*Enviado-especial ao Brasil

Götze
Desempenhou um papel secundário neste Mundial, mas só até ao último dia. A sua entrada para falso ponta de lança, no lugar do esgotado Klose, coincidiu com a perda de frescura da Argentina e permitiu-lhe assinar o momento de uma vida, marcando um dos golos mais bonitos em finais de Campeonatos do Mundo. A rapidez com que ligou um remate acrobático a uma difícil receção de peito é suficiente para definir um grande talento.

Schweinsteiger
O mais discreto dos médios da Alemanha, até aqui, foi aquele que mais deu nas vistas na final. Combativo e lúcido na recuperação de bola, decisivo na limitação de espaços a Messi, foi sempre objetivo na primeira fase de construção e quem mais ajudou a equilibrar a equipa depois das dificuldades iniciais criadas pela Argentina. Acabou com o sobrolho aberto, vítima de um dos muitos choques em que participou – e dos quais ganhou a maioria.

Neuer
Justamente coroado como o melhor de todos, num Mundial de guarda-redes, terá sido a sua reputação a condicionar Higuaín e Palacio, levando-os a rematar para fora nos dois frente a frente que a Argentina desperdiçou. A sua presença mais notada nesta final aconteceu aos 56 minutos, na saída a soco, tipo buldozer, que deixou Higuaín no chão. Houve quem se sentisse tentado a comparar o lance com o protagonizado por Schumacher e Battiston, em 1982. Mas, neste caso, havia uma bola pelo meio, como pretexto para o impacto.

Messi
Na linha do que já tinha acontecido em todos os jogos a partir dos oitavos de final, sofreu para encontrar espaços. Teve o enorme mérito de nunca ter parado de tentar, o que o fez parecer sempre uma ameaça capaz de decidir o jogo. Depois de duas arrancadas que puseram Hummels em respeito, no início do jogo, passou por um eclipse, só interrompido pelo remate cruzado que passou perto do poste de Neuer, aos 47 minutos. Mas se assumiu as responsabilidades até ao fim, a sua nomeação como melhor jogador do torneio é um exagero claro, só explicado pelo peso da reputação.

Enzo, Garay e Rojo
Ainda não foi desta que um jogador a atuar em Portugal se sagrou campeão. Mas, como em todo o Mundial, houve nota alta para os três «portugueses» desta seleção argentina. Enzo Pérez não tem características que lhe permitam ser «outro» Di María, mas compensa a falta de explosão com uma inteligência e lucidez tática que ajudaram muito a Argentina a ser a equipa equilibrada que durante muito tempo baralhou as linhas alemãs. Depois do duelo com Robben, na meia-final, Rojo voltou a ter tarefa duplamente exigente, com a dupla Müller-Lahm, e mais uma vez manteve o seu setor estanque, confirmando-se como um dos melhores laterais esquerdos do Mundial. Quanto a Garay, foi igual a si próprio, e isto é dizer muito: esteve sempre no sítio certo, e só não chegou a tempo de compensar o buraco que Demichelis abriu nas costas, para Götze decidir a final.

Schürrle
Há males que vêm por bem, e para a Alemanha a lesão de Kramer foi um deles. A entrada de Schürrle deu mais dinâmica ao flanco esquerdo, enquanto a passagem de Özil para o meio deu melhor ligação ao meio-campo. Acabou por estar ligado ao título, construindo na esquerda a jogada que Götze finalizou.