Numa jornada com a particularidade de apresentar dois duelos entre técnicos portugueses (em Alvalade, no Sporting-Chelsea, e também em São Petersburgo, no Zenit-Mónaco) e em que Benfica, FC Porto e Sporting terão de fazer pela vida em condições difíceis, o resto da história inclui pelo menos três jogos «imperdíveis»: Man. City-Roma e PSG-Barcelona, já nesta terça, e o At. Madrid-Juventus, na quarta-feira. Além disso, há mais curiosidades com pronúncia portuguesa, como a de ver até que ponto Cristiano Ronaldo continua a maré goleadora perante o Ludogorets, ou o Basileia, de Paulo Sousa, consegue retificar a má estreia perante um histórico em crise, como o Liverpool. Fique com o programa de festas.


Todos os jogos, resultados e classificações da Liga dos Campeões

Terça-feira
Grupo E



CSKA Moscovo-Bayern Munique, 17h
Manchester City-Roma, 19h45

Mesmo com um alerta de bomba a perturbar a sua rotina em Moscovo, difícil não atribuir franco favoritismo ao Bayern, perante um CSKA que volta a jogar num estádio de portas fechadas, como castigo pelos cânticos racistas dos seus adeptos. Os sinais de fragilidade defensiva nos russos continuam: depois da goleada sofrida em Roma (5-1), a vitória por 4-3 em casa do modesto Ural, neste fim de semana, não deve ter ajudado a tranquilizar o técnico Leonid Slutsky. Do lado alemão, Guardiola tem alguns problemas na estrutura defensiva, com os toques sofridos por Boateng e Benatia, mas conta com a dupla Xabi Alonso-Lahm para gerir os tempos e conduzir o jogo num ritmo pausado, para as estocadas de Müller, Götze ou Lewandowski. Há um ano, acabou 3-1 para o Bayern. Será surpreendente se o desfecho não tiver o mesmo sentido.


Mas se a jornada arranca com o jogo da Rússia, as emoções mais fortes ficam reservadas para o Etihad, onde o Manchester City está obrigado a retificar a derrota ao cair do pano em Munique, no primeiro dia. O problema é que a Roma, que reparte a liderança da série A com a Juventus, está em maré de grande confiança, reforçada pela goleada na ronda inaugural. Como lembra o técnico Rudi Garcia «após o sorteio, todos consideraram este jogo como uma derrota antecipada. Assim, tudo o que possamos conseguir aqui é lucro». E uma vitória ou empate dos italianos não se limitaria a reforçar a sua candidatura ao apuramento: deixaria o campeão inglês sem margem de erro para o resto da primeira fase, num dos grupos mais equilibrados desta Champions.

Grupo F
APOEL Nicósia-Ajax, 19h45
PSG-Barcelona, 19h45


A equipa de Mário Sérgio, Nuno Morais e Tiago Gomes escapou quase ilesa da viagem a Camp Nou. Não há vitórias morais, mas a derrota pela margem mínima em casa do Barcelona reforça a ideia de que os cipriotas são muito mais do que um saco de pancada num grupo em que o favoritismo de Barcelona e PSG é inquestionável. Depois do empate cedido em casa pelo Ajax, diante dos franceses, uma vitória do APOEL deixaria a equipa em vantagem na corrida a terceiro lugar – e, quem sabe, ate algo mais, se se prolongar a instabilidade do PSG neste início de temporada.


Em Paris, justamente, num dos jogos de maior cartaz desta ronda, o reencontro entre dois ex-companheiros de equipa – Laurent Blanc e Luis Enrique jogaram juntos no Barcelona, no final dos anos 90 – fica marcado pela baixa forçada de Ibrahimovic, o tal que tem sempre qualquer coisa a mostrar quando joga contra a equipa «blaugrana». O enfraquecimento do poder de fogo francês coincide com a solidez defensiva de um Barça que, a manter a baliza inviolada pelo oitavo jogo seguido, desde o início de época, pode assinar mais um registo para o seu livro de história – e, de passagem, um resultado que defina anteciadamente as hierarquias no grupo. E atenção: a dupla Messi-Neymar parece disposta a levantar voo, com o argentino a brilhar no papel de assistente de serviço.

Grupo G
Schalke-Maribor, 19h45
SPORTING-Chelsea, 19h45


Sobre a visita do Chelsea a Alvalade fala-se com mais pormenores aqui . Espaço apenas para lembrar que se trata do regresso da principal prova europeia de clubes a Alvalade, mais de cinco anos depois de uma visita de má memória do Bayern Munique. Com o fator Mourinho a acentuar ainda mais a ideia de ocasião especial, o regresso é, novamente, perante um dos colossos europeus, ainda para mais espicaçado pela entrada em cena falhada perante os seus adeptos, há duas semanas, diante do Schalke.


A análise ao Chelsea

É precisamente o Schalke quem pode capitalizar com o ponto conquistado em Londres: apesar do empate arrancado ao Sporting, no lavar dos cestos, o Maribor não fez muito para desmentir a ideia de que tem a equipa mais acessível do grupo – e com o regresso de vários jogadores chave da equipa alemã - será algo surpreendente que o Schalke, com a eficácia de Huntelaar e o talento de jovens como Draxler e Meyer, não aproveite a ocasião para terminar esta segunda jornada no topo do grupo.

