O Benfica passou com o conforto possível sobre as brasas do inferno de Istambul. Depois do triunfo por 1-0 na Luz, num jogo em que ficou clara a diferença de forças entre a equipa portuguesa e o vice-campeão turco, as águias selaram a passagem ao play-off da Liga dos Campeões com um empate a uma bola.

Controlo, gestão e exploração cirúrgica das fragilidades do conjunto orientado pelo holandês Phillip Cocu estiveram na base da solidez apresentada pelo Benfica sobretudo nos primeiros 45 minutos, nos quais a equipa de Rui Vitória não acusou a pressão provocada pelo ambiente pesado do Şükrü Saracoğlu.

Os encarnados apresentaram quase sempre uma organização defensiva irrepreensível, não permitindo que o Fenerbahçe – nesta terça-feira com o regressado André Ayew a figurar no onze inicial – conseguisse ameaçar com regularidade a baliza de Vlachodimos, seguríssimo quando foi chamado a intervir, quase sempre em remates de meia-distância.

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Muito do que o Benfica produziu nesta terça-feira deve-o a Gedson Fernandes. O mais novo das águias – 19 anos e sete meses – foi a grande figura do jogo. Pelo golo apontado aos 26 minutos que deixou a eliminatória praticamente sentenciada, pelos quilómetros que correu, pelo trabalho defensivo incansável e pelas vezes em que carregou a bola para o ataque.

Dezanove anos e sete meses, já lhe tínhamos dito?

Até ao golo de Gedson, numa combinação com Castillo (titular nesta noite no lugar de Facundo Ferreyra), os encarnados conseguiram manter o Fenerbahçe longe da baliza de Vlachodimos. Incapaz de jogar entre linhas, o conjunto turco sentia muitas dificuldades para negociar espaço e sobrepor-se à organização do meio-campo encarnado, trancado a cadeado por Fejsa, Gedson e Pizzi.

Aos 34 minutos, a notícia negativa a extrair desta 2.ª mão: lesão muscular de Castillo a obrigar à entrada de Ferreyra aos 34 minutos. O avançado argentino ficou a centímetros do 2-0 aos 43 minutos, quando falhou a baliza depois de contornar Volkan Demirel.

Respirou de alívio o Fenerbahçe, bafejado pela sorte aí e logo de seguida, quando, com o intervalo à vista, Potuk antecipou-se a Grimaldo e desviou de cabeça para o golo do empate que deixava a equipa da casa a dois golos de uma reviravolta idêntica à construída pelo Benfica de Jorge Jesus nas meias-finais da Liga Europa em 2012/13.

Na segunda parte, os encarnados baixaram linhas, passaram por momentos de sobressalto e foram perdulários no aproveitamento dos desequilíbrios defensivos da equipa da casa, que aos 65 minutos passou a jogar com mais homens na frente após as entradas de Soldado e Baris Alici.

Foram (poucos) minutos difíceis para o Benfica, que conseguiu finalmente estancar o crescimento turco após o lançamento de Alfa Semedo (72’) para um meio-campo que começava a acusar desgaste.

Mérito dos encarnados perante um conjunto turco que, apesar da alma, nunca aparentou ter armas suficientes que lhe permitissem sonhar com outro destino que não o adeus precoce à Liga dos Campeões.

O PAOK é o último obstáculo na corrida ao pote de 43 milhões que dá a entrada na fase de grupos.