RESUMO – depois da goleada russa a abrir o Mundial 2018, o dia 2 do Mundial teve (muito) mais emoção. Corações a palpitar. Da Europa à América do Sul, passando por África. A nação mais ocidental do Velho Continente não foi exceção. Afinal, era a estreia de Portugal na prova. E teve Cristiano Ronaldo vezes três, a anular o poderio espanhol num duelo ibérico épico, com marcador final 3-3.

Antes de mais, nenhum dos três jogos deste 15 de junho foi decidido antes do minuto 88. Houve indecisão. Expetativa até ao fim. E se Portugal garantiu um ponto nesse momento, Uruguai e Irão, instantes mais tarde, marcaram golos da vitória ante Egito e Marrocos, respetivamente.

O Portugal-Espanha invadiu a quente Sochi e o próprio cedo assim ficou. A boa entrada lusa foi coroada com o penálti de Ronaldo para o 1-0. Seria o português a grande figura de um jogo com duas vantagens das quinas, anuladas por «La Roja». Esta, de futebol talentoso, com pés e cabeça, cedeu ao hat-trick de Ronaldo ao minuto 88.

Portugal-Espanha, 3-3: crónica e filme do jogo

O possante Diego Costa não teve regra para ganhar o duelo a Pepe, Portugal pediu falta, mas o avançado tirou Fonte e Cédric do caminho para o 1-1. O mesmo bisaria já na segunda parte, em resposta a Ronaldo. E um tiraço de Nacho virou tudo. Tudo, até àquele livre de primor.

Antes, já no grupo B, o Irão de Carlos Queiroz foi feliz no azar contrário. Um autogolo de Aziz Bouhaddouz, no quinto de seis minutos extra, traiu Marrocos e deu a liderança aos iranianos ao fim da ronda.

Marrocos-Irão, 0-1: crónica e filme do jogo

Castigo pesado para uma seleção que mostrou mais argumentos, mas saiu sem pontos. Primeira vitória do Irão em Mundiais nos últimos 20 anos. A primeira de Queiroz na fase final com aquela seleção.

A começar o dia, o fecho do grupo A e o Uruguai a igualar os três pontos da Rússia. A pirâmide resistiu às «bombas» de Cavani, mas não à cabeça de Giménez. O defesa foi à área e desviou após livre para o 1-0 final, ao minuto 90.

Egito-Uruguai, 0-1: crónica e filme do jogo

Isto perante um Egito refém da estrela Mohamed Salah, que Cúper ainda guardou no banco por precaução física após a lesão na final da Liga dos Campeões. Os sul-americanos entram a vencer num Mundial… 48 anos depois.

A FIGURA DO DIA – Cristiano Ronaldo. É (mais que) preponderante. Faz a diferença. Portugal a ele deve o empate ante o país vizinho. Um hat-trick, no qual arrancou o penálti e o livre depois apontados, pelo meio com a potência do pé esquerdo a deixar De Gea mal na fotografia. Em 90 minutos, igualou o total de três golos que marcou nas edições anteriores de Mundiais: 2006, 2010, 2014.

A exibição de gala de CR7 obrigou, claro, a atualizar o livro das estatísticas: é o quarto jogador a marcar em quatro fases finais seguidas em Mundiais; apanhou Puskás como o segundo melhor marcador de seleções na história (84). Igualou Pauleta com o segundo golo mais rápido de Portugal em Mundiais.

«Acredito sempre em mim, trabalho para isso, mas quero frisar a resposta da equipa, entrámos a ganhar, depois ficámos em desvantagem, nunca virámos a cara à luta. Jogámos contra uma das favoritas, mas mostrámos que viemos ficar aqui até ao fim», disse, no final.

A FRASE - «Ronaldo é uma sorte para a equipa que o tenha». Fala o seleccionador espanhol, Fernando Hierro, reconhecendo a preponderância do adversário, num jogo que Espanha tinha encaminhada a vitória até Ronaldo completar uma noite histórica a nível pessoal.

IMAGEM – Minuto 88, Cristiano Ronaldo parte para a bola com 3-2 no marcador para Espanha. Parecia ali depositada toda a esperança lusa em recuperar o perdido. Apostas feitas, Cristiano bate. O seu pé direito aplica um arco perfeito na bola. De fora para dentro. A barreira fica para trás. A bola entra e De Gea não reage. Portugal faz o 3-3. Garante um ponto. Sobrenatural? Não. Humano. O resto são festejos e a lista de recordes ou marcas supracitadas.

Até amanhã.