Ansiedade e um calor abrasador são uma combinação explosiva, quando de um jogo de futebol se trata.
Foi sob estas condições que Vitória de Setúbal e Desportivo de Chaves se defrontaram no Estádio do Bonfim.
Ainda sem qualquer triunfo na Liga esta temporada, sadinos e flavienses procuravam a todo o custo o primeiro grito de vitória no balneário e contrariar um histórico que tem já contornos de alarmante.
Um Vitória sem triunfos caseiros há quatro meses e meio, contra um Chaves sem conquistar três pontos fora de portas há onze meses. Que drama.
E tanto se acusou essa ansiedade após o apito inicial. Duas equipas a estudarem-se durante os primeiros oito minutos, altura em que Gonçalo Paciência, na estreia a titular, decidiu criar o primeiro lance de assinalável perigo.
Abriram-se as hostilidades, por assim dizer, mesmo com o calor a ameaçar as pernas a cada minuto decorrido.
A primeira parte não teve grande nota artística, como seria de esperar, mas foi «rasgadinha», até demais em determinados momentos.
Gonçalo Paciência foi fazendo das suas lá na frente, revelando-se como o elemento mais perigoso da formação sadina. Primeiro serviu Costinha para um remate que levava selo de golo e que obrigou Ricardo a estrear as luvas. Depois, ele próprio fez o Bonfim gritar golo com um remate já depois da meia hora, após uma boa arrancada.
O Vitória foi claramente superior aos transmontanos e soube procurar melhor o golo, algo que os adeptos até esperavam que acontecesse, quando o árbitro Manuel Mota apontou para a marca de penálti, aos 38 minutos.
Paulinho tocou a bola com a mão dentro da área flaviense e o juiz assinalou castigo máximo. Porém, foi chamado ao vídeo-árbitro e, já depois de analisar as imagens, descortinou uma falta de Paciência antes desse lance. Conclusão: livre a favor do Chaves, decisão que enfureceu os adeptos vitorianos e aqueceu o jogo dentro das quatro linhas.
O apito para o intervalo foi, por isso, abafado pelos vários assobios vindos das bancadas. O empate no marcador aceitava-se, muito embora o Chaves tenha andado meio perdido em campo durante o primeiro tempo.
A segunda parte arrancou da mesma maneira, com os sadinos à procura do golo da vantagem desde os minutos iniciais, face a um Chaves algo expectante.
Depois de muito tentarem, os sadinos conseguiram mesmo marcar. Aos 59’, Nuno Pinto fez um cruzamento açucarado para o interior da área, onde apareceu o «pequenino» João Amaral a cabecear para a baliza. Ricardo ainda defendeu para o poste, mas, infeliz, viu o esférico bater no seu corpo e cruzar a linha de golo.
O tento acordou ainda mais os sadinos, que continuaram em busca do segundo golo. Em menos de dez minutos, a equipa de Couceiro teve mais três oportunidades de golo flagrantes, mas valeram as prontas intervenções de Ricardo na baliza flaviense.
A apatia dos flavienses foi preocupante. O único remate enquadrado do encontro surgiu já depois dos 50’ minutos, imagine-se. Enquanto isso, a equipa da casa continuou a fazer pela vida, mas já sem o mesmo fulgor, afinal de contas o calor não ajudou em nada.
Aproveitaram os visitantes para chegar à frente e, para surpresa de todos, chegou ao golo do empate. Pedro Tiba anotou um golaço e gelou por completo a escaldante tarde em Setúbal, aos 79. O médio não festejou, por respeito a uma das suas antigas equipas.
Repetia-se a história dos últimos encontros, com o V. Setúbal a conceder um golo já nos minutos finais, para desespero dos adeptos vitorianos.
Couceiro lançou mais unidades para o ataque e os sadinos estiveram novamente perto do golo aos 86’, quando Willyan surgiu na cara de Ricardo mas atirou ao lado. Na tribuna de imprensa ouviram-se murros nos placares publicitários. Era a revolta dos adeptos da casa em estado físico.
Os instantes finais foram, portanto, de verdadeiro sufoco para o Chaves. Ricardo fez o que pôde para evitar mais um golo dos sadinos.
Murros, muitos murros na madeira dos adeptos. Ouviram-se até ao final da partida.
Domingos Duarte foi expulso já em tempo de descontos e causou um frissom nas bancadas, porém não resultou em males maiores para os visitantes.
As duas equipas continuam sem vencer esta época e o Desp. Chaves foi à baliza duas ou três vezes, mas conquistou o primeiro ponto da época.
Na «torreira» em Setúbal, a sina de resultados conheceu um novo capítulo. Está complicado encontrar o caminho da vitória.