Jurgen Klopp fez há tempos uma anologia curiosa: o Dortmund ia jogar a Londres, com o Arsenal, e o treinador alemão disse que não trocava a música de orquestra pelo heavy metal.

A afirmação serviu para garantir que gosta do Borussia Dortmund como é e por isso não valia a pena pedir-lhe para aproximar a equipa do estilo de jogo do Barcelona, ou do Arsenal.

Ora a distancia entre a música de orquestra e o heavy metal é precisamente o que separa este Sporting da equipa do ano passado: com Leonardo Jardim, o futebol por vezes conseguia ser bem melancólio. Com Marco Silva, já se percebeu, não há tempo para bocejos.

Este Sporting é antes de mais uma equipa que ataca porque defende: uma equipa que é capaz de fazer uma pressão asfixiante em todo o campo, que não deixa o adversário respirar e por isso recupera a bola e começa desde logo um novo projeto de ataque.

Seja em que zona do campo for.

É uma equipa intensa, enérgica, vigorosa, excessiva e impetuosa. É enfim uma equipa agitada em todas as dimensões da palavra: até na dimensão mais violenta da palavra.

Confira a ficha de jogo e veja quem jogou

Cai em cima do adversário com uma ferocidade invulgar e por vezes torna-se até bastante dura.

O essencial, lá está, é começar a atacar no preciso momento em que perde a bola. Claro que este estado espírito um pouco inocente até tem riscos. Era muito mais confortável defender com bola, lá está. Ser talvez mais maduro e mais prevenido, menos ousado e mais prudente.

Como era por exemplo o Sporting de Leonardo Jardim. Mas este não é esse Sporting.

Curiosamente até começou o jogo com as mesmas caras, num onze que jogou uma hora sem qualquer reforço, mas só na aparência era igual. Na forma tem pouco a ver.

André Martins é o caso mais óbvio. Preso a um enorme rigor tático na última época, que o obrigava a fazer aquele movimento de ir do centro para a direita para libertar o extremo, o médio tem este ano total liberdade, por isso defende, ataca e tem golo: quatro golos nesta pré-época.

Podia até ter mais, é verdade, porque aquela capacidade de aparecer nas zonas de finalização já o deixou várias vezes perto do golo. Mas não foi só a ele, aliás: toda a equipa tem mais golo. Aparece com mais jogadores na zona de finalização e por isso entusiasma mais. Carrillo, Jefferson e Carlos Mané, para além, claro, de Montero, tiveram aliás boas oportunidades para marcar. 

Destaques: André Martins para dar e vender 

Nesta altura convém recuar um pouco nesta crónica para sublinhar novamente que esta forma de jogar aberta e desenfreada tem riscos. O Sporting encontrou-se duas vezes a ganhar e por duas vezes permitiu o empate. Podia ter ficado quieto, mas não.

Continuou a atacar, a correr, a lançar-se na procura da felicidade. Foi um enxurral de futebol.

Em contra-ataque a Lazio ia lançando avisos perigosos mas o Sporting não quis saber: outro Sporting, o Sporting por exemplo do ano passado teria segurado a bola, este Sporting não é assim.

Por isso, e depois de já ter sofrido o empate no finalzinho da primeira parte, sofreu novamente o empate nos descontos de jogo. Numa altura em que a equipa já era completamente diferente, é verdade, mas isso não serve de desculpa: Rosell, Slavchev, Shikabala ou Tanaka entraram bem.

Ora o empate obrigou o jogo a resolver-se nas grandes penalidades e nessa altura brilhou Rui Patrício: defendeu os remates de Keita e Tounkara e deu o Troféu Cinco Violinos ao Sporting. Em três edições do torneio, três vitórias leoninas, aliás.

Faz sentido, a festa de homenagem aos cinco violinos tinha sido bonita. Num certo tom de hard rock.