O chip do leão tem agora outra configuração. Com os principais rivais demasiado longe e a sensatez a aconselhar prudência na definição dos objetivos de época, o Sporting encara agora o que resta da época com outros olhos. Quase como se estivesse em fase de reaprendizagem, a reassimilar processos que a falta de confiança deixou pelo caminho.

Neste sábado, a noite era de festa para Rui Patrício, que coroou com brilhantismo o jogo 400 pelos leões e segurou com mãos de aço uma vitória difícil e, verdade seja dita, o Sporting não fez por justificar diante de um Rio Ave que chegou a vulgarizar o Sporting durante longos períodos na primeira parte.

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Aos 25 minutos, PATRÍCIO já justificava as maiúsculas e um lugar especial na vitrina das notáveis exibições da carreira. Com um punhado de excelentes intervenções (11’, 13’ 17’ e 25’, estas duas últimas monstruosas), vestia a pele de anjo da guarda de uma equipa que entrou completamente desnorteada em jogo.

Patrício. Perdão, São Patrício parecia ser o único jogador do Sporting ligado à corrente.

Problemas na transição defensiva e erros primários no início do processo de construção explicam em parte o que se passou nos 20 minutos iniciais. Jorge Jesus, que até tinha apostado num sector defensivo renovado, com Paulo Oliveira e Jeferson nos lugares de Rúben Semedo e Bruno César, via do banco a equipa abanar em toda a linha.

Claro que um Sporting febril só justifica em parte o jogo desinspirado da equipa de Jorge Jesus. É aqui que entra, em igual dose, o mérito do Rio Ave. Proposta de jogo notável de Luís Castro, que montou uma equipa que fez corar o leão na sua própria casa.

A formação vilacondense teve momentos de magia em Alvalade. Rúben Ribeiro, Gil Dias e Krovinovic foram os homens da varinha de condão; Pedro Moreira, Tarantini e a dupla de centrais composta por Marcelo e Roderick os pilares de uma equipa adulta e que mostrou valer mais do que o 9.º lugar que ocupava à entrada para esta jornada.

Vénia merecida a um Rio Ave que só pecou pelas oportunidades falhadas na cara de Rui Patrício. Antes e logo após o golo de Alan Ruiz após recuperação de bola de William Carvalho a meio do meio-campo da equipa vila-condense, que acabou por perder gás com o aproximar do final da primeira parte e não conseguiu estender a toada inicial para a etapa complementar.

O Sporting regressou dos balneários com o… guião certo e cortou nos tais erros primários. Não jogou bonito, foi até estranhamente amorfo junto à área adversária, mas encontrou o antídoto para trancar um conjunto irreverente e que se bateu como gente grande.

Como há cinco meses, quando surpreendeu no Estádio dos Arcos um leão então de boa saúde.