Mais longe e mais alto é uma rubrica do Maisfutebol que olha para atletas e modalidades além do futebol. Histórias de esforço, superação, de sucessos e dificuldades.

Do atletismo ao ténis. Do hóquei em patins ao karaté. Com futebol ou remo pelo meio.

Para todos os feitios. Sem roupa. A preto e branco. E com um único fim: a solidariedade para com estudantes carenciados.

Uma, duas, três. Quatro.

O calendário solidário da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) oficializou, na quarta-feira, a sua quarta edição. Tal como nos anos anteriores, põe atletas a nu por uma causa a que a própria iniciativa soa: à solidariedade. Pela ajuda a estudantes com dificuldades económicas, através das receitas angariadas pelo Fundo Social de Emergência da Universidade do Minho (FSE).

Em 2018, além de atletas da academia minhota, há nomes de outras universidades. E internacionais. A presença da atleta espanhola Rocio Sánchez Estepa, campeã mundial universitária de karaté em 2016 e bronze no mundial sénior da modalidade, em 2014, é novidade.

Diogo Silva, aluno da Universidade Nova e campeão europeu universitário de judo em 2013, é outro dos nomes. A ele, junta-se Bruno Correia, antigo aluno da UMinho e capitão da equipa que conquistou o europeu universitário de futebol, em 2016. E também a equipa de andebol feminina da Universidade do Porto. Além de atletas ligados ao ténis, remo, voleibol, hóquei em patins e atletismo, a última das modalidades com um dos nomes mais sonantes.

Ercília Machado, um dos nomes de proa do atletismo nacional, explica ao Maisfutebol como surgiu o convite para se associar ao calendário solidário. E o lidar com o pôr-se a nu para a causa.

«Já tinha feito sessões fotográficas, mas com equipamento de competição. No início, fiquei apreensiva porque iria expor-me demasiado. Mas quando pensei na causa, achei que valia a pena. Quando estava a fazer a fotografia, tinha de me mentalizar que estava com top e cueca. Era quase como o 'nervosinho' antes de uma competição», explica, sublinhando a ajuda «nobre».

«Infelizmente, hoje em dia, ter um filho numa universidade, é difícil. É uma forma de ajudar a que tenham sucesso profissional», acredita a atleta de 30 anos, a terminar o doutoramento em Engenharia Química e Biológica na UMinho.

Ercília Machado (Foto: Nuno Gonçalves)

Judo. Internacionalização. E Telma Monteiro na mira

A ideia, posta em prática em 2015, arrancou com atletas de judo. Daí para cá, estendeu-se às várias modalidades e universidades. E agora a atletas internacionais.

Nuno Gonçalves, fotógrafo e mentor do projeto, explica ao Maisfutebol o conceito do projeto.

«O nu surge como forma de chamar à atenção, mas também como forma de deitar por terra tabus de como, por vezes, encaramos o corpo. Qualquer atleta, no seu dia-a-dia, está nu em balneários, com outros atletas, ou seminu em treino e competição. As fotos, ao longo destas quatro edições, são desprovidas de carga erótica», explica Nuno, que deixou, à agência Lusa, na apresentação do calendário, um desejo particular para a edição 2019.

«No próximo ano gostávamos de ter a judoca Telma Monteiro connosco», referiu.

Desde 2015 que o «Calendário Solidário» é feito anualmente. Nas três edições anteriores, reuniu cerca de 18 mil euros: desde vendas a donativos, além de outras fontes de receita financeira. Em 2017, fruto da última edição, foram apoiados 98 alunos pelo FSE da academia minhota.

O «Calendário Solidário» tem um custo de cinco euros, está à venda nos campi da academia minhota e nas sedes da AAUM, revertendo para o FSE da UMinho, que procura colmatar dificuldades que tenham impacto no aproveitamento dos alunos no ensino superior.