O Ministério Público [MP] pediu esta quinta-feira o julgamento do homem acusado de atropelar mortalmente o adepto italiano Marco Ficini, junto ao Estádio do Luz, em abril do ano passado, assim como todos os restantes 21 arguidos.

O MP deduziu acusação, em outubro do ano passado, contra 22 arguidos (10 adeptos do Benfica com ligações aos No Name Boys e 12 adeptos do Sporting da claque Juventude Leonina).

Luís Pina é acusado do homicídio de Marco Ficini e de outros quatro homicídios na forma tentada, enquanto os restantes arguidos estão acusados de participação em rixa, dano com violência e omissão de auxílio.

No debate da instrução - fase facultativa em que é decidido por um juiz se os arguidos vão a julgamento – a procuradora do Ministério Público alegou que «nada foi feito em sede de instrução» e que «não foram feitas quaisquer diligências de relevo», acrescentando que as declarações de seis dos nove arguidos que requereram a abertura de instrução «não podem abalar a prova que consta dos autos».

Assim, a procuradora considerou que o Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa [TIC] tem de pronunciar os 22 arguidos nos exatos termos da acusação do MP.

No exterior e também já no interior da sala do TIC de Lisboa, onde decorre a instrução, assistiram-se a alguns momentos de tensão entre vários arguidos. Inicialmente não havia elementos policiais, que chegaram poucos minutos depois.

A instrução foi requerida por vários dos 22 arguidos, incluindo Luís Pina, que, no requerimento de abertura de instrução, sustenta que nunca teve intenção de atropelar e «muito menos matar um ser humano», pelo que pede para não ir a julgamento.

Luís Pina, que estava em prisão preventiva desde 29 de abril, foi libertado em 2 de março porque não foi proferida decisão instrutória no prazo máximo de dez meses, após a data em que lhe foi aplicada aquela medida de coação.

Segundo a acusação do MP, a que a agência Lusa teve acesso, nessa madrugada, um grupo de adeptos do Benfica dirigiu-se às imediações do Estádio de Alvalade e lançou um foguete luminoso de cor vermelha na direção do topo sul do estádio.

Adeptos sportinguistas, que se encontravam no Estádio de Alvalade a distribuir bilhetes e a preparar as coreografias da claque Juventude Leonina para o jogo que iria decorrer nesse dia, colocaram-se então em diversos automóveis e, em caravana, dirigiram-se ao Estádio da Luz a fim de “ripostarem” pelo lançamento do foguete luminoso, levando consigo barras de metal.

Na caravana seguiam 12 dos arguidos, adeptos do Sporting, e ainda Marco Ficini, simpatizante do Sporting que tinha viajado de Itália para assistir ao jogo de futebol entre o Sporting e o Benfica.

Durante os confrontos e perseguições que se seguiram, Luís Pina terá atropelado mortalmente Marco Ficini, «arrastando o corpo por 15 metros», imobilizando o carro só «depois de ter passado completamente por cima do corpo da vítima», descreve a acusação, acrescentando que o arguido abandonou o local «sem prestar qualquer auxílio».