Camp Nou, 26 de maio de 1999. O Manchester United faz uma das recuperações mais inacreditáveis da história da Liga dos Campeões e vence a final frente ao Bayern Munique, que tinha estado em vantagem durante quase 90 minutos.

Do banco, saltou um absolutamente decisivo Ole Gunnar Solkjaer, que fez o 2-1 aos 90+3, e fez dos red devils campeões europeus pela segunda vez.

Parque dos Príncipes, 6 de março de 2019. Quase 20 anos depois, o Manchester United volta a operar uma recuperação memorável. No banco, Solskjaer voltou a entrar na história, desta vez como o treinador que fez a equipa acreditar até ao último segundo, apesar de todas as contrariedades antes e durante o jogo. Apesar, sobretudo, do domínio avassalador do Paris Saint-Germain durante quase todo o jogo.

No final, conta o resultado: 1-3 a favor do Man. Utd. 3-3 na eliminatória, e a equipa de Solskjaer a apurar-se para os quartos de final da Champions graças aos golos fora.

Um sonho cor de rosa a construi-se desde cedo

O jogo teve um início de grande intensidade. Quem entrou adormecido foi o alemão Keher que logo no segundo minuto de jogo errou um passe atrasado, Lukaku intercetou, contornou Buffon e devolveu o Man. Utd à eliminatória.

Solskjaer tinha dito na antevisão à partida que se a sua equipa «marcasse um golo cedo», tudo poderia acontecer. O desejo do treinador norueguês foi concedido, mas aquilo que ele certamente não desejava era a apatia da sua equipa perante a reação forte do PSG.

Depois do golo, a equipa francesa foi para cima dos red devils, nas asas de Di Maria, e nunca chegou a parecer que a eliminatória estava mesmo em perigo.

E por isso, foi com grande naturalidade que se assistiu ao golo da equipa da casa. Mbappé abriu o livro, entrou na área pela direita cruzou tenso ao segundo poste, onde Bernat só teve de empurrar para o empate na partida e o 3-1 na eliminatória.

A partir daí, a equipa inglesa evaporou-se no dilúvio de Paris e o PSG inundou o meio-campo do Man. Utd, com a defesa inglesa a meter água por todos os lados.

Foi valendo De Gea, qual para-raios impenetrável, apesar do inequívoco domínio francês.

E só então aconteceu algo imprevisto na partida: um erro claro de Buffon. Após remate muito forte Rashford, o guarda-redes italiano defendeu para a frente e Lukaku surgiu para bisar, quando o relógio assinalava 31 minutos.

O que se seguiu a partir daí foi um PSG a dominar todas as estatísticas, a carregar na busca de um golo e o Man. Utd a defender-se como podia.

E como podia, passou também pelo lançamento de Dalot em campo aos 36 minutos, depois de Bailly sair lesionado.

E aqui é preciso fazer um parêntesis: é que este Man. Utd chegava a esta partida com 10 jogadores de baixa por lesão. Com Bailly, passava a ser um onze inteiro.

Mas isso pouco importou ao PSG. Di Maria e Mbappé criaram oportunidades suficiente para o conjunto parisiense ganhar de forma folgada, mas faltou sempre alguma coisa. Ou sobrou. Aos 56m, o extremo argentino estava um pouco adiantado quando recebeu um passe de calcanhar delicioso de Mbappé, o que lhe valeu a anulação do golo.

E quando já ninguém esperava – talvez Solskjaer no banco e Fergunson na bancada, vá se lembrassem de uma recuperação épica -, Dalot tentou o remate de fora da área, Kimpembe desviou com o braço e o árbitro, com recurso ao VAR, assinalou penálti… ao minuto 90+3.

Rashford não tremeu, marcou mesmo e escreveu história para desolação total dos jogadores do PSG.

Pelo terceiro ano consecutivo, o campeão francês cai nos oitavos de final. E esta é uma daquelas noites que vão ser recordadas durante anos.