«Never say never because limits like fears are often just an illusion.» Ninguém terá dúvidas de que, hoje, Michael Jordan continua a pensar assim. E, mais do que a pensar, que essa se mantém a sua atitude; pois que a foi desde sempre. Hoje, é especialmente lembrado. Porque é um dos maiores atletas de sempre... [corrigindo...] Porque, entre os que maioritariamente são referidos como os melhores de sempre, ele é um daqueles já mais restritos dois ou três [um ou dois?] sobre quem se pergunta se não será mesmo o maior de sempre?... E porque hoje, ele, Michael «Air» Jordan, faz 50 anos.

Quando nos lembramos de Michael Jordan, muito provavelmente em grande parte dessas vezes recordamo-lo no ar, em pleno voo. E depois, então, como clímax, a afundar a bola no cesto. Outros lembrar-se-ão de uma jogada ou de um lançamento fantásticos. Mas é também mais do que isso. Vemos o sucesso, o vencedor, o herói de tantos triunfos que dá o significado mais pleno ao jogo de quantos nos lembramos. Porque ele fez com que fosse assim. Aquela frase é uma de várias com que Jordan se descreve sobre uma mesma conclusão: «competitivo por natureza».

Estava-se na década de 80. Os jogos da NBA começaram a ser transmitidos em Portugal. Ficámos a conhecer um novo basquetebol enquanto o campeonato dos Estados Unidos se estendia ao mundo. Um basquetebol de grandes jogos, um basquetebol espectáculo. De grandes jogadores. De grandes estrelas. Fomos brindados com um cartão de visita debruado a ouro, de duas faces, mas sem verso; antes de duas frentes, com Larry Bird e Magic Johnson nelas. Ficámos encantados com as finais que vimos. Mas melhor não era impossível. E o cartão totalmente dourado também haveria de chegar.

Michael Jordan já lá andava desde 1984, ano em que foi contratado pelos Chicago Bulls para a liga profissional - em terceiro no «draft» daquele ano, depois de Sam Bowie e Hakeem Olajuwon. A capacidade para fazer pontos e o jogo contagiante recompensaram-no como «rookie» do ano e a primeira de 14 presenças na equipa «All Star»; logo no ano de estreia dando seguimento aos créditos que já tinha - como o lançamento que deu o campeonato universitário de 1982 à Universidade da Carolina do Norte, ou como a medalha de ouro olímpica em 1984 em Los Angeles, quando os EUA ainda levavam jogadores amadores aos Jogos.

O primeiro anel de campeão da NBA só chegou na temporada 1990-91, mas nas épocas preparatórias o mito já estava a ser trabalhado. O primeiro de dez títulos de melhor marcador surgiu em 1987, assim como igualou Wilt Chamberlain ao marcar 3000 pontos numa época. E tornou-se também o primeiro jogador da história da NBA a fazer 200 roubos e 100 contras na mesma temporada. Em Março de 1990, marcou 69 pontos aos Cleveland Cavaliers.

Michael Jordan era um prodígio a atacar, mas também fantástico a defender. Em 1988 foi eleito o jogador mais valioso da temporada (a primeira de cinco vezes MVP), mas também o melhor jogador defensivo. Phil Jackson conta que Jordan «estudava os adversários, aprendia os seus movimentos favoritos e depois dedicava-se a aprender as técnicas para travá-los». Numa recente entrevista à «ESPN», Michael Jordan conta o que faria numa defesa imaginária a LeBron James: «Eu empurro-o para a esquerda porque nove em cada 10 vezes ele fará um lançamento. Se ele for pela direita, vai com tudo e não consigo travá-lo. Por isso, não vou deixá-lo ir para a direita.»

[continua em «Michael Jordan faz 50 anos (II)»]