O fim de semana foi de Taça de Portugal. E houve festa. Na primeira vez que entram os clubes da Primeira Liga, aconteceu logo um FC Porto-Sporting. Um dos grandes está fora, mas já lá vou a este jogo.

Na Serra, o Sp. Covilhã vendeu cara a derrota perante o Benfica. Não foi fácil mas Jonas ajudou a resolver. Três golos e classe. Etapa ultrapassada com o Mónaco em mente e agora sem o antigo avançado do Valência. Os utilizados serão outros e este duplo confronto com os comandados de Jardim vai dizer muito sobre a presença do Benfica na Europa.

A Taça tem sempre momentos especiais e alguns foram vividos na Póvoa de Varzim e em Galegos Santa Maria, Barcelos.

Varzim e Santa Maria, equipas do Campeonato Nacional de Seniores, foram os tomba-gigantes desta jornada e eliminaram o Estoril e a Académica respectivamente. Merecem o devido destaque.

Em ligas inferiores poucas vezes têm atenção mas os resultados conseguidos merecem mais do que simples nota. Vítor Paneira e Nuno Sousa são os treinadores que definiram a estratégia e levaram as suas equipas e os seus jogadores a ultrapassar os obstáculos e as dificuldades apresentadas. Nelsinho e Rui Coentrão, pelo Varzim, e Hugo Veiga, pelo Santa Maria, foram os marcadores dos golos e simbolizam aqui as suas equipas. Parabéns.

Uma nota também para o Desportivo das Aves da II Liga que eliminou o Boavista. A perder desde os quatro minutos, deu a volta e marcou quatro golos. Excelente comportamento de Fernando Valente e dos seus jogadores.

Mas o jogo grande desta jornada estava reservado para o Dragão.

Venceu o Sporting, que conseguiu ser mais equipa e aproveitou os erros do FC Porto.

No capítulo táctico Marco Silva venceu no duelo com Julen Lopetegui.

O meio-campo com três elementos do Sporting esteve sempre por cima e em superioridade numérica perante os dois jogadores do meio-campo do FC Porto.

Casemiro e Herrera, e mais tarde Ruben Neves, não conseguiram controlar o meio-campo leonino.

Em inferioridade numérica naquela zona é importante que os restantes jogadores de sector, e de outros, sejam solidários e funcionem como equipa. Lopetegui viu isto com certeza mas nunca alterou a forma de jogar.

Tinha jogadores no onze, e depois nas substituições, para alterar a disposição táctica sem pôr em causa a dinâmica e aquilo que pretendia para o jogo.

Esperava uma outra reacção? Raramente aconteceu.

Apesar de mais uma vez o FC Porto ter tido mais posse de bola (neste jogo 56 por cento quando a média tem sido de 70 por cento) não conseguiu ter a superioridade desejada.

Vimos uma equipa sempre mais organizada e uma outra que, apesar de ter mais qualidade individual, não conseguiu criar, ou ter, um jogo à altura do pretendido.

A incapacidade para, em muitos momentos, controlar uma zona vital como o meio-campo foi uma das razões da derrota do FC Porto. Claro que não foi apenas isto.

Entre outras situações, os erros defensivos e a grande penalidade perdida por Jackson ajudam a definir a exibição.

Mais do que a tão falada rotatividade, são os erros individuais e colectivos que estão a colocar o Porto nesta situação.

São os erros a consequência desta forma de estar de Lopetegui? Não me parece.

Os erros têm sido recorrentes. Apesar de os referir e procurar melhorar, Lopetegui não tem conseguido resolver esta questão e a equipa ressente-se.

A posição na tabela, e o afastamento da Taça de Portugal, são também o reflexo disso.

A personalidade de Lopetegui, e a sua convicção perante o que entende para o jogo da equipa nas diversas competições, não me parece que vá mudar.

Sabe o caminho que quer e tem para percorrer, da carta branca que lhe foi dada.

Não estou a ver que, aquando da construção do plantel e da explicação da ideia de jogo pretendida, todos estes factores tenham ficado por transmitir ao presidente e direção da SAD portista.

Esperavam-se melhores resultados face à qualidade existente? Claro que sim, mas acredito que todos sabem dos riscos inerentes à mudança quase total do plantel e do modelo que está a implementar.

Todos sabemos que em equipa grande, e principalmente se habituadas a ganhar muitas vezes, a pressão aumenta quando as coisas não saem bem. Perante uma exigente plateia, importa voltar rapidamente às vitórias.

Um triunfo esta terça-feira no Dragão coloca o FC Porto no bom caminho para a passagem da fase de grupos. Depois, ganhar em Arouca é obrigatório. Veremos a resposta da equipa e as ideias de Lopetegui.

Do outro lado, o Sporting tem apresentado melhorias e caminha seguro. Nani tem sido o elemento a quem a equipa recorre para criar os desequilíbrios e indicar o caminho e Rui Patrício a segurança que faz a equipa manter-se no trilho.

Marco Silva tem mantido praticamente a base do ano passado. A posição de lateral esquerdo e de defesa central ainda não estão definidas. Jonathan e Paulo Oliveira estão na frente. No meio João Mário entrou de novo e não mais saiu. Já o tinha referido e esperava a afirmação mais cedo. Bom posicionamento, qualidade de passe, gestão do ritmo do jogo e a importância de saber movimentar-se em função das necessidades da equipa.

Este Sporting está melhor e o trabalho de Marco Silva passa por continuar a colocar a equipa a crescer e com capacidade para atingir outros patamares.

Veremos a resposta nesta dupla jornada decisiva da Liga dos Campeões. Pelo meio o Marítimo em casa e a saída até Guimarães vão obrigar a excelente comportamento.

A confiança está lá e a motivação tem que estar sempre presente.