A águia segue firme no voo. De asas bem abertas, em velocidade cruzeiro e sem turbulência. O Paços de Ferreira foi um dano colateral da festa em que Rui Vitória se propôs a transformar a noite desta sexta-feira.

Honra seja feita a um vencido Paços, que vendeu cara a derrota até onde pôde e apresentou na Luz o futebol positivo que Carlos Pinto havia prometido na antevisão ao jogo e que talvez não merecesse regressar a casa com uma derrota tão pesada.

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Um tiro de Guedes a meio da primeira parte foi o paliativo ideal frente a um Paços bem arrumado e que dificultou muito as ações do Benfica na zona do meio-campo. Até essa altura, o tricampeão avançava com arritmias. Períodos de alquimia alternados com apagões repentinos. Com permissão para respirarem, os pacenses apostavam em transições rápidas com Pedrinho, Ivo Rodrigues e Ricardo Valente em evidência e com licença para disparar.

Mas a solidez da muralha pacense (não confundir com autocarro) era posta à prova quando os encarnados conseguiam chegar ao último terço do terreno, onde a qualidade técnica dos homens da frente fazia a diferença. Aconteceu aos 26 minutos, quando Guedes colocou um ponto final nos movimentos sincronizados de Mitroglou e Cervi, sempre ao primeiro toque. NOTA 10!

Estava aberta a caixa de pandora. A águia abriu mais as asas e acelerou em voo picado em busca do segundo que só chegaria mais tarde muito por culpa de um competente Defendi, que evitou o bis a Guedes aos 37 minutos. O conjunto de Carlos Pinto mantinha-se vivo e à espreita de um tropeção. Já perto do intervalo, faltou frieza a Ivo Rodrigues para aproveitar um deslize de Ederson numa saída dos postes.

Como os níveis de oxigénio repostos, o Paços regressou para a etapa complementar atrevido. Pedrinho ainda ameaçou o empate num remate rasteiro de meia-distância. Roíam-se unhas nas bancadas da Luz. Roer-se-iam até que os três pontos estivessem a salvo.

Salv(i)o… O argentino, que parece estar a voltar ao ‘Toto’ de outros tempos, trancou a cadeado a porta para o sucesso dos pacenses. Eliseu subiu pela esquerda e cruzou para Mitroglou, que deixou para o remate de primeira do companheiro.

A partir daí foi gerir (terça-feira há jogo para a Liga dos Campeões), com períodos de hibernação e de momentos de magia. Eis a águia real de 2016/17. Já perto do fim, Pizzi ampliou para 3-0 após uma tabela com Jiménez, num lance polvilhado com uma pitada de felicidade.

Mensagem de solidez do Benfica para os rivais, a uma semana da visita ao Dragão.