Rúben Vezo, Pedro Tiba e Ricardo Horta foram as novidades da convocatória de Paulo Bento para o jogo com a Albânia, que marca o arranque da qualificação para o Euro2016. Três jogadores que se destacaram ao serviço do Vitória de Setúbal, sobretudo na época passada, e que tiveram o mesmo «padrinho».

José Mota foi o treinador que lançou os três jogadores no principal escalão do futebol português, quando estava no emblema sadino. O primeiro foi Ricardo Horta, ainda na reta final da época 2012/13 (a 7 de abril de 2013, em Vila do Conde). Depois Rúben Vezo, frente ao FC Porto, na ronda inaugural da Liga 2013/14, e por fim Pedro Tiba, também em Vila do Conde, na 2ª jornada da temporada passada.

Mota deixou o Bonfim em outubro, mas a aposta nestes jovens revelou-se totalmente acertada. Não só pelo encaixe financeiro que deram ao Vitória, como agora por esta inclusão na lista de Paulo Bento. «Fiquei muito feliz por eles. São atletas que sempre respeitaram imenso o trabalho, que sempre deram o máximo. Jogadores de grande humildade, com capacidade de aprendizagem e camaradagem. É um prémio merecido», diz José Mota ao Maisfutebol.

O técnico lembra que Tiba, recrutado ao Tirsense, «já andava há vários anos nos escalões inferiores». «O Vezo e o Horta são dois jovens que me dizem muito», assume. «Eram dois meninos quando cheguei ao Vitória. Se não tivesse sempre a preocupação de olhar para a formação se calhar tinham-se perdido como outros que o Vitória teve», destaca Mota, lembrando ainda a aposta em jogadores como Frederico Venâncio, Miguel Lourenço e Kiko.

«Já tinha dito ao Vezo e ao Horta que acreditava que iam ser chamados à Seleção. Têm muita qualidade», acrescenta o técnico, que «apadrinhou» também a estreia na Liga de Antunes, outros dos eleitos de Paulo Bento, e que esteve também ligado aos primeiros anos de carreira de André Almeida e Beto (ausente por lesão). «Mostraram que temos de olhar para os jovens, e não apenas isso: dar-lhes oportunidades e ensiná-los a serem homens e jogadores», acrescenta.

Mota revela mesmo que indicou várias vezes estes jogadores aos principais emblemas nacionais. «Disse que seriam mais-valias, mas uma vez mais não acreditaram no valor português», revela. 

Vezo foi contratado pelo Valencia logo no início do ano, Ricardo Horta mudou-se recentemente para o Málaga e Tiba é o único que continua em Portugal, mas agora no Sp. Braga. Nenhum foi para os denominados «grandes». «Falar é fácil, apostar é mais difícil. E depois saem valorizados outros, e não quem trabalha. Isso é que cria revolta. Aproveitam-se do trabalho dos outros», aponta.

Mas José Mota não fica por aqui. O técnico considera que o problema não está apenas nos clubes, mas também na Seleção, a propósito do peso que tem o emblema ao qual pertencem os jogadores: «O Horta teve uma evolução extraordinária no último mês? Foi nas férias que se deu a transformação para ser agora jogador de Seleção? Na época passada não era? Há muitos exemplos assim. O Tiba agora, por ser jogador do Sp. Braga, já tem outros estatuto. Não quer dizer que não tem qualidade para estar na Seleção. Mas já não tinha na época passada? É preciso é apostar neles.»