«Se eu me chamasse Marrekovic» é uma rubrica do programa televisivo de desporto da TVI24 «Maisfutebol» (sextas-feiras, a partir das 22:00), da autoria de Luís Mateus, e que o próprio transpõe agora para o espaço digital. Criada a partir da frase original do futebolista Tozé Marreco, pretende destacar jovens jogadores portugueses em bom momento e a merecer maior atenção.

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No passado fez muitas promessas que ainda não cumpriu. Boas promessas, mas ainda assim apenas promessas. Já o presente traz algumas dúvidas, ao passar dos 22 anos. Diogo Filipe Costa Rocha é há muitos anos, no mundo do futebol, apenas Rochinha, e só é um perfeito desconhecido para a maioria dos portugueses porque é daqueles que sentiram dificuldades na transição para a idade adulta.

O passado é recheado de bons nomes e experiências, mas ainda assim talvez demasiados nomes e experiências a mais.

No FC Porto até aos juvenis e com a braçadeira de capitão no braço, seguiram-se Feirense, Boavista, e depois o Benfica. Nos encarnados teve direito à camisola 10, a que melhor assentava às suas características, e brilhou nos juniores e, depois, na UEFA Youth League. Durante a caminhada do emblema da Luz até à final perdida para o Barcelona, marcou seis golos – depois do hat-trick frente ao Anderlecht, o último surgiu num penálti à-Panenka que fechou a goleada ao Real Madrid nas meias-finais – e fez cinco assistências.

Os encarnados recompensaram-no com o primeiro contrato profissional, precisamente no mesmo dia em que a grande figura da equipa B, Bernardo Silva, também renovava. O futuro parecia fantástico a 13 de dezembro de 2013.

Rochinha seguiu para o Bolton por empréstimo, mas voltou sem glória. A primeira má experiência deu o mote para o que veio depois. Jogou também ele pelo Benfica B e saiu mais tarde, a título definitivo, para o Standard Liège. Na mão levou um contrato de três anos, mas não o cumpriu na totalidade. Entre jogos pelas reservas e alguns, poucos, pela equipa principal também não se afirmou.

Voltou ao Boavista. A «casa», como sublinhou então.

A primeira temporada trouxe-lhe poucos minutos, mas no início da atual voltou a deixar promessas. Marcou nos dois primeiros jogos da Liga, em Portimão e em casa frente ao Rio Ave, mas o Boavista perdeu ambos. Exibições com qualidade, personalizadas e a deixar um rastro de talento visível.

O golo ao Portimonense:

O golo ao Rio Ave:

Não marcou nas partidas seguintes, e foi perdendo espaço. A mudança de treinador, com a saída de Miguel Leal e a entrada de Jorge Simão, também não parece ter ajudado. Quando parecia embalado para uma boa época, deixou de ser indiscutível.  

Médio criativo, no meio como oito ou dez, ou a partir de uma das faixas, especialmente a esquerda, Rochinha teve vários apontamentos de qualidade para lá dos golos que marcou. Nota-se isso mesmo: que tem qualidade. Rápido, com centro de gravidade baixo, drible fácil, boa visão de jogo e frieza na finalização, apresenta as qualidades necessárias para vingar no futebol português.

Está no tempo de começar a cumprir todas as promessas que faz. Embora não dependa obviamente só dele.