O que dizer de um jogo que acabou aos vinte minutos? A estreia europeia do Benfica, que estava em alta depois da goleada no Bonfim, foi um verdadeiro desastre com uma sucessão de acontecimentos que nunca permitiu à equipa de Jorge Jesus entrar propriamente no jogo. Um mau passe de Jardel, logo a abrir, permitiu a Hulk abrir o marcador cedo, depois chegou o ponto final, aos vinte minutos, com a expulsão de Artur e o segundo golo do Zenit. Os restantes setenta minutos foram uma mera formalidade, com a equipa da Luz a bater-se com dignidade até final, terminando o jogo com uma forte ovação dos adeptos que reconheceram o esforço da equipa.

Confira a FICHA DO JOGO

Uma grande desilusão que começou a desenhar-se bem cedo quando muitos adeptos procuravam ainda os respetivos lugares nas bancadas da Luz. Passe frouxo de Jardel para Luisão, com Shatov a interceptar e a lançar Hulk sobre a direita. O avançado esperou pela saída de Artur para marcar o seu sexto golo em treze jogos frente ao Benfica. Acabava aqui o ambiente de cordialidade que tinha começado com uma boa receção aos regressos de Witsel, Javi Garcia e Garay à Luz.

O Benfica tentou reagir de pronto, aumentando o ritmo de jogo, mas os assobios que se ouviam das bancadas davam conta que Hulk, que chegou a ser dado como inapto para este jogo, continuava a ser protagonista. Antes do golo já tinha feito um passe de morte a que Shatov chegou um tudo nada atrasado, e, depois do golo, continuou a provocar estragos, aproveitando muito bem os muitos espaços que o Benfica cedia entre linhas. Voltou a estar perto de novo golo na marcação de um livre que Artur não segurou e, logo a seguir, o momento do jogo.

Danny destaca-se na zona central, Artur sai ao seu encontro e faz falta já fora da área O vermelho era inevitável e o Benfica ficava reduzido a dez. Jorge Jesus, para manter equilíbrios, viu-se forçado a prescindir de Talisca para a entrada de Paulo Lopes que mal teve tempo para aquecer. Nova bomba de Hulk a sofrer um desvio na barreira e do consequente canto, marcado por Danny, surgiu o segundo golo do Zenit, com Witsel a surgir junto ao primeiro poste, como chegou a fazer quando representava o Benfica, para cabecear para o segundo da noite. Paulo Lopes ainda defendeu, mas claramente para lá da linha fatal. O jogo acabava aqui.

Os restantes vinte e cinco minutos da primeira parte foram penosos, com um Benfica visivelmente em estado de choque, sem conseguir pressionar um adversário que também estava conformado com o resultado extremamente favorável. O Zenit trocava a bola no seu meio-campo e o Benfica defendia no seu, quase como se tinha visto no aquecimento, azul de um lado, vermelho do outro.

Salvou-se a dignidade

O Benfica só voltou a levantar a cabeça na segunda parte, reorganizando-se num 4x1x3x1 e, sobretudo, com um enorme espírito de sacrifício, com destaque paras as muitas piscinas de Luisão que, sempre que pôde, ia à área do Zenit procurar a sua sorte, num esforço reconhecido pelos adeptos. Voltou a haver jogo na Luz, com um Benfica esforçado e um Zenit mais pragmático, sem correr riscos, mas com várias oportunidades para ampliar a vantagem.

O Benfica chegou a reclamar uma grande penalidade, quando Salvio e Criscito entrelaçaram pernas na área, mas a falta, se existiu, não é clara. A equipa da Luz arriscava tudo na procura de um golo que podia relançar o jogo, Luisão chegou a estar perto, Gaitánm também ameaçou, mas foi o Zenit que esteve sempre mais próximo do terceiro, com destaque para um remate de Hulk ao poste e outro de Rondón que, depois de uma assistência perfeita de Danny, atirou a rasar o ferro.

Jesus ainda refrescou a equipa para os últimos vinte minutos com André Almeia a render Samaris e Derley a tomar o lugar de Lima, mas, logo a seguir, Villas-Boas reorganizou o seu onze, prescindindo de Rondon, para um meio-campo mais consistente com Pavel Mogilevets. A luta seguiu intensa até ao fim e terminou de forma emocionante, com os adeptos de pé a aplaudir o esforço da equipa.