31 dias, 64 jogos e tanto, tanto para recordar. Foi um Mundial cheio de histórias, surpresas e resultados-choque como poucos antes dele. Acabou como há 20 anos, venceu a França para conquistar o segundo título mundial da sua história. Não haverá um novo campeão do Mundo mas a Croácia fica no coração dos que vão recordar para sempre o Rússia 2018.

A final esteve à altura e foi uma espécie de condensado do Mundial. 4-2, a final com mais golos em 52 anos. Os três primeiros golos a partirem de lances de bola parada – os números variam consoante os critérios, mas estão acima dos 40 por cento e fazem deste o Mundial em que eles tiveram mais peso -, um autogolo no Mundial que os teve como nenhum outro, golos em quase todos os jogos menos um (o França-Dinamarca da última jornada da fase de grupos), o VAR com uma palavra decisiva a dizer pela primeira vez na história das finais dos Mundiais.

A crónica do França-Croácia, 4-2

A Croácia entrou com a alma de sempre, sem deixar que pesassem os muitos minutos a mais nas pernas em relação aos rivais. Para aqui chegarem, Modric e companhia jogaram três prolongamentos e dois desempates, portanto no fundo mais de um jogo a mais que o rival. Mas a França adiantou-se num livre com Mandzukic pelo meio, Perisic ainda igualou e depois Griezmann voltou a adiantar os Bleus de pénalti. O 3-1 por Pogba e sobretudo o 4-1, pouco depois, o golo a deixar o nome de Mbappé na final, arrumaram o assunto. Não sem um último fôlego da Croácia, com Mandzukic a aproveitar um disparate de Lloris e a marcar desta vez a contar para o lado certo.

FIGURA DO DIA: Kylian Mbappé. A estrela emergente que o Mundial confirmou. Deixou o seu nome ligado à final com um golo que volta a deixá-lo apenas com Pelé como termo de comparação no que diz respeito a afirmação precoce. Não levou o título de melhor em campo, mas deixa o Luzhniki com o mundo rendido e a antecipar o que ainda virá dali. Campeão do mundo aos 19 anos, talento imenso e a vida inteira pela frente.

FRASE DO DIA: «É bom ver os franceses unidos», disse no fim Hugo Lloris, o capitão da França: «É assim que gostamos de ver o nosso país e o futebol tem esse poder.» Como há 20 anos, foi uma equipa que tem como traço comum a diversidade cultural e social dos seus jogadores a levar a França ao topo do mundo. Como há 20 anos, muito se dirá sobre a mensagem que isso devia passar a uma França dividida entre a integração e o discurso xenófobo. Para já, é positiva, de tão simples. Um país feliz, unido em torno de um momento único.

IMAGEM DO DIA: Honra aos vencidos. É um lugar-comum, mas poucas vezes fez tanto sentido. A guarda de honra que os novos campeões do mundo fizeram aos jogadores da Croácia é o reconhecimento, ainda no relvado onde tudo se decidiu, a uma grande equipa, feita de talento, alma e entusiasmo, até ao fim. A Croácia tornou o Mundial melhor.