Uma outra situação de incumprimento salarial revelado esta segunda-feira foi o do Marco. O clube da Liga de Honra tem dois salários em atraso, Setembro e Outubro, esta temporada apenas pagou o mês relativo a Agosto, o que significa que desde o final da época passada, e tendo em atenção que nos meses de férias não há vencimentos, os jogadores só receberam um ordenado. O que naturalmente já causa sérias dificuldades financeiras em alguns dos jogadores com ordenados mais baixos.
Ora nesse sentido os atletas chamaram o presidente do Sindicato de Jogadores para conversar sobre esta situação. Joaquim Evangelista chegou ao Marco esta manhã, mas foi proibido de entrar nas instalações do clube. A reunião aconteceu, por isso, fora do estádio Avelino Ferreira Torres, durante um almoço no qual foi decidido que se iria aguardar até sexta-feira pela regularização da situação. Se tal não acontecer, aí sim os jogadores avançam para uma tomada de posição que deve passar pelo pré-aviso de rescisão.
Esta decisão tem muito a ver também com o que o capitão Albertino considerou «uma enorme confusão». Isto porque o presidente do Marco, Jorge Sousa, tinha prometido pagar os dois salários em atraso até sexta-feira da semana passada. O dirigente referiu ao Maisfutebol que os salários só ainda não foram pagos porque a Câmara Municipal, que entretanto mudou de cores partidárias, se atrasou no cumprimento de um protocolo que deverá subsidiar o pagamento dos salários até ao final da época. Foi para tentar desbloquear esse subsídio que Jorge Sousa tinha planeado encontrar-se com o novo presidente de Câmara, mas o falecimento da mãe nesse mesmo dia de manhã inviabilizou a reunião.
«Os jogadores nunca mais vão ter em mim um amigo», diz presidente do Marco
Ora por isso é que Jorge Sousa diz ter sido atraiçoado. «Os jogadores foram ao funeral da minha mãe no sábado, enviaram uma coroa de flores e depois apunhalaram-me pelas costas», referiu. «Sabiam que eu não pude, até porque não tinha condições psicológicas para isso, resolver a situação na sexta e chamaram o presidente do Sindicato e a comunicação social para me fazerem isto. Não é justo, não o aceito e não confio mais neles. Os jogadores perderam um amigo que sempre tiveram em mim». Depois do desabafo, o dirigente prometeu tratar da situação brevemente. «Ainda estive hoje de manhã com o presidente da Câmara, antes de saber que o Sindicato vinha ao Marco, e entreguei-lhe mais um ofício. Estou a fazer tudo para resolver a situação».
«Não quisemos apunhalar ninguém», responde o capitão de equipa
Confrontado com esta situação, o capitão Albertino referiu que «há em tudo isto um enorme erro de interpretação». «Nós já tínhamos tido uma reunião na quinta-feira e decidimos então que independentemente de termos ou não a nossa situação resolvida, hoje teríamos aqui o presidente do Sindicato para nos elucidar de algumas questões, tais como fiscalidade, segurança social, perspectivas de futuro, formação profissional», adiantou. «Por isso o convite a Joaquim Evangelista já estava tomado na quinta-feira, não quisemos apunhalar ninguém. Já todos temos motivos para rescindir e não foi isso que fizemos, exactamente porque mantemos a confiança nas pessoas. Foi-nos dito que a situação vai ser resolvida, estamos ansiosos para que o seja, mas vamos aguardar até quinta-feira porque confiamos na direcção».