Bastou carregar no acelerador uma vez para o Sporting desembrulhar um jogo que chegou a parecer complicado em Alvalade e, assim, estrear-se nas competições europeias com uma vitória importante que permite aos leões acompanhar o Arsenal no comando do Grupo E da Liga Europa. Depois de uma primeira parte jogada a um ritmo demasiado lento, com claro domínio, mas com escassas oportunidades para visar a balia de Vagner, a equipa de José Peseiro partiu para uma segunda parte bem conseguida, com golos de Raphinha e Jovane Cabral a darem colorido ao resultado.

Confira a FICHA DO JOGO

O jogo começou com um ritmo lento, demasiado lento, e o Sporting demorou a conseguir imprimir velocidade, apesar do claro domínio desde os primeiros instantes do jogo. José Peseiro promoveu quatro alterações, com destaque para o regresso de Mathieu ao centro da defesa e de Nani ao lado esquerdo do ataque. O reforço Gudelj também entrou de início em sacrifício de Jefferson, com Acuña a recuar para a posição de lateral esquerdo. Mudaram alguns protagonistas, mas a estratégia não foi muito diferente do último jogo com o Marítimo. Uma estratégia assente numa elevada posse de bola e progressão no terreno preferencialmente pela direita, onde Raphinha, com o apoio de Ristovski, a conseguir maiores desequilíbrios nessa ala.

O Qarabag entrou no jogo muito na expetativa, com um bloco baixo à espera das primeiras investidas dos leões, mas quase sempre com três homens sobre a linha do meio-campo a condicionar o jogo do Sporting que não podia subir com a equipa em bloco. Como dissemos logo a abrir, faltava velocidade aos leões no último terço para conseguir surpreender a bem organizada defesa azeri. As melhores oportunidades surgiram em lances de bola parada, como um livre bem colocado de Mathieu que proporcionou a primeira defesa da noite a Vagner. Uma primeira parte também com sete pontapés de canto, mas neste caso os leões raramente conseguiram criar perigo. Gudelj e Battaglia revezavam-se na manutenção do equilíbrio na zona morta, entre o ataque dos leões e os tais três jogadores – Madatov, Ozobic e Emerghara – que se posicionavam na zona central à espera de transições rápidas.

Se os leões tiveram poucas oportunidades, o Qarabag também não deu muito trabalho a Salin. As duas melhores ocasiões, se a isso se pode chamar, dos azeris, resultaram de erros crassos dos leões. Primeiro foi Coates a desentender-se com Salin, Madatov recuperou uma bola bem no interior da área, mas Salin saiu-lhe ao caminho e emendou a mão. Mais tarde foi Battaglia que foi desarmado por Ozobic, mas o argentino também recuperou a tempo para desarmar o croata. De resto, só deu Sporting, mas também pouco.

Os leões pressionavam alto, prendiam o jogo no meio-campo adversário, mas sentiam tremendas dificuldades para entrar na área de Vagner. O lance mais bonito da primeira parte surgiu já perto do intervalo, com um protagonista improvável: Mathieu recuperou uma bola sobre a esquerda, pico-a sobre um adversário e cruzou tenso para o primeiro poste onde Montero, de costas para a baliza, tentou o desvio de calcanhar. A bola ficou presa debaixo do corpo de Vagner e não entrou.

Pisão no acelerador e golo de extremos

A velocidade que faltou na primeira parte, chegou na segunda. Bastou carregar no acelerador para chegar à baliza de Vagner. Investida arrepiante de Nani sobre a direita e cruzamento para o lado contrário onde surgiu Raphinha, que nem uma flecha, para a finalização. Tão fácil. Um golo de extremo para extremo com Raphinha a voltar a marcar pelo segundo jogo consecutivo depois de se ter estreado, com a camisola do Sporting, frente ao Marítimo. O jogo ganhava velocidade para os dois lados. O Qarabag, a perder, também acelerou e respondeu de imediato ao golo dos leões por Emerghara, com o avançado suíço a colocar à prova Salin. Mas era o leão que mandava no jogo que, apesar de tudo, se ia transfigurando. Agora bem mais aberto, com mais espaços, com mais velocidade.

Foi nesta altura que os leões sofreram um forte revés no jogo. Mathieu, que estava a destacar-se como um dos melhores em campo, não só a defender, ressentiu-se dos problemas físicos que o tinham afastado dos últimos jogos. Um regresso que durou 74 minutos e permitiu a André Pinto voltar a jogar. Os leões continuaram a explorar os corredores, com Nani e Raphinha muito ativos, mas faltava gente na área para a finalização. Ristovski esteve perto do segundo, com uma cabeçada a um cruzamento de Bruno Fernandes, que não passou muito longe do poste. O maior atrevimento do Qarabag esgotou-se num ápice, parente o maior domínio do Sporting que desperdiçaria nova oportunidade flagrante num cruzamento bem medido de Raphinha da direita que Bruno Fernandes, sem oposição, não conseguiu controlar no lado contrário.

Os leões precisavam de sangue fresco e Peseiro abdicou de Nani para lançar Jovane Cabral que precisou pouco mais de um minuto para marcar. Grande trabalho de Montero sobre a linha, colocando a bola por entre as pernas de Badavi para assistir Raphinha que, por sua vez, serviu Jovane de bandeja para o jovem extremo encostar. Um golo de belo efeito que acordou as bancadas de Alvalade que pouco depois homenagearam Fredy Montero com uma tremenda ovação.

Um jogo em que o Sporting demorou a perceber o que precisava, mas acabou por acertar agulhas e partir para uma vitória segura.