Grupo H
Shakhtar Donestsk-FC PORTO, 19h45
BATE Borisov-Ath. Bilbao, 19h45


A visita do FC Porto à Ucrânia, à casa emprestada de um Shakhtar que não disfarça os efeitos da tensão política e militar na região, merece obviamente análise à parte ( aqui ). Diga-se, apenas, que a equipa de Lopetegui pode capitalizar com esse aspeto, aproveitando para sacudir as dúvidas suscitadas por três empates seguidos na Liga nacional – antes da dupla jornada com o Ath. Bilbao, que vai seguramente definir as hierarquias entre dois dos três candidatos à passagem no grupo.


A análise ao Shakhtar

Sim, porque é difícil considerar que o BATE Borisov tem hipóteses reais de seguir em frente – para mais depois de a goleada no Dragão o tornar candidato ao estatuto de equipa mais frágil desta fase de grupo. Mas atenção: os jogos na Bielorrússia podem vir a ter peso desicivo nas contas do grupo para quem tropeçar. E no At. Bilbao, o técnico Valverde, que soma dois empates e três derrotas nos últimos cinco jogos, não está em condições de adiar mais a entrada nos eixos.

Quarta-feira

Grupo A
At. Madrid-Juventus, 19h45
Malmoe-Olympiakos, 19h45


Depois do tropeção na estreia, perante o Olympiakos, o finalista vencido da época passada tem de reencontrar a sua melhor versão para travar o passo a uma Juventus que, aos poucos, vai recuperando o estatuto de colosso e soma por vitórias todos os jogos desta época. É certo que os jogos com o Malmoe devem permitir aos homens de Simeone – com o incontornável Tiago - voltar aos lugares de apuramento nas próximas jornadas, mas um segundo tropeção consecutivo, para mais perante os seus adeptos, seria o suficiente para enviar sinais de alarme em Manzanares.


Na Suécia, entretanto, o Olympiakos – com caras conhecidas como Roberto, Abidal e Affelay, entre outros – vai querer aproveitar a embalagem da boa estreia diante dos «colchoneros» para se colocar em excelente posição para forçar a repetição da proeza de há um ano, quando contrariou os prognósticos para superar a fase de grupos. Para isso, é quase obrigatório não perder pontos com os suecos, que dificilmente podem ambicionar a fuga ao último lugar no grupo.

Grupo B
Basileia-Liverpool, 19h45
Ludogorets-Real Madrid, 19h45


Vida difícil para o menos badalado dos técnicos portugueses em ação nesta Liga dos Campeões: depois de goleado no Bernabéu, o Basileia, de Paulo Sousa, precisa de pontuar perante o Liverpool, para confirmar o pedigree europeu dos últimos anos e prolongar mais umas semanas a ambição de um lugar nos oitavos. Do outro lado, uns «reds» com início de época acidentado, e que estiveram quase, quase a protagonizar o escândalo da primeira jornada, quando adiaram para o último minuto o triunfo caseiro sobre o modesto Ludogorets.


É precisamente a equipa búlgara, do português Fábio Espinho, que vai fazer a estreia caseira em jogos da Champions perante uma das mais temíveis linhas avançadas da Europa. Sacudindo a crise inicial à custa de goleadas, é previsível que o Real Madrid não facilite na visita à Bulgária, com Cristian Ronaldo em ponto de mira para prolongar a série de jogos consecutivos a marcar. Qualquer coisa que não seja uma vitória confortável dos merengues terá sabor de surpresa. Ou mesmo de escândalo...

Grupo C
Bayer Leverkusen-Benfica, 19h45
Zenit-Mónaco, 17h


A visita do Benfica a uma casa onde já foi feliz em duas ocasiões merece tratamento mais pormenorizado aqui numa altura em que o arranque em falso diante do Zenit obriga a recuperar pontos fora de portas. As dúvidas sobre a titularidade na baliza só serão esclarecidas nesta quarta-feira, perante um adversário que entrou na temporada a todos os gás, mas talvez tenha vindo a perder fulgor nas últimas semanas. Ainda assim, nenhuma dúvida: com Çalhanoglu, Bellarabi e o habitual instinto goleador de Kiessling, a equipa alemã está mais forte do que quando caiu aos pés de Jorge Jesus, na Liga Europa de há dois anos.


As contas do grupo começam a definir-se mais cedo: a partir das 17 horas de Portugal, São Petersburgo será palco do segundo frente a frente entre técnicos portugueses. De um lado, a máquina de vitórias em que está transformado o Zenit, de André Villas-Boas, com Danny e Neto nos efetivos. Do outro, o irregular Mónaco, de Leonardo Jardim, com Ricardo Carvalho, Moutinho e Bernardo Silva. Não há muitos argumentos que ajudem a contornar o claro favoritismo russo – qualquer ponto somado pelo Mónaco seria uma sensação capaz de baralhar, ainda mais, as contas num grupo equilibrado.

Grupo D
Arsenal-Galatasaray, 19h45
Anderlecht-B. Dortmund, 19h45


A fechar, foco no Emirates, onde o Arsenal está obrigado a anular a derrota na estreia, em Dortmund, perante um Galatasaray em que Bruma tem vindo a desempenhar papel secundário. Em Bruxelas, à mesma hora, o Anderlecht tem uma boa oportunidade para provar que já não é um integrante do pelotão secundário da Europa: o empate na Turquia foi um bom ponto de partida, e qualquer ponto conquistado a um Dortmund abalado pelos maus resultados domésticos e pela onda de lesões deixa os homens de Defour em boa posição para negociar uma vaga na segunda fase, antes da dupla jornada com o Arsenal.