Enorme desilusão no Bonfim onde o Vitória esteve em vantagem ao longo de setenta minutos, mas deixou-a escapar por entre os dedos, já perto do final, depois de uma segunda parte confrangedora, em que a equipa de José Couceiro acabou reduzida a dez. Uma primeira parte agradável, com bom futebol, mas com a qualidade de jogo a cair a pique na etapa complementar com Manuel Machado a tirar proveito do futebol direto e do enfraquecimento da boa organização que os sadinos tinham exibido na primeira parte.

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Mais uma vez, José Couceiro parece estar a construir um onze equilibrado, com Podstawski e, sobretudo, João Teixeira, a encaixarem muito bem na nova equipa. Curiosamente o «trinco», cedido pelo FC Porto, rende Mikel que, em sentido contrário, regressou ao Dragão. O número 10 sadino também continua a ter João nas costas, mas Carvalho foi chamado de volta à Luz, por troca com o companheiro Teixeira que joga agora no Bonfim.

Duas peças determinantes na dinâmica da equipa do Sado, com o primeiro a oferecer estabilidade ao setor defensivo e a permitir maior profundidade aos laterais, e com o segundo a dar maior criatividade ao ataque que contou com Edinho como principal referência, com Gonçalo Paciência, contra algumas expetativas, a ficar no banco. Uma equipa equilibrada que se apresentou em campo paciente, com mais posse de bola, fazendo-a rodar a toda a largura do campo à procura de espaços e de erros do adversário.

O Moreirense de Manuel Machado, ainda em construção, nas palavras do professor, procurou um futebol mais vertiginoso, com longas bolas a procurar explorar a velocidade de Fati e Boateng, uma dupla de ataque muito móvel, que procurava escapar para as costas da adiantada defesa sadina. Foi assim que surgiu a primeira oportunidade do jogo, com Fati a fugir à toda a gente até chocar com Trigueira [o avançado acabaria por sair uns minutos mais tarde devido a este choque]. A bola ainda sobrou para Arsénio que acabou por perder o ângulo de remate e uma grande oportunidade para abrir o marcador.

Na resposta, o Vitória chegou ao golo, num lance de bola parada: livre de Nuno Pinto, sobre a direita, a colocar a bola nas costas da defesa do Moreirense e Edinho a elevar-se nas alturas para cabecear, à vontade, para as redes de Jhonatan. Um golo que fez baixar de imediato a intensidade inicial do jogo, com um Vitória a controlar, com posse de bola, e um Moreirense menos vertiginoso, a jogar com mais cautelas.

Manuel Machado teve mesmo de abdicar de Fati [lesionado] e lançou o venezuelano Cádiz que, mais fixo na área, acabou por mudar o jogo da equipa de Moreira de Cónegos, com Boateng agora mais disponível para rasgar e provocar desequilíbrios. Uma alteração que, apesar de tudo, fez bem aos visitantes que chegaram ao intervalo por cima do jogo e com duas oportunidades claras para chegar ao empate. O Vitória perdeu a iniciativa que tinha demonstrado no início do jogo e, até ao final da primeira parte, teve apenas mais uma oportunidade, mais uma vez de bola parada, desta vez com João Teixeira a cruzar para a cabeçada de Vasco Fernandes.

Jogo feio até ao empate

A segunda parte começou com mais uma alteração no ataque do Moreirense, com Manuel Machado a abdicar de Arsénio para lançar Ronaldo Peña que se foi juntar ao compatriota Cádiz na frente de ataque. Uma segunda parte em que a qualidade de jogo caiu a pique, com as duas equipas a envolverem-se numa série de picardias e pouco futebol. O Moreirense continuou a praticar um futebol direto diante de um Vitória, bem organizado em termos defensivos, mas com cada vez menos pernas para subir à área contrária.

Um jogo típico de início de temporada, com os jogadores sem conseguir manter os índices físicos e a qualidade que tinham demonstrado no primeiro tempo. Muitas bolas pelo ar, muitas bolas divididas, entre inúmeras interrupções. Em mais uma bola longa do Moreirense, Cádiz arrancou em velocidade e foi derrubado, à entrada da área, por Vasco Fernandes. Cartão vermelho direto que deixou o Vitória ainda mais condicionado na defesa da magra vantagem.

Manuel Machado arriscou tudo com a entrada de Alan Schons, o Moreirense carregou com tudo o que tinha nos instantes finais e acabou por recolher louros, aos 83 minutos, com a aposta venezuelana a resultar no empate tardio: canto da esquerda marcado por Rúben Lima, cabeçada de André Micael, Pedro Trigueira ainda defendeu, mas na recarga Ronaldo Peña não perdoou.

Um balde de água fria para os sadinos que ainda tiveram duas oportunidades flagrantes para recuperar a vantagem, primeiro num livre de Gonçalo Paciência, depois numa cavalgada impressionante de Arnold Issoko, com Jhonatan, reforço na baliza do Moreirense, a anular estes dois lances com defesas espetaculares.

José Couceiro tinha anunciado que este jogo valia seis pontos, tendo em conta que estavam em campo duas equipas com os mesmos objetivos, mas a verdade é que acabou com apenas um.