Jorge Jesus, treinador do Sporting, depois da vitória sobre o Boavista (1-0) no Estádio de Alvalade em jogo da 31ª jornada da Liga:

[O Sporting continua sem sofrer golos em casa. Alvalade é uma fortaleza defensiva, qual a receita?]

- O Sporting está com uma boa organização defensiva. A equipa ao longo dos últimos anos e neste campeonato, está identificada com as nossas ideias defensivas, principalmente em casa. Isso é mérito da qualidade individual dos jogadores, mas também é trabalho coletivo. Hoje vencemos por 1-0, mas podiam ter sido três ou quatro. O Sporting teve oportunidades de Gelson, Bas Dost e Bruno Fernandes na cara do guarda-redes do Boavista. Tivemos muitas outras situações que não conseguimos definir tão bem. O Boavista, na primeira parte só defendeu. Não fez um remate à baliza do Sporting! Em 94 minutos fez zero remates. É inédito. Teve alguns períodos com bola, teve, mas o que é isso quer dizer? O Sporting não vai estar 90 minutos a pressionar, não vai estar o tempo de jogo em posse de bola. O que define os jogos são os golos e para teres golos tens de rematar. O Boavista não fez um remate à baliza. O resultado peca por escasso. O Boavista bateu-se bem, esteve bem organizado defensivamente, tentou surpreender-nos em contra-golpe e em ataque posicional, mas o Sporting não deu hipóteses. A grande penalidade não deixa duúvidas a ninguém, só me faz impressão é como o árbitro auxiliar, a cinco metros, ter dúvidas. Teve de ser o VAR a ver, senão passava em claro. O Fábio Veríssimo é um bom árbitro, mas quando os auxiliares não ajudam, o trabalho não é bom.

[Fecho de ciclo de jogos de três em três dias]

- Se calhar exagerei quando disse que os jogadores pediram para sair. Alguns estavam tocados, mas os jogadores do Sporting mostraram muita alma e muito coração. O Sporting com este jogo fez 55 jogos. Sabem quais são os primeiros cinco jogadores com mais tempo de jogo em Portugal. São todos do Sporting. O cansaço tem sido culpa das vitórias. O Sporting cansado ganha na mesma. Ganhamos os últimos cinco jogos. Se a equipa estivesse mais fresquinha se calhar não sofria tanto, se calhar não falhava tantos golos como falhou hoje. O Bas Dost também está cansado. O cansaço tira discernimento, isso faz com que os jogadores tenham indecisões com mais facilidade.

[No lance do penalty, Bryan viu um amarelo. O que pensa dessa situação?]

- A lei é assim. Depois da decisão do árbitro, o VAR não tem poder para tirar os cartões que possam acontecer durante a jogada. A lei é igual para todos Há cosias em relação ao protocolo do VAR que, com o tempo, podem ser melhoradas.

[O Sporting depende de si para chegar ao segundo lugar, mas para chegar ao primeiro precisa que o FC Porto perca pontos]

- Não penso nisso, porque o Sporting também tem jogos difíceis. Às vezes aqueles que pensamos que são os mais fáceis, são os mais difíceis. Faltam três jogos, a nós quatro, com a Taça, temos de reforçar o que o Sporting está a fazer. Em Portugal há três competições, uma já ganhou, a outra vai estar na final e a outra, que é a mais importante, está a disputá-la. Com 55 jogos, vai fazer 60, o que nunca ninguém fez. Não é normal jogares com o Boavista e teres o estádio quase esgotado. Isso é sinal que os adeptos querem partilhar com a equipa, querem dizer que nós estamos com vocês.

[Fim da tempestade provocada pelos muitos jogos. Mathieu saiu ao intervalo, Acuña teve problemas, Piccini não esteve no banco, William não voltou. Espera mais problemas?]

- A final é a 20 de maio, falta um mês, a nossa preocupação número um é não perder mais jogadores. Passada a tempestade em que os jogadores estavam no limite do risco da lesão, vamos ver se conseguimos recuperar o Picinni, o Wlliam e o Mathieu. O Fábio e o Acuña saíram porque estavam sobrecarregados, foi mais cansado do que outra coisa. A nossa preocupação agora é recuperar o Mathieu, o William e o Piccini, Já que falámos no Piccinni, o Ristovski hoje fez um grande jogo. De jogo para jogo, está dar sinais que podemos contar com ele.

[Cinco vitórias depois da derrota em Braga, o que mudou?]

- No futebol não há certezas absolutas. Depois de Braga nunca deitamos a toalha ao chão. Nesse jogo estava chateado, como é óbvio. Não foi só por ter perdido, é porque não fomos uma equipa que fomos partir desse jogo, uma equipa inteligente e pragmática que sabe o que tem de fazer no momento certo. A partir dai temos vindo a ganhar e os nossos rivais perderam alguns jogos. É o futebol, temos de acreditar sempre. A equipa acreditou sempre que podia passara a meia-final da Taça, como o fez, em relação ao campeonato, ainda temos mais uma possibilidade, porque nesse interregno os nossos rivais perderam pontos e nós não perdemos.