É uma longa travessia sem fim à vista. Para Feirense e Marítimo, encontrar vitórias na Liga nos últimos dois meses e pico é igual procura do oásis no meio do deserto. No encontro entre as duas equipas que há mais tempo não venciam na prova, diferentes rotas para acabar com esse ciclo esbarraram no destino empate: 1-1, com direito a um penálti de Tiago Silva e a um golo espetacular de Ricardo Valente, que evitou a sétima derrota consecutiva do Marítimo, já em tempo de compensação.

Desfecho distinto no terceiro encontro entre as duas equipas esta época, após os dois triunfos dos fogaceiros, para Taça da Liga e Taça de Portugal. Vale o ponto somado para ninguém sair de mãos a abanar. A urgência de pontos nesta Feira de aflitos pela fuga à parte baixa da tabela continua.

Na sede do triunfo, engrenou melhor o Feirense. Na verdade, foi a equipa de Nuno Manta que estendeu os caminhos mais simples e práticos para tentar chegar a bom porto. Como uma mota num Dakar, a alta velocidade e a desbravar caminho simples até à meta.

Já o Marítimo, sujeito à melhor entrada dos azuis, teve mais dificuldade em engatar uma mudança em jogo, que só surgiu com alguma mecânica na segunda parte, após a paragem na box chamada intervalo. Até aqui, no segundo jogo de Petit, os insulares pareciam um autocarro nessa mesma travessia: esforçado, mas pesado. A passar pelos caminhos mais sinuosos e imperfeitos até ao alvo pretendido.

Foi essa cara que abriu azo a um Feirense mais atrevido e afoito em mais um capítulo no Marcolino de Castro.

Os primeiros 20 minutos bastaram para dar três exemplos disso mesmo. Primeiro, Edson Farias quase engatou o primeiro após corte falhado de Lucas Áfrico, mas o remate saiu a rasar a baliza (3’). Depois, Tiago Silva pôs à prova Amir num remate espontâneo, que valeu a defesa da noite ao iraniano (10’). À terceira, foi o remate de João Silva, a sair esbarrado na máquina defensiva insular (16’).

Feirense-Marítimo: ficha e filme do jogo

O Marítimo lutou, correu quilómetros. Mas foi mais de instintos. Vamos por aqui? Por ali? E não vamos a lado algum. Só a paragem e a mudança de lado olearam a máquina verde-rubra, à base da resposta. Após remate de Tiago Silva a cheirar o golo fogaceiro, Correa pôs à prova Caio Secco, num lance ao qual se seguiria um pedido de penálti por alegada mão de Diga na área.

O árbitro mandou seguir e o Marítimo seguiu também a sua etapa de investida, quebrada por fim na marca dos onze metros. Vítor Bruno encontrou Tiago Silva na área e Lucas Áfrico fez falta para penálti que o número dez do Feirense não desperdiçou (70’).

Feirense-Marítimo: os destaques do jogo

Parecia o quebrar do motor para o Marítimo, que lutou para seguir caminho, espelhado no cabeceamento de Rodrigo Pinho no ferro e num golo anulado a Danny. Pelo meio, Edinho também viu bandeirola no ar após cabeceamento certeiro.

O sprint final parecia dar o Feirense a meta da vitória e a ultrapassagem ao Marítimo, mas Ricardo Valente puxou do engenho do seu pé direito e empatou tudo nos últimos metros.

Confira o resumo do jogo: