[artigo originalmente publicado às 23h58, 17-12-2018]

No lago dos tubarões o FC Porto terá um duelo com a Roma que é um dos encontros entre equipas com «ranking» mais próximo nos oitavos da Champions, que serão marcados por um Ajax-Real Madrid cheio de história mas sobretudo pelo triplo duelo Alemanha-Inglaterra. Na Liga Europa, o Benfica encontra o Galatasaray que foi eliminado pelo dragão e o Sporting tem pela frente um confronto inédito com o Villarreal. Portugal, que tem o maior contingente de clubes presentes nesta fase abaixo das cinco grandes ligas, parte para a eliminatória de fevereiro com boas expectativas, tanto quanto isso se pode dizer nesta altura. Faltam dois meses, com muito futebol e uma janela de mercado pelo meio.

Com as mudanças anunciadas pela UEFA, a criação de uma nova competição europeia e um realinhamento da distribuição de lugares por países que a partir de 2021 deixa o sétimo classificado – a atual posição de Portugal – sem presença garantida na fase de grupos da Liga Europa, torna-se ainda mais premente a necessidade de continuar a somar pontos. Nesta altura, Portugal aponta ao sexto lugar e há bons sinais.

O funil está cada vez mais apertado. A tendência dos últimos anos manteve-se esta temporada na Liga dos Campeões, com muito poucos clubes a conseguirem furar a hegemonia dos grandes campeonatos. Agora foram apenas o FC Porto e o Ajax, no ano passado também os dragões, mais Besiktas, Basileia e Shakhtar, há dois anos só FC Porto e Benfica se intrometeram nas contas dos oitavos.

Daí para a frente mais complicado ainda, claro. Os quartos de final têm sido o limite para os clubes fora das «Big 5». Desde que o FC Porto conquistou o título europeu em 2004 só por uma vez uma equipa doutro país chegou às meias-finais: o PSV Eindhoven, logo em 2005.

Na última década, o FC Porto apenas chegou por duas vezes aos quartos de final. A última vez foi em 2014/15, quando foi eliminado pelo Bayern Munique. Volta a tentá-lo agora, frente a uma Roma que está em sexto lugar na Liga italiana, a nada menos que 22 pontos da líder Juventus. Mas que saiu viva da Liga dos Campeões e ainda tem bem presente a épica campanha da época passada na competição, quando chegou às meias-finais, depois de duas eliminatórias loucas: nos quartos de final eliminou o Barcelona virando um 4-1 para um 3-0, nas meias perdeu 5-2 em Anfield mas quase acreditou na segunda reviravolta, vencendo a segunda mão por 4-2.

O FC Porto tem uma boa memória recente para a troca, a vitória no play-off em 2016/17, que valeu à equipa então orientada por Nuno Espírito Santo a presença na fase de grupos. Marcano, que nessa altura morava no Dragão, está agora em Roma. Um reencontro e também um regresso, o de Sérgio Conceição à cidade onde jogou, pelo rival Lazio, como fez questão de lembrar o treinador na reação ao sorteio.

O FC Porto é nono no atual ranking da UEFA, a Roma está na 12ª posição. Duelo com maior proximidade na hierarquia da UEFA só o At. Madrid-Juventus, encontro entre o quarto e o quinto classificados nuns oitavos de final que vão ter muito que contar.

Muito que contar em inglês e alemão. Todas as equipas germânicas calharam com adversários britânicos, num triplo confronto que tem como cabeça de cartaz óbvio o Liverpool-Bayern Munique. O reencontro de Jurgen Klopp com o Bayern Munique, ele que liderou durante sete anos um Borussia Dortund que foi a única equipa a quebrar a hegemonia bávara na Alemanha. Promete e já começou, veja-se a mensagem de Mats Hummels, agora jogador do Bayern.

O Dortmund vai por sua vez defrontar o Tottenham e ao Schalke calhou o Manchester City, naquele que é à partida o mais desequilibrado deste triplo confronto. A exceção entre os ingleses é o Manchester United, que vai defrontar o PSG, num duelo com muitas incógnitas até fevereiro.

Depois há o Barcelona-Lyon, o gigante catalão frente à equipa menos cotada ainda em prova, voltando a medir uma vez mais pelo ranking da UEFA, e esse Ajax-Real Madrid cheio de história. Será o 13º duelo entre ambos mas o primeiro em muito tempo para lá da fase de grupos. A única vez que se encontraram em fases a eliminar foi em 1973, numa meia-final que o Ajax venceu na caminhada para a conquista da Taça dos Campeões.

O quadro completo dos oitavos de final

Na Liga Europa esta ainda é uma fase de «abertura». Se na Liga dos Campeões só há sete países representados em 16 equipas, a segunda competição da UEFA acrescenta mais 12 à lista. Aos nomes mais sonantes em prova calharam sortes bem diferentes. Chelsea e Arsenal, com Malmoe e BATE Borisov, reforçam o estatuto de favoritos, tal como o Nápoles, frente ao FC Zurique, enquanto o Sevilha, três vezes vencedor nos últimos cinco anos, terá pela frente nada menos que um duelo com a Lazio.

O Benfica reencontra o Galatasary, que foi adversário dos «encarnados», já com Rui Vitória, há três temporadas, na fase de grupos da Champions (vitória na Luz e derrota em Istambul), e que caiu da Liga dos Campeões, onde perdeu os dois jogos com o FC Porto. O Sporting defronta um Villarreal que saiu por cima na fase de grupos mas está lá para o fundo no campeonato espanhol.

As duas equipas portuguesas partem com ambições para a próxima ronda de uma prova que ainda tem muito que andar. E que tem vindo também a tornar-se menos acessível na fase decisiva. Depois do ciclo que começou com a vitória do FC Porto na final portuguesa de 2011 com o Sp. Braga, seguiu com o Sporting nas meias-finais e com duas finais perdidas pelo Benfica, a última das quais em 2014, nenhuma equipa portuguesa voltou a atingir as meias-finais da Liga Europa.

Recorde o sorteio dos 16 avos de final da Liga Europa