Empate diplomático entre dois emblemas que têm ostentado problemas de eficácia. O Vitória quebrou o jejum que já durava desde a saída de Tiquinho Soares para o FC Porto, com um grande golo de Hernâni, mas o Belenenses reagiu bem, chegou ao empate e somou a quarta jornada consecutiva a pontuar. Um bom jogo com uma primeira meia-hora muito intensa de bom nível, para depois cair a pique com os dois conjuntos a acusar o esforço da etapa inicial.

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Duas equipas com problemas de golo. O Belenenses já sabe, apesar da confortável classificação, continua com o peso do estatuto de pior ataque da Liga, enquanto o Vitória tinha perdido com condão com a saída de Tiquinho Soares e chegou ao Restelo depois de três jogos se marcar. Estatutos que os dois treinadores estavam determinados a anular já este domingo e isso percebeu-se, desde logo, antes do primeiro apito de Hugo Miguel, com a constituição das equipas.

Quim Machado tirou Tiago Caeiro do banco para juntá-lo na frente de ataque a Juanto, contando ainda com Camará e Miguel Rosa abertos nas alas. Pedro Martins não fez por menos, mantendo Rafael Martins como principal referência do ataque dos minhotos, mas com o apoio de um trio com o pé no acelerador, com Hernâni, Hurtado e Marega preparados para surpreender a defesa «azul» em velocidade. Dois dispositivos mais ofensivos do que é habitual, a prometer um jogo aberto e com muitas oportunidades.

Os primeiros minutos corresponderam às expetativas. Entrou melhor o Vitória, com um jogo assumidamente vertical, com Bruno Gaspar a aproveitar bem o espaço sobre o flanco para ajudar a equipa a chegar à área de Cristiano. Josué, na sequência de um pontapé de canto, fez uma primeira ameaça e, logo a seguir, Hernâni empolgou ainda mais os adeptos minhotos com um golo de belo efeito aos 11 minutos. Trabalho individual do extremo cedido pelo FC Porto que tirou um adversário da frente, antes de disparar para o poste mais distante, sem hipóteses para Cristiano. A malapata provocada pela saída de Tiquinho estava quebrada e, nos minutos seguintes, o Vitória até podia ter construído uma vantagem mais sólida, com destaque para uma bomba de Marega que bateu com estrondo no ferro. Na sequência do mesmo lance, Hernâni recuperou e obrigou Cristiano a defesa apertada junto à trave.

O Vitória estava por cima, mas por pouco tempo. O remate de Marega serviu de alarme para a equipa do Restelo que, logo a seguir, acabou por acertar com as marcações e, com uma pressão alta, prendeu o Vitória junto à sua área, fechando bem as vias de escape dos vitorianos e, mais do que isso, obrigando o adversário a cometer erros atrás de erros. Num alívio mal medido dos minhotos, Vítor Gomes recuperou e lançou Miguel Rosa, em corrida, para o interior da área e, com a defesa do Vitória em contra-pé, no número 7 do Restelo atirou a contar com um remate rasteiro. Sete minutos depois do golo do Vitória e ainda antes dos vinte minutos de jogo, o resultado voltava a ficar nivelado.

O Vitória continuou a insistir num futebol mais direto, com Hernâni, Hurtado e Marega sempre prontos para saírem disparados, enquanto o Belenenses procurava chegar à linha de fundo, com os laterais Edgar Ié, de um lado, e Florent Hanin, no outro, muito em jogo. Até ao intervalo, o Vitória, sempre em velocidade, ainda conseguiu mais duas oportunidades flagrantes, a primeira por Hernâni e a segunda por Rafael Martins, mas o Belenenses também podia ter completado a reviravolta, na sequência de um pontapé de canto que permitiu a Yebda cabecear ao lado. Mas nos últimos vinte minutos a intensidade vinha a cair a pique.

A segunda parte foi bem menos intensa, com os dois conjuntos a acusar o desgaste da tal primeira meia-hora. Com um ritmo bem mais baixo, era agora o Belenenses que estava por cima, uma vez que o Vitória já não tinha a velocidade inicial para surpreender o adversário em transições rápidas. Era a equipa de Quim Machado, com um jogo mais sustentado, que tinha mais bola e criava mais oportunidades, com destaque para uma cabeçada de Tiago Caeiro a cruzamento de Camará. Os treinadores iam refrescando os elementos mais adiantados, mas o ritmo continuava a cair. Miguel Rosa ainda tentou surpreender Douglas com um remate do meio da rua.

Mas o Vitória ainda teve a última palavra, com dois suplentes a deixarem a sua marca nos instantes finais. Primeiro Raphinha com um remate forte, depois o «joker» Sturgeon, que quase surpreendeu a antiga equipa, com um remate que passou por cima da trave,

O Belenenses soma, assim, o quarto jogo consecutivo a pontuar, numa sequência com três empates, enquanto o Vitória, além de reencontrar-se com o golo, acaba por solidificar o quinto lugar, pelo menos em relação ao Rio Ave e antes de Sp. Braga e Marítimo entrarem em campo.