Rui Vitória, e logo ao terceiro jogo marcou ao Sporting, na primeira volta da Liga na Luz. Depois pareceu desparecer, mas eis que sob o comando técnico de Bruno Lage surge em grande.

Portugal, os amantes do futebol e a competição nacional precisam de craques assim. Na época de estreia na equipa A do Benfica, João Félix chegou, precisamente no último domingo, frente ao Sporting, aos 1000 minutos com a equipa principal. Durante este período apontou 8 golos e fez 3 assistências.

Parece, de resto, ser genético. João tem um irmão, Hugo Félix, de 14 anos, a jogar nos iniciados do Benfica ,e arte parece igualmente não lhe faltar, principalmente para marcar golos: em 12 jogos fez dez.

Não, não se trata de apelar a qualquer prepotente sentimento lusitano, mas perante tais dados só posso sentir orgulho no que é nacional e é bom.

Trata-se acima de tudo de saudar a qualidade do trabalho, que se está a realizar de base no futebol português, ao descobrir o talento em estado bruto, que num atleta de 19 anos tem de ser gerido com pinças, de maneira a que a cabeça e a forma de pensar estejam ao nível do que futebolisticamente um jovem a despontar para o estrelato tem de ter. De forma a não se perder este diamante.

Natural de Viseu, João Félix, fez parte da formação no FC Porto, e só há quatro épocas chegou ao Benfica.

Bruno Lage falou do jovem jogador fazendo alusão aos Super Wings, os aviões que fazem parte do imaginário das crianças através da programação infantil e que trabalham em equipa.

João Félix é igualmente aquilo que a equipa faz com ele e o que ele faz com a equipa. Mas afinal, não é esse o princípio básico do jogo que todos nós vivemos e sentimos?

Ver os bons jogadores a darem espectáculo inseridos em equipas de grande qualidade, daquelas que cativam, que fazem os milhões de adeptos um pouco por todo o mundo pagar um bilhete ou uma assinatura de um canal desportivo para ver esse espectáculo a que nos acostumámos a chamar de desporto-rei.

Fico feliz por ver um jovem, português, a dar nas vistas desta forma, ao ponto aliás, segundo conta a imprensa, de vários emblemas europeus, incluindo o Real Madrid, já estarem de olho nele.

120 milhões de euros é a cláusula de rescisão do camisola 79 do Benfica.

Para muitos um obstáculo, para outros nem por isso, mas uma coisa é certa: será que o Benfica conseguirá manter João Félix no plantel por muito tempo?

Há quem diga que, para seguir os passos certos no crescimento como homem e como jogador, João Félix devia ficar mais uma época de águia ao peito. Mas se a irreverência e qualidade do jogador se mantiverem, ou até mesmo aumentarem, será que o Benfica conseguirá resistir ao namoro dos grandes emblemas europeus?

A esta questão só teremos resposta nos próximos meses.

P.S.: Escrevo hoje sobre um jovem que revela ter arte nos pés e na cabeça aos 19 anos, e que por isso se arrisca a ser um caso sério nos próximos meses/anos, numa altura em que o melhor do mundo, para mim, completa uns «jovens» 34 anos. Em ocasiões anteriores houve quem se arrepiasse com os elogios que lhe teci. Respeito a opinião dos leitores, mas gostava que num mero exercício de raciocínio tentassem ver onde andavam, aos 34 anos, aqueles que são considerados os maiores nomes da história do futebol.

Este a que me refiro, chama-se Cristino Ronaldo dos Santos Aveiro e é titular da Juventus, de Itália. Esta terça-feira completou 34 anos. PARABÉNS atrasados, Cristiano!

«Jogo alto» é um espaço de opinião de Pedro Ramalho, jornalista da TVI, que escreve neste espaço às quartas-feiras de três em três semanas. O autor, por opção própria, não adopta o novo acordo ortográfico nos seus artigos